Depois de conquistar duas vitórias seguidas pela primeira vez no Campeonato Brasileiro, o Grêmio terá seu desafio mais difícil desde a chegada de Luiz Felipe Scolari. Nesta quarta-feira (25), às 21h30min, o Tricolor vai receber o Flamengo na Arena para o jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. O Rubro-Negro vem a Porto Alegre com um incrível aproveitamento de 86,1% com Renato Portaluppi, mas há exemplos de propostas que conseguiram neutralizar o poderio dos cariocas nesse período de sucesso sob o comando do ídolo gremista.
A partida contra o Grêmio será a 13ª de Renato no Flamengo. Os números do time carioca nos primeiros 12 jogos impressionam. Foram 10 vitórias, com 37 gols marcados e apenas 10 sofridos. A equipe perdeu apenas uma vez, na goleada de 4 a 0 para o Inter, e ficou no empate com o Ceará, no último domingo, ambos compromissos pelo Brasileirão. Estratégias usadas por gaúchos e cearenses podem mostrar o caminho para Felipão frear o time carioca e o Tricolor tentar abrir vantagem no confronto.
O analista tático do site UOL Rodrigo Coutinho observa semelhanças em situações que causaram dificuldade ao Flamengo não apenas contra Inter e Ceará, mas também em partidas que o Rubro-Negro venceu nas últimas semanas.
— Em comum é a coragem para atacar o Flamengo. O Flamengo é um time que vai ficar mais com a bola sempre. Pode enfrentar um Atlético-MG ou Palmeiras e, mesmo assim, vai querer jogar no campo do adversário, mas isso não acontece os 90 minutos. O que o adversário deve fazer assim que recuperar é valorizar a posse. O contra-ataque até pode funcionar em algum momento, mas não se pode rifar logo a bola. É tentar ficar com a bola nesse período e chegar ao campo de ataque com mais gente. O Flamengo tem dificuldade quando precisa marcar perto da própria área — avalia.
Foi observando as dificuldades impostas ao Flamengo nos jogos anteriores que o Ceará moldou sua estratégia para a partida de domingo. Auxiliar técnico de Guto Ferreira no Alvinegro, o ex-zagueiro André Luís ressalta que foi fundamental para o time cearense ter uma saída qualificada pelo chão para romper a primeira marcação rubro-negra após a perda da bola.
— Tivemos a semana inteira para trabalhar e treinamos essas situações que sabíamos que seriam importantes no jogo. Você precisa ser agressivo com a bola. Se o teu time não atacar, cai dentro daquilo que o Flamengo quer. O Flamengo quer que o adversário fique marcando atrás, fazendo linha baixa e esperando. Nós procuramos agredir quando tínhamos a bola, não ficamos apenas marcando — ressalta.
André Luís explica ainda que um dos pontos fortes do Flamengo, a aproximação dos jogadores no setor da bola para criar jogadas, pode ser usado como contraveneno.
— Eles jogam muito por aproximação, fazem um jogo apoiado e avançam com os dois laterais para encurralar o adversário empurrando os extremas para trás. Acontece que eles não têm um pós-perda muito forte. Eles perdem a bola e, alguns momentos, não conseguem reagir rápido. Quando você rouba, se tiver condições de sair tabelando de trás, deve fazer. Tentar sair no passe para chegar na frente atacando a última linha. A gente teve jogadores atacando o espaço. É importante o jogador da frente receber no espaço e não a bola no pé— completa.
Contra o Grêmio, Renato Portaluppi contará com os retornos de William Arão e Bruno Henrique, que cumpriram suspensão diante do Ceará, além de Arrascaeta, preservado no Castelão. O lateral-direito Isla pode ser outro reforço. O zagueiro Rodrigo Caio segue como desfalque. Recém contratado, o meio-campista Andreas Pereira tem chance de ficar no banco na Arena.
Três volantes pode ser opção
O fato de Lucas Silva ter sido destaque na vitória de 2 a 0 sobre o Bahia no sábado favorece para que Felipão monte um meio-campo reforçado diante do Flamengo. Isso porque Mathias Villasanti também recebeu elogios do treinador, que voltará a contar com seu homem de confiança Thiago Santos após o camisa 5 ter cumprido suspensão no final de semana. A dificuldade para afirmar um meia na equipe é outro fator que colabora para isso.
No sábado, Douglas Costa atuou centralizado, mas o próprio Felipão explicou que o jogador tem características diferentes das que costuma ter os atletas dessa função.
— Às vezes a gente entende que o armador seja aquele 10 clássico que inverte a bola, recebe, protege e faz um passe curto trabalhando mais na frente dos dois volantes. Começamos com o Douglas Costa e, mesmo sem ele jogar ainda 100% daquilo que imaginamos, armou algumas situações interessantes. Se não temos aquele 10 que pensamos, temos jogadores que fazem coisas diferentes nessa posição e ajudam a equipe. Temos que procurar e explorar as características desses jogadores junto com os outros para que se completem — observou.
Para o analista tático Rodrigo Coutinho, o uso de três volantes deve gerar o encaixe de marcação que Felipão gosta de fazer nos adversários.
— É um encaixe perfeito para o Grêmio. Como o Felipão marca por encaixes individuais e o Flamengo joga com dois volantes e um meia, ele vai casar essa marcação. O Thiago Santos vai pegar o Arrascaeta e Villasanti e Lucas Silva vão se dividir entre Arão e Diego — projeta.
— A questão depois será com a bola. O Thiago Santos não tem características para trabalhar com a posse, mas o Villasanti e Lucas Silva podem fazer isso. Será importante o Rafinha (que deve jogar como lateral esquerdo) aparecer como mais uma opção de retenção de bola —completa.
A escalação de um volante como Thiago Santos foi usada pelo Ceará neste domingo e pode também ser comparada à entrada de Rodrigo Lindoso no Inter naquele 4 a 0 do Maracanã. André Luís aponta que a presença de William Oliveira à frente dos zagueiros proporcionou ao time cearense liberar seus laterais nos momentos de posse de bola, o que causou problemas para a marcação do Flamengo.
— O Ceará não vinha jogando liberando os dois laterais, mas entendemos ser importante a entrada do William Oliveira para termos isso. Ele funcionou como um terceiro homem de defesa para liberarmos os laterais. É importante você preocupar os homens de lado do Flamengo subindo os seus laterais — contou.
Nesse duelo de marcar os pontos fortes do Flamengo, mas não deixar de atacar os fracos que o Grêmio tentará mostrar que pode ainda almejar a classificação para seguir em busca do hexa da Copa do Brasil.
Flamengo com Renato Portaluppi
- 12 jogos
- 10 vitórias
- 1 empate
- 1 derrota
- 86,1% de aproveitamento
- 37 gols marcados
- 10 gols sofridos
*Só não fez gol contra o Inter
*Não sofreu gol em 5 partidas