Não há mais volta. Em 2022, o Grêmio terá de disputar a Série B do Brasileirão. Mesmo com jogadores de renome, pagos em dia e contando com uma das maiores folhas salariais do país, o Tricolor não conseguiu evitar o terceiro rebaixamento de sua história.
GZH recorda agora a trajetória do time que ingressou no Z-4 ainda na segunda rodada e nunca mais conseguiu se recuperar.
1) Surto de covid-19 e estreia com derrota

O Grêmio tinha tudo para iniciar o Brasileirão em alta. Apenas uma semana depois de conquistar o tetracampeonato gaúcho, a equipe então comandada por Tiago Nunes estreou fora de casa, diante de um Ceará que preservava titulares, priorizando o clássico com o Fortaleza, pela Copa do Brasil. O problema é que o Tricolor tinha um adversário interno mais forte. Um surto de covid-19 afastou jogadores importantes, como Diego Souza, Ferreira e Rafinha, além do próprio treinador. Assim, desfalcado, a equipe abriu a competição perdendo por 3 a 2.
2) Demissão de Tiago Nunes

A passagem de Tiago Nunes durou pouco mais de um mês. Escolhido para substituir o ídolo Renato Portaluppi, o jovem treinador chegou a ter um bom início de trabalho, conquistando o título estadual sobre o Inter. No Brasileirão, porém, as coisas não aconteceram da forma como se imaginava. Após disputar sete partidas e não vencer uma única vez, o treinador foi demitido do cargo, deixando o Tricolor com apenas dois pontos conquistados, na lanterna da competição. A despedida se deu na derrota em casa para o Atlético-GO.
3) A volta de Felipão no Gre-Nal

Para tentar deixar a situação incômoda na tabela de classificação, a diretoria recorreu a um velho conhecido. Comandante gremista na vitoriosa década de 1990, Felipão estreou justamente em um Gre-Nal, na Arena. E um dos jovens atletas promovidos por ele à titularidade se tornou o personagem daquela partida: o goleiro Gabriel Chapecó, que garantiu o empate em 0 a 0.
4) Reforços e vitórias que iludiram

Além da troca no comando técnico, o Grêmio identificou que tinha carências no elenco e foi ao mercado. Em menos de um mês, contratou três jogadores estrangeiros: o paraguaio Villasanti e os colombianos Campaz e Borja. As mudanças também se deram na forma da equipe jogar, adotando um estilo mais defensivo, vocacionado aos contra-ataques. Desta forma, conquistou alguns resultados que fizeram o time dar a impressão de que poderia deixar o Z-4. A vitória mais emblemática foi o 1 a 0 sobre o Flamengo, no Maracanã.
5) Fúria e adeus de Maicon

Apesar de uma breve reação no campeonato, o Tricolor seguia falhando na hora de sair do Z-4. Uma das decepções foi vivida diante do Corinthians, na Arena. Porém, uma cena marcou ainda mais do que a derrota por 1 a 0. Em ataque de fúria, Maicon partiu para cima do árbitro, tendo de ser segurado por companheiros ao receber o cartão vermelho.
Dois dias depois, no Rio de Janeiro, o atleta que liderou o vestiário gremista nas conquistas recentes, pediu a seu empresário para que encaminhasse sua rescisão de contrato com o clube. O camisa 8 alegou que não conseguia mais ter uma sequência de jogos por conta de uma séria de lesões musculares e o desligamento foi prontamente aceito pela diretoria.
6) Divergências definem saída de Felipão

Nem mesmo a volta da torcida contribuiu para que o Grêmio promovesse a tão esperada arrancada no Brasileirão. Depois de perder para o Sport e empatar com o Cuiabá em casa, o Tricolor foi à Vila Belmiro encarar o Santos e foi derrotado mais uma vez.
Além da sequência negativa, que culminou com a saída do treinador, circularam nos bastidores a informação de que o elenco vinha tendo divergências com a comissão técnica quanto ao modelo de jogo adotado. O objetivo dos atletas era voltar a ser propositivo.
7) Nova esperança com Vagner Mancini

Afundado na penúltima colocação, o Grêmio resolveu promover uma mudança drástica no vestiário. Para substituir Marcos Herrmann como vice-presidente de futebol chegou Dênis Abrahão, com personalidade forte e discurso de motivação. Para o cargo de treinador, o eleito foi Vagner Mancini, que estava no América-MG. A primeira impressão foi boa: vitória por 3 a 2 sobre o Juventude, na Arena.
8) Invasão e punição

Mais uma vez, o ambiente parecia estar melhorando, mas os resultados dentro de campo deixaram a desejar. Para piorar, a derrota para o Palmeiras veio acompanhada de uma cena de violência na Arena. Após invadirem o gramado pela arquibancada norte, torcedores agrediram seguranças e quebraram equipamentos de transmissão e cabine do VAR.
A situação fez com que o clube fosse denunciado pela Procuradoria do STJD e, por meio de liminar, ficou impedido de ter presença de sua torcida nas rodadas restantes – seja como mandante ou visitante.
9) Golpe duro no Gre-Nal

Sem contar com o apoio de seus torcedores nas arquibancadas, o Grêmio encarou o Gre-Nal no Beira-Rio como um ultimato. A ideia era reproduzir o que havia sido feito em 2003, quando bateu o maior rival e iniciou uma campanha que o livrou do rebaixamento.
Porém, o Tricolor foi derrotado por 1 a 0 e a única reação demonstrada pelos atletas se viu após o apito final, quando Cortez e Thiago Santos, entre outros, partiram para cima de Patrick, que vibrava segurando um caixão com as cores do Grêmio.
10) Bons jogos, mas queda

Na penúltima rodada, o Grêmio perdeu grande chance de diminuir a diferença para os rivais diretos na briga contra o rebaixamento. Em plena Arena Corinthians, o Tricolor jogava bem e saiu na frente, com gol de Diego Souza. Nos minutos finais, porém, um golaço de Renato Augusto empatou o jogo em 1 a 1 e deixou o Grêmio dependendo de resultados paralelos na última rodada. O rebaixamento veio com vitória sobre o Atlético-MG, mas com o Juventude batendo o Corinthians.