Uma luta de uma década. Dor, sofrimento, angústia, hospitalizações. Uma soma de situações, todas elas tortuosas. Foram assim os últimos 10 anos de vida de David Coimbra.
As informações dos últimos 60 dias mostravam um quadro terrível. Muito ruim saber que um grande amigo morreu, mas ao mesmo tempo um certo alívio para quem gosta dele: terminou o sofrimento. Nem a morfina estava sendo suficiente para aplacar dores dos últimos tempos.
Uma década de câncer ninguém merece. Mesmo diante da crítica situação que se viu metido, David foi um gigante. Buscou viver em todos os momentos, buscou soluções a todo tempo, trabalhou e se fez importante ao longo deste período. Muita bravura, muita vontade de viver.
Já não tinha a mesma força, seu corpo perdia quilos importantes e ele estava beirando aos 50 kg, eram as informações. Muitas vezes a dor o impediu de tudo, de rir, de chorar, de abraçar, de se alimentar. David foi um forte, um vitorioso. Um talento como poucos.
Sua morte ganhou repercussão nacional. Não gostaria de ver este dia. Apresentei o Sala de Redação ouvindo meus colegas e pessoas ligadas ao esporte me cuidando para não desabar em lágrimas e não conseguir seguir no programa.
No Jornal do Almoço dei depoimento sobre ele como colega, gente, aproveitando a oportunidade que a vida nos deu. Tudo isto representou um dia pesado, cinzento como foi o clima chuvoso, e sem sol.
Claro que fica sua obra, claro que ficam seus ensinamentos, vamos lembrar da sua alegria, da sua camaradagem, mas sentiremos muita falta do David. Estou triste pela sua morte, mas conformado porque ele descansou. Foi muito sofrimento, foi muita dor. Ninguém merece. O câncer consome as pessoas aos poucos, por suas venenosas metástases, doloridas e cruéis.
O Brasil perde um talento. Ficam milhares de colunas que poderão ser lidas mais uma vez, livros que por ele foram escritos. Vou ler alguns novamente para não perder pelo esquecimento esta figura que tanto admirei, que fez companhias maravilhosas no meu trabalho, que me ajudou muitas vezes. Como eu digo sempre: o David foi Demóóóiiissss.
Hoje, as últimas homenagens que podemos fazer. E uma lembrança que contei no ar para Cláudio Toigo, nosso presidente do Grupo RBS: esta empresa tem muitos méritos, mas a forma como cuida de seus funcionários e como acompanha situações delicadas que alguns passam, é a certeza de que trabalhamos numa empresa que nos dá muita tranquilidade.
Eu já precisei da RBS em momentos que tive dificuldades de saúde e nada me foi negado. Pelo contrário, recebi tudo que precisava. Este é um valor que está impregnado entre nossos diretores e eles não abrem mão de ficar ao lado daqueles que prestam seus serviços com ela.