Durante muitos anos, nem lembro quantos, trabalhei diariamente com o grande David Coimbra, especialmente no Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. Ele tinha algumas características pessoais que o tornavam um jornalista extraordinário.
Mesmo nos mais acirrados debates, ao mesmo tempo que expunha suas ideias, não perdia jamais o controle e mantinha alto nível nas discussões. Mas em um determinado dia, tomamos conhecimento que David estava tomado pelo maldito câncer. Alguém pode pensar que ele se abateu. No entanto, se adonou de uma coragem nunca antes vista e decidiu enfrentar a terrível moléstia. Com dignidade e hombridade, foi com sua família para a cidade norte-americana de Boston submeter-se a um tratamento para o qual era necessário conviver com a coragem, que era uma das suas virtudes.
Lá ficou por nove anos e retornou com a sensação que havia superado seu drama pessoal. A sua capacidade de escrever colunas, livros que publicou mais de uma dezena e participar de consagrados programas de rádio o transformaram num verdadeiro ícone do jornalismo brasileiro.
Embora não abrisse o jogo, inúmeras vezes conversamos sobre o Grêmio, considerando que nós dois éramos gremistas. Estamos todos muito tristes, profundamente abalados com essa perda. Que Deus o receba com o maior carinho do mundo, entendendo que David merece, pois a prática do bem era uma de suas características predominantes.