Considerado uma das vozes mais sensatas e eloquentes do futebol brasileiro, Roger Machado se pronunciou em relação aos atos de violência ocorridos no sábado (26), antes do Gre-Nal 435, no Beira-Rio. Mesmo após a eliminação do Grêmio na Copa do Brasil para o Mirassol, o treinador não se furtou de analisar o ataque ao ônibus do clube, que acabou deixando o volante Villasanti ferido.
Com uma larga carreira como jogador e com quase uma década como técnico, Roger mostrou-se preocupado e enfatizou que esse tipo de situação é recorrente.
— Esse não é um fato isolado, acontece há muito tempo. Tenho 30 anos de futebol e, pelo menos uma vez por ano, aconteceu com jogador ou treinador. Isso é muito mais do que esporte. O futebol acaba antecipando como a nossa sociedade vai se comportar ali na frente. Por todo o simbolismo da paixão. As paredes do estádio dão a impressão de que tudo é permitido em nome da realidade — analisou.
Até o momento, os torcedores envolvidos no ato não foram identificados. Dois chegaram a ser detidos, mas por falta de provas foram liberados. O comandante gremista acredita que a culpa para que a violência esteja presente nos estádios é compartilhada.
— Nós todos somos responsáveis por isso. Eu não estou disposto a ser vítima, tampouco presenciar uma tragédia anunciada, que sabemos que vai acontecer. Não dá para empurrar a responsabilidade para os outros. Não dá para a polícia e MP dizerem que não houve falha de segurança. E nós do futebol, (precisamos) rever um pouco. Somos adversários, não somos inimigos. Quando a gente extrapola, incita esse tipo de situação. A partir de agora, deixamos nas mãos das autoridades, que todos sejam punidos. E agradecer que o Villa se recupere bem e volta a nos ajudar.
Na quinta-feira (3), uma reunião entre Inter, Grêmio, Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e órgãos de segurança debaterá as ações para o clássico reagendado para 9 de março. Na pauta está a presença de público no Beira-Rio. Não está descartada a realização da partida com portões fechados, medida que não é apoiada pela FGF, ou com torcida única.