Quando o Grêmio vendeu Everton Cebolinha para o Benfica, em agosto, o sucessor já estava na Arena: Pepê, jogador que muitos gremistas desejavam ver titular atuando ao lado do próprio Cebolinha, mas que só garantiu seu lugar na equipe a partir da saída do atacante da Seleção Brasileira.
Vice-artilheiro do time em 2019, com 13 gols, mesmo sendo titular em apenas 23 dos 51 jogos em que participou, Pepê é observado por clubes europeus especialmente depois de ter disputado o Torneio Pré-Olímpico de 2020, quando marcou três gols em seis atuações — apenas uma como titular.
— Se tiver essa possibilidade de venda, a gente vai ter de avaliar. Nosso desejo não é vender neste momento, mas é um jogador que, pelas informações que nos chegam, é extremamente cobiçado, bem avaliado no cenário europeu — afirmou o presidente Romildo Bolzan Júnior, em conversa com a reportagem de GZH.
Com contrato com o Grêmio até dezembro de 2024, o jogador tem multa rescisória de 150 milhões de euros (R$ 945,2 milhões). As propostas que chegaram à direção gremista na última janela de transferências foram rechaçadas porque o clube recém havia negociado Everton, e a sucessão estava definida.
— O que foi privilegiado naquele momento (janela passada) foi o aspecto técnico, porque o Grêmio tinha uma situação com a venda do Everton e não poderia vender dois jogadores da mesma posição naquele momento —relembra Bolzan.
Como Pepê completa 24 anos em fevereiro e pode desejar uma transferência para o futebol europeu, a postura gremista pode ser diferente desta vez. A ideia inicial da direção é tentar ao menos que o jogador participe do primeiro jogo das finais da Copa do Brasil, marcado para 3 de fevereiro, para liberá-lo na sequência.
A situação dependeria muito do destino do jogador. Na Espanha e na Inglaterra, por exemplo, a janela de transferências será fechada no dia 1º de fevereiro, enquanto em Portugal o período será encerrado no dia 4.
Plano de sucessão
Quando Pedro Rocha saiu, Fernandinho assumiu a posição. Depois, Everton Cebolinha pedia passagem. A linha sucessória da extrema esquerda seguiu com Pepê. E agora?
Dos jogadores do atual elenco, Ferreira é quem mais se assemelha às características de Pepê, mesmo que ainda esteja um pouco distante de atender todos os requisitos que deseja o técnico Renato Portaluppi, que por vezes afirma estar em processo de lapidação do jogador.
Uma grande contratação não está descartada. Porém, os últimos nomes de grande impacto trazidos pelo Grêmio não apresentaram o rendimento esperado e já deixaram Porto Alegre — casos de Marinho, André e Diego Tardelli, por exemplo. Portanto, ainda com um cenário de incertezas, a direção gremista irá aguardar os próximos capítulos e a chegada de uma proposta concreta para avaliar uma possível transferência do camisa 25.
— O Grêmio tem hoje uma série de obrigações, e o mais importante é manter o plantel, o máximo que puder. Esse é o raciocínio, e quanto mais a gente puder agregar situações técnicas (contratações), melhor será para nós. E para isso precisa ter recursos. Nós temos um fluxo financeiro garantido até o mês de março. A premiação da Copa do Brasil não estava prevista e vai nos ajudar em 2021 a fazer manutenção (de elenco). Mas temos de ver os reflexos deste em ano em relação às demais receitas — alerta o presidente Romildo Bolzan, que faz questão de ressaltar que "neste momento não é necessário para o Grêmio vender para sobreviver".
Caso a venda seja concretizada, caberá ao técnico Renato Portaluppi definir se Ferreira já estará pronto até lá ou se haverá a necessidade de trazer um jogador para o setor. Os valores cogitados na Europa para a potencial oferta do Porto giram em torno de 20 milhões de euros (R$ 126 milhões). Deste montante, o Grêmio tem direito a 70% (R$ 88,2 milhões).