O mistério da causa das dores de Ferreira chegou ao final na terça-feira (10). Sem ter solução após quase dois meses para um incômodo que persistia desde a lesão muscular sofrida no dia 13 de fevereiro contra o Juventude, o jogador realizou uma ultrassonografia no início da manhã que detectou uma hérnia inguinal. O estafe do atacante comunicou ao departamento médico do Grêmio o problema e, ao final da noite, se definiu que a cirurgia será realizada ainda nesta semana para a correção do problema. O responsável pelo procedimento será Marcus Reusch, o mesmo médico que resolveu o problema de Alex, ex-meia do Inter. O tempo de recuperação não foi confirmado, mas deve ser entre 30 e 45 dias.
A rotina do jogador de tratamento, treinos, muita dor e tentativa de voltar aos gramados se iniciou 87 dias atrás, quando Ferreira sofreu lesão de grau 1 no adutor da coxa direita no empate com o Juventude. A partir de então, o atleta nunca mais esteve em condições de atuar sem limitações.
Após realizar o tratamento indicado pelo departamento médico, Ferreira só conseguiu retornar a campo no Gre-Nal de volta das semifinais, dia 23 de março. Mesma época que o departamento médico gremista foi comunicado pelo jogador pela primeira vez de dores na região do abdômen, segundo apurado por GZH. Como foi expulso nos minutos finais do clássico, voltou a ser titular na decisão da Arena contra o Ypiranga. Participou do jogo contra o time de Erechim e das duas primeiras rodadas da Série B, mas ficou de fora da lista de relacionados para o jogo contra o Guarani, no dia 21 de abril. Na época, o clube divulgou em comunicado que o jogador relatou novamente dores no músculo adutor da coxa direita e que não teve lesão detectada em exame de ressonância magnética.
— Os médicos nos passaram que ele está em fase de recuperação, que está se tratando, fazendo fisioterapia. Aliás, eu vejo todos os dias de manhã e, de tarde, ele fazendo trabalho de fisioterapia. Ele está fazendo a parte dele. Mas ele tem uma lesão crônica — disse Denis Abrahão após a partida contra o Cruzeiro no último final de semana.
A possibilidade de hérnia inguinal era uma desconfiança antiga do estafe do jogador como causa das dores na região. O departamento médico do Grêmio foi comunicado no final de março de uma avaliação, o jogador relatou um desconforto que tinha sintomas semelhantes ao caso que foi descoberto no exame. Um membro do departamento de futebol sugeriu ao atleta que a razão do desconforto "poderia ser psicológica".
O Grêmio realizou, ao menos, três exames de ressonância magnética para averiguar a situação da lesão na coxa direita do jogador. Nas avaliações realizadas pelo clube, se detectou apenas a entesite no local. A inflamação que era apontada como causa das dores de Ferreira, mas que foi tratada nos últimos dias por um médico contratado pelo estafe do atleta.
— Nós temos os exames dele. Ele tem uma lesão crônica no músculo adutor. Ele diz que dói. É uma coisa subjetiva. O tratamento que é feito aqui é um só e estava sendo feito — justificou Ciro Simoni, diretor médico do clube.
Segundo informações apuradas por GZH, essa situação da coxa está resolvida após Ferreira decidir buscar uma alternativa médica além das oferecidas pelo departamento médico do clube. O jogador iniciou no dia 26 de abril um tratamento à base de células-tronco. O procedimento é considerado simples.
— Na verdade, o Grêmio não recomendou esse tratamento. É por conta e risco dele. Nós vínhamos fazendo o tratamento. Ele tem uma lesão que segue incomodando e é difícil de resolver. Ele optou por fazer esse tratamento que o Grêmio não faz. Nenhum clube brasileiro faz — afirmou Ciro Simoni.
Em entrevista para GZH na noite de terça-feira, o diretor médico do Grêmio garantiu que a hérnia não apareceu em nenhum dos vários exames de imagem feitos pelo clube e que Ferreira também nunca manifestou para os médicos gremistas a existência de dores no local.
— Foram feitas imagens da região da bacia, do púbis. A origem da dor é no músculo adutor. Nunca em exame nenhum detectou-se a hérnia. Ele tem dores na região do púbis, bem localizada. Minha preocupação maior é não expor o atleta. Estão expondo e estou dizendo que nenhum exame tenha detectado. E nem ele se queixou de dores.
A questão é que o jogador seguiu com dores e se iniciou novamente a busca por um diagnóstico. Em paralelo ao tratamento recomendado pelo clube, Ferreira e seu estafe buscaram a avaliação de um especialista em hérnias e se detectou a gravidade da situação. O Grêmio, em nota, informou que o jogador teria de realizar a cirurgia para correção do problema. O clube, no entanto, garantiu que a lesão não foi detectada anteriormente nos exames realizados e que irá comunicar o prazo de retorno do jogador às atividades.
Em contato com GZH, Marcus Reusch afirmou que será possível estimar a causa e o período que Ferreira convive com o problema após a cirurgia. Mas que o tratamento alternativo buscado pelo estafe do jogador não tem relação com a detecção da hérnia, até pela região de aplicação das injeções não ser a mesma do problema atual.