O embarque da delegação para Goiânia, na tarde de domingo (24), já indicava o caráter decisivo do jogo desta segunda-feira (25) contra o Atlético-GO. Com a presença de centenas de torcedores no Aeroporto Salgado Filho, proporcionando o famoso "alentaço", o Grêmio deixou Porto Alegre para buscar uma vitória que, enfim, poderá tirá-lo da zona de rebaixamento do Brasileirão após 27 rodadas.
Os resultados de sábado (23) construíram este cenário favorável. A derrota do Santos para o América-MG, em casa, e o empate do Juventude com o Ceará, em Caxias do Sul, deixaram os dois adversários diretos ao alcance na tabela de classificação. Assim, caso vença o rubro-negro goiano, no confronto agendado para as 20h, o Tricolor chegará aos mesmos 29 pontos, ultrapassando-os no número de vitórias (oito contra seis). E, então, restará torcer contra o Sport, que encara o Palmeiras, em São Paulo, também nesta segunda.
— Estamos preocupados é com o Atlético-GO. Claro que olhamos para a tabela, mas nossa preocupação é vencer. De que adianta sair da zona agora e poder voltar na semana que vem? Então, pensamos jogo a jogo. Estamos focados em fazer a pontuação que achamos necessária, que é 44 pontos. Temos que fazer a nossa parte e não nos preocupar com os outros — sentenciou o diretor de futebol Sérgio Vazques.
Além disso, há o entendimento de que o vestiário distensionou a partir da troca da comissão técnica. Com a saída de Felipão e a chegada de Vagner Mancini, os jogadores encontraram um ambiente mais aberto ao diálogo e um profissional afeito ao estilo de jogo que o elenco deseja atuar: com uma marcação mais agressiva e uma ideia mais propositiva, que busca a troca de passes pelo chão.
Claro que o resultado obtido diante do Juventude, na semana passada, também contribuiu para que a semana de treinamentos no CT Luiz Carvalho ganhasse este contorno, tendo como foco único o aprimoramento técnico e físico.
— Viemos de uns dias em que, estando na zona de rebaixamento, o desgaste foi muito maior. Principalmente, mental. Em alguns jogos, tomamos um gol e tivemos que buscar o resultado até o fim. Isso também gera um desgaste e um processo de recuperação mais lenta para o próximo jogo. Chegamos contra o Juventude com um acúmulo muito grande de jogos. Graças a Deus, conseguimos passar esta etapa, ter uma semana para trabalhar e também recuperar os atletas para enfrentarmos o Atlético-GO mais tranquilos e zerados — comentou o preparador físico Reverson Pimentel, em entrevista à Rádio Gaúcha.
O resultado disso se traduziu até mesmo nas redes sociais do clube. Do cotidiano tenso e com informações limitadas até mesmo sobre o boletim médico dos atletas, o Grêmio passou a divulgar vídeos diários, que mostram imagens dos treinamentos e a explicação do que se trata cada atividade realizada.
Evidentemente, a situação está longe de ser resolvida, mas a melhora do clima, e o esboço de uma reação, fez o torcedor abraçar a causa. O apoio também se reproduz em Goiânia. Seja na chegada da delegação ao hotel ou no Estádio Antônio Accioly, na noite desta segunda.
Com a publicação do protocolo da CBF, que autorizou a presença de torcida visitante nos estádios do Brasileirão a partir da 28ª rodada, 480 gremistas poderão se fazer presentes nas arquibancadas em Goiânia. Mesmo sendo minoria se comparados aos donos da casa, os fanáticos tricolores prometem fazer barulho para serem ouvidos no gramado.
— Eu já vinha falando há uns três meses que, assim que liberasse a torcida visitante, eu iria tentar ir ao maior número de jogos possível. Quando saiu o protocolo, comprei as passagens e fiquei dando F5 no site do Atlético-GO até liberar a venda. Sempre gostei de ir a jogo fora de casa. É uma coisa de piá. Fui a todos os jogos da campanha da Libertadores de 2017. Penso que isso influencia. O jogador olha para a arquibancada e pensa: o cara saiu de lá para vir até aqui — diz o jornalista Thiago Greco, que viajou de Gravataí para a capital goiana.
Para que esta história tenha um final feliz, o time precisa corresponder dentro das quatro linhas. Só assim o Grêmio poderá deixar o Z-4 no passado.
Time repetido
Para conquistar sua segunda vitória à frente do Grêmio, o técnico Vagner Mancini deve apostar na mesma escalação que bateu o Juventude, em sua estreia, na Arena. Apesar de ter levado para Goiânia um reforço de peso na delegação.
Recuperado de uma lesão no tornozelo esquerdo, Miguel Borja trabalhou normalmente e foi relacionado para o confronto. O retorno do centroavante, inclusive, ocorre antes do previsto. O departamento médico projetava uma recuperação em quatro semanas, mas o colombiano se colocou à disposição do treinador 20 dias depois de tombar no gramado diante do Sport. Entretanto, como ainda requer de um melhor condicionamento físico, iniciará no banco de reservas.
O mesmo não se pode dizer de Pedro Geromel, que também chegou treinou com bola nos últimos dias. O zagueiro, porém, permaneceu em Porto Alegre, realizando mais alguns dias de atividades para mostrar que está com a fratura no quinto dedo do pé direito totalmente cicatrizada.
— O Geromel por um tempinho maior, porque ficou cinco semanas parado, teve que ficar com o pé imobilizado. Mas todos vão voltar aptos para ajudar a equipe nesta reta final, estando bem fisicamente também. Então, a ideia é que semana que vem a gente zere todo o departamento médico e que todos estejam à disposição — avaliou o preparador físico gremista.
Rival conhecido de Mancini
A virada sobre o líder Atlético-MG, na última rodada, pode até intimidar, mas ela é uma exceção na campanha do Atlético-GO nesta temporada. O time é um dos piores mandantes do campeonato, tendo vencido apenas três dos 13 jogos em casa.
Até mesmo por essa dificuldade em se fazer forte em casa, o técnico Eduardo Barroca foi demitido no final de setembro. E, enquanto a direção busca um substituto no mercado, o auxiliar Eduardo Souza permanece como interino. O profissional de 40 anos, inclusive, estava no clube entre junho e outubro do ano passado, quando Vagner Mancini comandou o vestiário rubro-negro.
— Conhecendo ele, analisando o que o Grêmio fez contra o Juventude, e a nossa equipe quando ele trabalhou aqui, sei que é um treinador que joga para a frente, é agressivo. Então, não acredito que o Grêmio venha jogando atrás, até porque ele sabe da necessidade que tem de vencer para sair da zona de rebaixamento — projetou.
No meio de tabela, os atleticanos tentam manter a distância para quem vem de trás. Portanto, um empate não é visto com maus olhos. Em comparação à última apresentação, a equipe deve sofrer uma única alteração, com o volante Marlon Freitas, curado de lesão no pé, entrando no lugar de Baralhas.