Quando eleito presidente do Grêmio no dia 18 de outubro de 2014, é provável que Romildo Bolzan não imaginasse, nem nos melhores sonhos, que se tornaria um dos maiores presidentes da história do clube, mas também não projetava que seria o mandatário responsável por levar o Tricolor ao terceiro rebaixamento da história gremista.
Depois de sete anos à frente do clube, com títulos como Copa do Brasil, Libertadores e Recopa Sul-Americana, Romildo enfrentou, em 2021, algo que nunca tinha passado como presidente do Grêmio.
Ele viu uma equipe favorita ao título minguar durante a disputa do Brasileirão, o que era impensável para um clube com superávit e que não passou por dificuldades financeiras nos últimos anos. GZH separou os momentos que marcaram a trajetória de Romildo à frente do Tricolor. Confira:
A eleição
Em outubro de 2014, Romildo venceu Homero Bellini Júnior e foi eleito o presidente do Grêmio para o biênio 2015/2016. O principal cabo eleitoral do vencedor foi o ex-presidente do clube Fábio Koff, campeão do mundo com o Tricolor, em 1983, e que seria vice de futebol de Romildo no período. O principal ponto da campanha era a compra da gestão da Arena, algo que ainda não ocorreu.
Reformulação financeira
Assim que assumiu o clube, Romildo passou a adotar uma reformulação nas contas do Tricolor. Nos seus primeiros meses, eliminou alguns dos maiores salários do elenco, casos de Marcelo Moreno e Barcos. O clube passou a fazer apenas contratações pontuais e apostar em jogadores da base, como Luan, Pedro Rocha e Everton. O resultado, na sequência, é o superávit que o clube tem tido nos últimos anos.
O futebol que encantou o Brasil, a reeleição e o fim do jejum de títulos
Depois de um período com Felipão no comando da equipe, o pentacampeão do mundo com a Seleção Brasileira deixou o clube. Roger Machado, ídolo e multicampeão no Grêmio, assumiu ainda em 2015. Com Luan, Giuliano, Douglas e companhia, o Tricolor passa a praticar um futebol vistoso. Em setembro de 2016, Roger saiu e Renato Portaluppi foi contratado. Sob a tutela do maior jogador do clube, o Grêmio conquistou a Copa do Brasil e quebrou o jejum de 15 anos sem títulos de expressão. Pouco antes disso, Romildo foi reeleito presidente do Grêmio para o triênio 2017/2018/2019.
La Copa se mira y se toca
Depois do fim do jejum, o Grêmio deu um passo a mais na escalada à confirmação de um dos maiores times do continente. Com o elenco reforçado, encantou a América do Sul da fase de grupos à final da Libertadores, contra o Lanús. Na Argentina, o Tricolor se tornou tricampeão do torneio mais importante do continente, igualando-se ao Santos e ao São Paulo (e agora, ao Palmeiras) como maiores vencedores brasileiros da competição. Sob o comando de Renato, Romildo estava no céu e escrevia o seu nome no hall de maiores presidentes da história do clube.
2018, 2019 e 2020
O Grêmio seguiu sendo protagonista nas competições nacionais e internacionais, mas sem o mesmo brilho que o levou aos títulos de 2016 e 2017. Na Libertadores de 2018, foi eliminado na semifinal pelo River Plate, em plena Arena, em uma partida recheada de polêmicas com o VAR e com o técnico do clube argentino, Marcelo Gallardo. No ano seguinte, voltou à semifinal, mas foi goleado por 5 a 0 pelo Flamengo de Jorge Jesus. Em 2020, caiu nas quartas, com uma goleada do Santos na Vila Belmiro. Em meio às decepções futebolísticas, Romildo foi reeleito por aclamação em 2019 para seu terceiro mandato à frente do clube.
O desgaste dos processos
Com tanto tempo à frente do clube, alguns processos foram se desgastando ao longo do período em que Romildo está no comando do Grêmio. A maior lacuna se deu com a saída de Renato Portaluppi do comando técnico no começo da temporada de 2021. Sem o maior ídolo em campo e na casamata, problemas começaram a aparecer dentro e fora de campo, dando sinais de que Renato era bem mais do que apenas treinador. O ano até começou com o título do Gauchão, mas depois disso o Tricolor sucumbiu ao Independiente del Valle-EQU na fase preliminar da Libertadores e caiu para a LDU-EQU na Sul-Americana. Era um prenúncio do que estava por acontecer no restante da temporada.
Do céu ao rebaixamento
Nem a experiência pelos anos de gestão fizeram com que Romildo encontrasse saídas para o terceiro rebaixamento da história do Grêmio. Em meio a maus resultados dentro de campo, o presidente optou por trocar por duas vezes o treinador (Tiago Nunes saiu para a entrada de Felipão, que deu lugar a Vagner Mancini), trocou o vice de futebol, contratou jogadores do Exterior, mas nada teve efeito. O Tricolor sucumbiu à falta de confiança com as derrotas em sequência, passou todo o campeonato na zona de rebaixamento e voltou à Série B do Brasileirão depois de 16 anos (jogou em 2005, na competição que acabou com a Batalha dos Aflitos).