Bem antes de sonhar em levar o Inter ao título mundial, em 2006, ou até mesmo de ser presidente do clube, Fernando Carvalho iniciou uma amizade com David Coimbra. A história foi relatada pelo próprio ex-dirigente colorado, que participou do programa Sala de Redação, na Rádio Gaúcha, para homenagear o jornalista que morreu na manhã desta sexta-feira (27).
— Hoje (sexta) é um dia gris. Ouvi a emoção do Guerrinha, que é a emoção de todos nós pela partida de um amigo querido. Sou amigo do David há muitos anos. Nossa aproximação aconteceu após minha derrota na eleição do Inter, em 1999. Começamos a organizar nosso grupo de conselheiros e, após as reuniões, nós íamos ao Lilliput (bar em Porto Alegre) e o David estava sempre lá. E a gente ficava até 2h ou 3h da manhã conversando sobre futebol, o que fazer ou não, sobre a diferença do Inter para o Grêmio naquela época e, ali, começamos uma relação que veio até hoje — revelou.
Carvalho ainda contou bastidores da amizade, admitindo que recebia conselhos de David:
— Eu me aconselhava com ele. Certa feita, passei a ser difamado por um blog de São Paulo e fiquei muito atormentado com isso. Pensei até em acionar (na Justiça) o blogueiro. Isso faz uns 10 anos. Troquei uma ideia com o David, saímos para conversar e ele me aconselhou da melhor maneira possível para que eu superasse minha aflição, porque não iria alterar o que o blogueiro falava. Então, foi um amigo, uma pessoa com quem eu contei em diversos momentos. Também me aconselhei com ele algumas vezes como presidente do Inter, sobre que manifestações públicas eu deveria dar. Realmente, é uma perda muito grande para todos nós.
Por fim, o ex-dirigente relatou que ambos esqueciam a rivalidade Gre-Nal e, em um dos últimos encontros, David demonstrou apreensão com a situação do Grêmio na Série B.
— Já foi falado que ele era torcedor do Grêmio, né? Na última vez que conversamos, há uns dois ou três meses, ele estava aflito em função da situação do Grêmio. Nós analisamos a cultura de futebol do Grêmio, da época do Oswaldo Rolla, da época do Felipão, depois a transformação que veio com o Roger (Machado) e o Renato (Portaluppi) aprimorando a forma de jogar. E agora o Roger tentando retomar uma forma antiga, porque o cenário que se encontra é de um jogo mais direto, de mais contato físico e força. Essa foi minha última conversa com ele e, hoje (sexta) de manhã, recebi essa notícia triste. Lamento — completou.