Esse Grêmio é diferente dos demais campeões gaúchos da série de conquistas que resultou no penta. Não foi como o de 2018, que fez do Gauchão um objetivo para completar uma era de conquistas. Ou também como o time que sobrou no título invicto de 2019, quando terminou o campeonato com apenas um gol sofrido em 16 jogos. Lembra um pouco as equipes de 2020 e 2021, mas estas conquistas mascararam a decadência de um time envelhecido. O título de 2022 marca o início da recuperação do clube, e também realização da promessa feita pelo técnico Roger Machado, em 2015, quando afirmou que sua equipe iria conquistar uma taça.
Mais do que apenas a equipe, o clube reencontra parte do caminho traçado no início da primeira passagem de Roger.
No momento mais difícil da atual temporada, com o torcedor já machucado pelo rebaixamento, Roger reinventou o time. Após a queda na primeira fase da Copa do Brasil, o empate insosso com o Novo Hamburgo e o domínio do Inter no primeiro Gre-Nal do ano, Roger deu novo rumo para o ano do Grêmio.
A vitória sobre o Ypiranga na última partida da fase de grupos serviu para encontrar o modelo que será a base para a disputa da Série B. E, principalmente, o lugar de Bitello no time. Resgatou Lucas Silva e Campaz e deu sustentação ao time reposicionando Villasanti para o Gre-Nal de ida das semifinais.
O Grêmio acredita que a conquista do Gauchão, mais do que a taça e ampliação da hegemonia local, representa o acerto de rumo de um clube que errou demais em 2021 para sair do tetra e cair no abismo do rebaixamento em alguns meses. Na avaliação do presidente Romildo Bolzan, Roger Machado é personagem central nessa recuperação. A chegada do técnico representou a mudança do time, em sua postura, e culminou com a vitória em um momento de reafirmação para o torcedor.
— Roger encaminhou correções. Formou uma boa base. Trabalhou, organizou e está acreditando que o caminho de um time mais seguro é o caminho que vamos trilhar na Série B — disse Bolzan.
Confirmação
Com o primeiro passo dado de confirmação do novo momento do clube após as boas atuações da reta final do Gauchão, as primeiras rodadas da Série B servirão também como teste para afirmar o modelo com o tripé de meio-campistas e três jogadores no ataque.
— A conquista demonstra esse passo importante que foi dado. Mais do que isso foi a consistência do nosso coletivo. O Ypiranga valorizou muito nossa conquista. Na medida que achamos uma estrutura, podemos colocar o time mais para a frente mudando as peças. Vamos enfrentar na Série B times que nos darão a bola — disse Roger Machado.
Até por essa avaliação de que a Série B apresentará um novo tipo de desafio e com maior grau de dificuldade, a direção entende que os reforços que chegam nesta semana encerram um primeiro ciclo de reformulação.
A expectativa da direção é de que, nesta semana, mais três opções ofensivas estejam à disposição para Roger Machado. Além das contratações de Elkeson e Gabriel Teixeira, Ricardinho também iniciará a semana no grupo principal.
— O primeiro momento foi buscar cinco jogadores, depois nos voltamos para a base para avaliar. Agora temos que ver as necessidades de fazer um elenco mais competitivo. Teremos mais um período de avaliação. Para julho, quando a janela reabrir, teremos situações novas — projetou Bolzan.
Além das contratações buscadas pela direção, o departamento médico também entregará “reforços” para Roger Machado nesta semana. Diego Souza, que ficou como opção para caso de emergência contra o Ypiranga, deve ter condições para enfrentar a Ponte Preta na Série B. Leonardo Gomes volta a treinar com o grupo sem limitações nesta semana após uma lesão muscular que o tirou por dois meses no início do ano. Kannemann espera que possa ser utilizado a partir do início de maio. O time também terá saídas. Diego Churín está de malas prontas para o Atlético-GO, enquanto Jean Pyerre está perto de defender o Avaí em 2022.