Ricardo Viana Filho, atacante do Grêmio, autor do gol da vitória sobre o Ayacucho, em Quito, na última terça-feira (16), é o primeiro centroavante gremista que sobe da base e vai às redes no time principal em seis anos. Antes dele, Lucas Coelho tinha marcado contra o Cascavel, em amistoso na pré-temporada de 2015. O paulista Ricardinho, 19 anos, está no Tricolor desde 2020, ano em que foi artilheiro do time sub-20.
A escassez de centroavantes vindos da base contrasta com a ampla oferta de revelações em outros setores. Desde o início da gestão Romildo Bolzan, em 2015, os volantes Walace e Arthur, e os atacantes de lado Pedro Rocha, Everton, Pepê e Tetê renderam centenas de milhões de reais em vendas aos cofres do clube - e apenas o último não deixou contribuição em títulos dentro de campo. Os centroavantes que vieram da base no mesmo período foram Lucas Coelho, Everaldo e Yuri Mamute, entre 2014 e 2016.
— Acho que é uma mudança do futebol brasileiro. Temos Pedro e Gabigol, entre os mais novos, mas a maioria dos centroavantes já tem mais de 30. É um processo natural — opina Francesco Barletta, coordenador das categorias de base do Grêmio.
Apenas outros três jogadores mais jovens do que Ricardinho fizeram gol pelo Grêmio na Libertadores. O meia Lincoln, aos 17, em 2016, Ronaldinho, aos 18, em 1998, e o companheiro de base de Ricardinho, Guilherme Azevedo, com 19, no jogo da ida contra o Ayacucho, na Arena.
— No Grêmio temos o Diego Souza com muita confiança de todo o elenco e da comissão na sua capacidade na função. Os mais novos que chegam precisam provar, e é importante que tenham sequência para adquirir essa confiança — complementa Barletta, confiante nas oportunidades que Ricardinho terá com Renato Portaluppi.
Contra o Ayacucho, Ricardinho precisou apenas de duas finalizações para marcar seu primeiro gol como profissional. De acordo com o site de análise de desempenho Sofascore.com, o atacante teve a bola em 27 oportunidades, alcançando 68% de passes certos (13 de 19 tentativas), um pouco abaixo da média da equipe na partida (83%).
— É uma posição difícil por si só. Às vezes nem participa direito do jogo, mas tem que estar sempre preparado. Tem cara que não gosta de não receber a bola e ficar esperando só uma oportunidade — justificou Ricardinho, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (18).
Na temporada passada, com o time sub-20, ele fez nove gols em 12 jogos. Antes, se destacou na base do São Paulo entre 2016 e 2019.
— O Ricardo é um menino batalhador e dedicado. Tem muita disciplina, acredito que vai aproveitar bem a oportunidade que está aparecendo no Grêmio. É um atacante que joga centralizado, não tem bola perdida. Vai incomodar muito a defesa adversária — relatou o técnico Orlando Ribeiro, que trabalhou com Ricardinho nas categorias de base do São Paulo, em entrevista a GZH antes da estreia do atleta como titular do Grêmio.
Ricardinho tem contrato com o Grêmio até 2024. O atacante foi relacionado para o jogo contra o Aimoré, na sexta-feira (19), pelo Gauchão. Poderá ser a quarta partida seguida dele pelo Tricolor, aproveitando os dias de folga que o plantel principal tem no começo da temporada.