A chegada de Luiz Felipe Scolari provocou uma mudança na escalação do Grêmio. Sem Thiago Santos (lesionado) como primeiro homem do meio-campo, o treinador apostou em uma promessa da base gremista para assumir a função. Desde o Gre-Nal do último sábado, Fernando Henrique, 20 anos, atua à frente dos zagueiros. No clássico, fez dupla com Bobsin. Diante da LDU, na vitória por 1 a 0, seu parceiro foi Lucas Silva. O time não levou gol e as atuações do jovem foram elogiadas por Felipão.
— Busquei informações com Thiago Gomes (auxiliar técnico) sobre quem poderia fazer aquela função. Ele me disse que o Fernando (Henrique) poderia entrar por ali. Foi muito bem. Lembrei do Gre-Nal de 2014, quando lancei o Walace — disse o técnico após o clássico, fazendo referência ao jogador que, dois anos depois, foi campeão da Copa do Brasil sob o comando de Renato Portaluppi.
O garoto já fez 12 jogos com o elenco profissional nesta temporada, tendo sido usado por Renato e Tiago Nunes (o treinador chegou a liberá-lo para voltar à transição). Além dos jogos pelo Brasileirão e pela Sul-Americana, ele esteve em campo pela Libertadores, pelo Gauchão e pela Recopa Gaúcha. O camisa 42 deve seguir sendo titular na partida contra o Fluminense, no próximo sábado. Aposta da base, ainda em 2020, teve seu contrato ampliado até 2024, com multa de 40 milhões de euros (R$ 242 milhões).
Nascido em Goianinha, no Rio Grande do Norte, mas registrado em São José de Mipibú, Fernando Henrique desembarcou em Porto Alegre no segundo semestre de 2017, vindo do ABC-RN, em um pacote que também tinha o zagueiro Rodrigues e o lateral-esquerdo/volante Jhonata Varela.
— Ele chegou em 2017 e foi adquirido em 2018. Sempre foi um menino técnico e de muita disposição. Vem evoluindo bastante. Participou da Copa São Paulo de 2019, quando ainda tinha 17 anos. Sempre esteve uma categoria à frente da idade dele — conta Francesco Barletta, coordenador das categorias de base do Grêmio.
Fernando Henrique veio para a categoria sub-16 e teve uma rápida adaptação para um garoto que trocou o calor do Rio Grande do Norte pelo frio do Rio Grande do Sul. Ele chegou para preencher uma lacuna na equipe treinada por Airton Fagundes, que não contava com um primeiro volante.
— Não tínhamos competições à época, mas ele chamou atenção pela intensidade, pela facilidade no jogo curto e também pela marcação. Ele tem uma bola longa muito boa e é ambidestro. Tenho certeza que ele vai ajudar bastante. Aos 20 anos, tem muito a aprender também, principalmente com volantes como Maicon, Lucas Silva e Thiago Santos — salienta o primeiro treinador dele no Grêmio, atualmente na categoria sub-17.
O volante foi promovido ao Grupo de Transição no ano passado. Mas a sua passagem na equipe foi muito rápida. Afinal, a primeira aparição do atleta no grupo profissional foi na rodada final do Campeonato Brasileiro de 2020. O então técnico Renato Portaluppi optou por escalar um time de garotos, preservando os titulares, de olho na final da Copa do Brasil contra o Palmeiras. O garoto ficou os 90 minutos no banco.
Em 2021, ele subiu para o grupo principal e começou a acumular mais chances. Como, por exemplo, na Recopa Gaúcha, onde foi eleito o melhor jogador em campo.