Depois de se despedir dos antigos companheiros de Grêmio no CT Luiz Carvalho na terça-feira (7), Maicon concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira (8) e falou sobre a saída do Tricolor após mais de seis anos vestindo a camisa gremista. Na semana passada, clube e atleta chegaram a um acordo para a rescisão do contrato que se encerraria em dezembro.
Antes da fala do ex-capitão, o presidente Romildo Bolzan aproveitou para homenagear Maicon, relembrando momentos da passagem do volante pelo clube gaúcho. Também foram entregues uma camisa e uma placa comemorativa destacando a trajetória do jogador pelo Grêmio.
— Esses dias chegam. Do ponto de vista do espírito, do legado, de tudo aquilo que foi exemplo, isso jamais vai ser esquecido. Lembro muito do desejo de contar contigo desde 2015. O Grêmio teve um maestro, teve um líder, teve um exemplo técnico e tático, mas também tinha uma liderança que conduzia tudo isso para frente. O Grêmio não teria o esplendor técnico que teve se não fosse contigo. Muito obrigado. Entraste aqui como uma esperança e sai como um ídolo estabelecido — destacou Romildo.
Desde março de 2015, Maicon disputou 248 jogos pelo Grêmio, com 15 gols marcados e 19 assistências. Foram nove títulos conquistados no total, com destaques a Copa do Brasil de 2016, a Libertadores de 2017 e a Recopa Sul-Americana de 2018. Visivelmente emocionado, ele agradeceu pelos momentos vividos no Tricolor.
— Esse momento é muito difícil para mim. Foram quase sete anos. Cheguei em um momento difícil da minha carreira, mas com a confiança de quem poderia chegar e mostrar tudo o que mostrei. Não estou me despedindo. Tenho certeza de que um dia irei voltar. Vim com o sentimento de dar a volta por cima. Era um desafio. Fui feliz demais em ter companheiros que me fizeram aprender muito — ressaltou Maicon.
Confira outros trechos da entrevista
Reconhecimento do torcedor
Quero agradecer a todos aos meus companheiros, todos os funcionários. Às vezes, as pessoas pensam que tudo é fácil. Eu imaginei sair daqui jogando, sendo campeão, e com o estádio cheio, mas não está sendo assim. O que me conforta e saber que quando eu voltei do Rio, os torcedores foram me receber no Aeroporto. Eu tinha medo de como seria a minha despedida, mas percebi que tudo valeu a pena. Peço desculpas por não conseguir ir até o final.
Relação com treinadores
Quero agradecer ao professor Felipão. Com ele eu cheguei e com ele estou saindo. Tenho um carinho muito grande por ele. Eu sempre agradeci a ele por ter me dado a oportunidade (em 2015). Ele me deu a oportunidade de jogar. Esses dias ele falou que eu não era só um atleta dele, mas também um amigo. Isso me deixou muito feliz. Quero agradecer também ao Roger. Ele me fez entender o que era o futebol e crescer como jogador. Ao professor Renato, sem palavras. Foram quase cinco anos de parceria, com um cara que tratava todo mundo com um filho. Ao Tiago Nunes, que mesmo com pouco tempo, também foi um cara muito legal, com ideias bacanas, mas que infelizmente não deu liga aqui.
Futuro da carreira
Já estou fazendo meus contatos no Rio de Janeiro para poder cuidar um pouco do corpo. Ano que vem quero voltar a fazer o que eu mais amo, a única coisa que sei fazer, que é jogar futebol. Espero encontrá-los em outra oportunidade. Mesmo que contra, o carinho vai existir para sempre.
Decisão de rescindir o contrato
Aqui no clube eu tenho uma relação muito transparente. Sempre troquei várias ideias com o presidente, com o Amodeo, com o Herrmann. Em algumas oportunidades, ali perto da Copa do Brasil, a gente já tinha conversado, que se a gente fosse campeão, eu iria parar. Eu estava sofrendo muito com lesões e isso estava me incomodando. E agora, estou desde a primeiro rodada do Brasileirão, com um problema me limitando de treinar e também de atuar no nível de competitividade que é muito alto. Eu não estava conseguindo entregar o que as pessoas esperavam de mim. As coisas saíram um pouco do controle. A situação não estava me fazendo bem, então achamos que seria o momento de encerrar esse ciclo, até para que eu pudesse me cuidar.
Situação do Grêmio no Brasileirão
Creio que, pela qualidade que a nossa equipe tem, as coisas vão melhorar no segundo turno. Converso diariamente com os jogadores e vejo que é isso, o time não deu liga. Temos grandes jogadores, mas as coisas não funcionaram da maneira que a gente queria. Só quem pode sair somos nós jogadores. Eu hoje não estou presente, mas os que ali estão, pode ter certeza que vão lutar até o final para deixar o Grêmio onde ele tem que estar.
Sequência de lesões
Em 2017, eu joguei por quatro meses com meu tendão de aquiles por um fio para arrebentar. E a gente tinha um time em que as coisas estavam funcionando, então era tudo mil maravilhas, as coisas sempre ocorriam muito bem. Como falei, o futebol é de resultados. Se você está ganhando, acaba escondendo um problema ou outro. E quando vive uma fase que não está acostumado, as coisas passam a ser ruins. Eu, de 2019 para cá, já estava começando a ter esse tipo de problema de lesão. Em 2020, também me machuquei bastante, 2021 com mais problemas ainda, sem ter as férias como todo final de ano para você recuperar. Isso acabou me prejudicando ainda mais.
Na torcida pelo ex-companheiros
Me desligar do Grêmio nunca mais vai acontecer, é impossível. Vou voltar para minha casa no Rio de Janeiro, mas vou pedir para pelo menos até o final do ano ficar no grupo do WhatsApp. Ali, posso falar com meus companheiros e com algumas pessoas do estafe, para que de alguma maneira que possa mandar alguma coisa que seja produtivo e possam levar para dentro de campo para que de alguma maneira possa parecer que eu esteja no vestiário.
Rivalidade Gre-Nal
Quanto a provocações, isso faz parte do futebol. Eu estou saindo, mas tem outros jogadores que irão fazer. E do lado deles também. Eu respeito todos os profissionais, mas as cores que eu defendo, eu vou lutar sempre. Aqui é a minha casa. É o clube onde eu mais joguei, onde mais conquistei títulos. Não foi o Maicon quem inventou as provocações. Sempre tive muito respeito. São duas equipes muito grandes. Neste quesito tenho certeza de que defendi o Grêmio muito bem.