Depois de disputar 14 jogos em 49 dias desde sua volta ao Grêmio, o técnico Luiz Felipe Scolari ganhou duas semanas de treinamentos para aprimorar seu modelo de jogo na missão de afastar o clube do risco de rebaixamento para a Série B. A partir do confronto com o Ceará, domingo (12), na Arena, o treinador tentará mostrar uma equipe mais intensa nas ações, que possa chegar com poucos toques ao gol adversário.
Logo depois da derrota para o Corinthians por 1 a 0, em 28 de agosto — jogo que marcou a expulsão de Maicon, seguida pela saída do ex-capitão do clube —, a comissão técnica, em conjunto com a direção, decidiu dar três dias de folga ao grupo. Depois disso, entre trabalhos de motivação, tentativas de descontrair os jogadores, reuniões e até mesmo a presença de um padre no último sábado, no CT Luiz Carvalho, Felipão vem tentando dar, nos treinos, a cara que quer para a equipe gremista. O principal desafio é melhorar a parte ofensiva. Com apenas 12 gols marcados, o Grêmio tem o segundo pior ataque do Brasileirão. E o pior aproveitamento nos chutes: apenas 32% das finalizações vão no alvo, de acordo com dados do Footstats.
Por conceito, Felipão não é um treinador que costuma montar times com altos índices de posse de bola e que troquem muitos passes. Assim, a maneira treinada para aumentar o poder ofensivo tem sido a busca por rapidez nas jogadas. Os últimos trabalhos no CT Luiz Carvalho tiveram ênfase na marcação mais avançada e na busca por velocidade para definir as jogadas após a retomada. Ou seja: Felipão quer o Grêmio chegando com poucos toques ao gol para aproveitar a defesa adversária ainda desarrumada depois da perda da posse.
Outro ponto trabalhado tem sido a tomada de decisões. Os atletas vem sendo estimulados em relação à velocidade de raciocínio para decidirem de forma mais rápida as ações nas jogadas. Uma análise interna é de que os erros nas finalizações acontecem também por erros na maneira de como os jogadores escolhem definir os lances. Além disso, as jogadas de bola parada mereceram foco. Desde a chegada de Luiz Felipe, o Grêmio não marcou nenhum gol a partir de cruzamento de escanteio ou de cobrança de falta. Os gols de bola parada saíram apenas de pênalti ou em batida de falta direta _ o gol de Vanderson na derrota para o São Paulo, pelo Brasileirão.
Espera
As presenças de Miguel Borja e Mathias Villasanti nas Eliminatórias impediram Felipão de montar, nos treinos, o time titular que pretende mandar a campo para enfrentar o Ceará. O colombiano e o paraguaio se apresentam nesta sexta-feira (10) e serão avaliados. A ideia é contar com ambos desde o apito inicial no domingo.
Felipão tem testado alternativas em uma estratégia que visa também manter o elenco motivado, e não apenas aqueles que serão as primeiras opções da comissão técnica. Pelos trabalhos, são poucos os jogadores com presença confirmada na escalação inicial: Rafinha, Geromel, Thiago Santos e Alisson. Todos os outros postos foram modificados durante a preparação, que se iniciou na semana passada.
No gol, Brenno chegou a ser experimentado, ainda que Gabriel Chapecó venha de bom rendimento. Na zaga, Kannemann já foi utilizado ao lado de Geromel, mas Ruan ganhou chances nas últimas sessões. Vanderson, Guilherme Guedes e Cortez também foram testados pelos lados - por isso, Rafinha está de prontidão para atuar em qualquer lado, mas a tendência é de que inicie na direita.
Sem Villasanti, Thiago Santos e Lucas Silva têm sido os volantes mais utilizados. Lucas Silva ficará no banco caso o paraguaio se apresente em boas condições. Nos trabalhos, Felipão procurou dar entrosamento a Campaz como meia central, mas também testou a equipe com Jean Pyerre. Com Douglas Costa ainda fora, Jhonata Robert pinta como alternativa a Ferreira. Alisson tem seu lugar na equipe, enquanto Diego Souza tem treinado no lugar que deverá ser de Borja no final de semana.