Formado nas categorias de base do Grêmio, Lucas Coelho luta para retornar ao futebol. Após deixar o clube no começo de 2018, ao fim de seu contrato, o centroavante assinou com o Criciúma por uma temporada. Porém, uma lesão grave no tendão de aquiles interrompeu a passagem do atleta no clube catarinense. Agora, o jogador, antes cotado como uma das principais promessas do Tricolor, faz trabalhos individuais para retomar a forma física e se manter apto para retornar aos gramados.
— Eu fiz uma cirurgia no tendão de aquiles, por isso fiquei muito tempo sem apoiar o pé no chão. Minha perna esquerda atrofiou. Eu tive de fazer uma recuperação muscular e, agora, estou simulando os estímulos musculares que eu normalmente fazia durante uma temporada. O objetivo é, quando retornar a um clube, que eu não precise passar por esse processo. Estarei mais ou menos no nível físico dos outros atletas. Fisicamente, eu já estou 100%. As dores que eu tive, não sinto mais — explicou o atleta.
Natural de Lages, Santa Catarina, Lucas Coelho reside em seu Estado de origem enquanto aguarda uma nova proposta para voltar ao futebol.
— No momento, estou morando em Criciúma. Treinando com profissionais particulares para me manter em forma, caso alguma oportunidade apareça. Meu empresário está à procura de algumas propostas. É difícil, pelo tempo que estou parado, por isso não andou muita coisa. Penso em jogar uma série B, retornar ao mercado e crescer novamente — comentou.
A recuperação de Paolo Guerrero é uma inspiração para o centroavante. Assim como o peruano, Lucas tem trabalhado com o acompanhamento de um treinador pessoal até retornar ao futebol.
— Com certeza, é um caso em que me espelho. Apesar de ele não ter feito uma cirurgia, é uma situação parecida, principalmente pelo tempo parado, aí aparece a desconfiança dos clubes em querer apostar no jogador. Quando o jogador está atuando e aparecendo, é mais fácil para os clubes acreditarem. Do contrário, é difícil. O Guerrero já tem um nome consagrado, é ídolo no seu país, e o Inter apostou nele. A questão é ter alguém que compre a briga e tenha a convicção em cima do nosso trabalho — ressaltou.
A busca por um novo clube empolga o jogador. O sonho de retornar aos gramados é acompanhado por um desejo de provar a todos o seu futebol e o quanto ele pode render dentro do cenário nacional e, quem sabe, internacional.
— Eu sei que tenho muito para mostrar ainda. Tive uma boa base e um bom começo nos profissionais, mas as lesões me atrapalharam um pouco. Vejo que tenho muitas condições de voltar a elite do futebol brasileiro. Espero que isso aconteça. Ninguém desaprende a jogar futebol. Se um jogador estiver bem fisicamente, ele vai render tudo aquilo que pode tecnicamente. Se estiver mal fisicamente, não conseguirá apresentar um bom futebol e perderá a confiança do treinador. Por isso, sigo trabalhando — avaliou.
Em um momento complicado na carreira, Coelho fala sobre o desperdício de oportunidades que existe no futebol nacional. Às vezes, acredita, muitos atletas que estão empregados não dão o devido valor ao que têm em suas mãos. Em busca de uma nova oportunidade e mais maduro, mesmo com apenas 24 anos, comentou sobre o cenário que existe fora dos holofotes do esporte.
— Se formos pensar, quantos jogadores estão na mesma situação que eu, chegaremos a conclusão de que, no Brasil, existem muito mais jogadores sem contratos do que empregados. É importante dar valor quando você está no clube. Tem muita gente que gostaria de estar naquele lugar, tendo a oportunidade. Eu procuro saber onde quero chegar, porque isso será a minha meta. Será meu norte. Sabendo isso, saberei como me preparar para atingir o meu objetivo. Se você não sabe onde você quer chegar, em algum momento, você não dará seu máximo nos treinos e trabalhará sem vontade — refletiu o atleta.
Nos últimos anos, jogadores têm exposto cada vez mais seus problemas psicológicos. Alex e Nilmar, por exemplo, dois atletas que conquistaram muitos títulos, tiveram depressão na reta final de suas carreiras. Nilmar, inclusive, abandonou o futebol devido à doença. Lucas Coelho se apoia na esposa, nos amigos e na fé para se manter focado no objetivo.
— Eu não faço isso sozinho, preciso de ajuda das pessoas que estão ao meu lado. É bom ter as pessoas certas para confiar. Não só para passar a mão na minha cabeça. Mas, sim, para mostrar o que preciso fazer, o que preciso melhorar e dizer onde estou acertando ou errando. Graças a Deus, sou casado e minha esposa me ajuda muito. Tenho muitos amigos que são pessoas do bem, querem meu melhor e não ficam só me elogiando, mas também me mostram onde eu preciso melhorar. Acredito muito que Deus sabe de todas as coisas e nada é por acaso — falou.
O atleta também falou sobre os relacionamentos pessoais. Segundo ele, seu pior momento profissional apresentou a ele o quão importante é ter as pessoas certas para confiar.
— Já estive no outro lado. Fui uma promessa de um grande clube. Estava me destacando, tendo bastante visibilidade e, nessas horas, aparecem muitos amigos. Não quero julgar ninguém, mas quando a gente passa por uma dificuldade só os de verdade estão juntos contigo. Amigos que não estão ali por causa do seu sucesso profissional ou seu bom momento financeiro. Estão ali na hora boa e na hora ruim — desabafou.
Sobre a passagem relâmpago pelo Criciúma, Lucas Coelho prefere não retomar o assunto. Em litígio com o clube catarinense, o atleta está na Justiça em busca de seus direitos, após não ter tido o seu vínculo renovado, após a lesão.
— Como estou em um processo para resolver esta situação, eu não queria passar muitos detalhes. O que eu posso falar é que eu tive a necessidade de fazer uma cirurgia, para curar uma lesão. Nessa procedimento, eu parei seis meses para me recuperar. Após isso, o clube não renovou comigo e agora, juridicamente, estamos resolvendo isso — finalizou o atleta.
Em contato com a reportagem de GaúchaZH, o diretor de futebol do Criciúma, João Carlos Maringá, falou que o clube catarinense cumpriu com todas obrigações que tinha com o jogador. Inclusive, durante a recuperação do atleta, após a cirurgia.