A procuradoria do TJD-RS (Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul) abriu um inquérito para investigar o que foi denunciado por Adriel, do Grêmio, após a partida contra o Brasil-Pel. O goleiro registrou um boletim de ocorrência afirmando que foi vítima de ofensas racistas de torcedores do clube pelotense.
A partir da nomeação de um auditor para presidir o inquérito, a procuradoria do Tribunal irá solicitar provas e colher depoimentos, como de Adriel e da assistente Maíra Mastella Moreira, que era a componente da equipe de arbitragem da partida mais próxima do ocorrido, além de reunir as imagens para oferecer a denúncia.
Em seu perfil no Instagram, o goleiro reproduziu um vídeo com um homem imitando um macaco em direção aos jogadores gremistas no Estádio Bento Freitas e descreveu o que aconteceu.
"Fala, pessoal. Desde já, quero que vocês saibam que nunca me posicionei para falar sobre racismo ou qualquer outro tipo de preconceito, mas hoje ouvi muitas ofensas da torcida adversária. Tanto eu, como meus companheiros, e ofensas racistas: 'ei negão, vira servente de pedreiro'. Triste isso. Mas, mais triste ainda é saber que isso vai acontecer de novo, não só aqui, mas no mundo tudo. Está virando palhaçada isso, não basta só protestar, tem de ter medidas drásticas", escreveu o atleta na rede social.
A súmula de Brasil 1 x 1 Grêmio, disponibilizada no site da FGF na tarde desta segunda-feira (31), não apresenta nenhuma observação por parte da arbitragem quanto ao ocorrido, citando apenas as expulsões de Paulo Victor e Hélio Vieira, atacante e dirigente do rubronegro, respectivamente.
Também nesta segunda-feira, o Grêmio protocolou uma manifestação no TJD-RS, enviando o vídeo, o boletim de ocorrência e o depoimento de Adriel, reforçando a intenção do clube em cobrar providências.
— É um caso muito sensível e grave para o Grêmio ficar esperando a decisão da denúncia. Por isso, apresentamos para eles o material, deixando claro que queremos levar isso adiante e abastecer essa possível denúncia — afirmou Henrique Soares, advogado do Grêmio.
Após a partida, o Brasil publicou uma nota reconhecendo "a boa-fé das denúncias feitas por vítimas e se coloca à disposição para auxiliar as autoridades na identificação dos responsáveis".
Caso a procuradoria do TJD-RS entenda que seja realizada a denúncia, o Brasil-Pel deve ser enquadrado no Artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD): "Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência".
A punição mínima pode ser multa de R$ 100 a R$ 100 mil reais. Além disso, a máxima prevê a "perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado da partida" e perda do mando de campo.