O trabalho de Abel Ferreira no Palmeiras não tem nem três meses. O técnico português foi anunciado pelo clube paulista no fim de outubro e chegou a São Paulo no início de novembro. Nesse período, pouco pôde treinar, devido ao acúmulo de jogos, mas conseguiu dar uma cara nova à equipe que era, até então, comandada por Vanderlei Luxemburgo.
Em 20 partidas, foram 13 vitórias, quatro empates e apenas três derrotas — aproveitamento de 71,6%. Mais do que isso, levou a equipe às finais da Libertadores e da Copa do Brasil, além de seguir vivo na briga pelo título do Campeonato Brasileiro.
— Ele tem surpreendido por ser um treinador jovem e em tão pouco tempo ter conseguido fazer o Palmeiras chegar vivo em três competições. Uma temporada que está sendo muito desgastante para o Palmeiras, de pouquíssimos treinos. Ele teve uma semana cheia só de trabalho para poder treinar — destaca o jornalista Tossiro Neto, que acompanha o dia a dia do Palmeiras no portal ge.globo.
De fato, Abel Ferreira é um treinador bastante jovem. Tem apenas 42 anos e faz recém seu terceiro trabalho como técnico de uma equipe profissional. Antes do Palmeiras, passou por Braga, de Portugal, e PAOK, da Grécia. Por lá, inclusive, chamou atenção ao vencer e eliminar o Benfica de Jorge Jesus nos playoffs da Liga dos Campeões, em setembro de 2020.
Mais do que apenas os bons resultados, o treinador conseguiu melhorar coletivamente o time do Palmeiras. Deu sequência a jovens que já estavam jogando, como Gabriel Menino e Patrick de Paula, além de atingir um degrau que o clube não conseguia chegar desde 2000: a final da Libertadores.
— São 21 anos sem chegar a uma final de Libertadores. O Palmeiras está, também, em mais uma decisão de Copa do Brasil. E segue vivo também no Campeonato Brasileiro, com nove pontos atrás do líder, mas dois jogos a menos e com confronto direto ainda por fazer com o São Paulo. Então o Palmeiras segue vivo nas três competição. Portanto, o Abel tem feito um trabalho muito bom, que já é um trabalho marcante. Ele vai ser lembrado, com certeza, por esse feito — destaca Tossiro, que acrescenta que essa será apenas a quinta final do torneio pelo Verdão.
Em entrevista na quinta-feira, após o sorteio do mando de campo das finais da Copa do Brasil, Abel Ferreira fez questão de elogiar técnicos brasileiros como Renato Portaluppi, Tite e Felipão. Fez questão de afirmar que a capacidade do treinador independe da nacionalidade, deixando claro o respeito e admiração pelos profissionais do Brasil.
— A qualidade dos treinadores não tem local, nacionalidade, raça, tem estudo, competência, aprendizagem. O conhecimento está ao alcance de todos, quem quiser se esforçar, aprender, está aí. É preciso esforço. Muitas vezes, não sei como é aqui, mas na Europa e no nosso país há uma tendência enorme de valorizar só o que é de fora. Nós sabemos como é essa vida, a bola entra você é o maior, não entra, o pior. É fazer aquilo que acredita — salientou.
Ainda que tenha lamentado o fato de ter pouco tempo para treinar, dizendo que fez "mais jogos aqui do que em seis meses na Grécia", garantiu que não usará esse argumento como desculpa para qualquer eventual tropeço. Também negou favoritismo ao Palmeiras tanto da Copa do Brasil quanto na Libertadores, e finalizou:
— Se estivéssemos só em uma competição estariam a dizer, agora que estamos, também estão falando. É melhor estar lá. Precisamos usar todos os recursos que temos. O jogador precisa entender que precisamos gerir energia para estar com a força máxima nos jogos. É difícil, muito duro, ainda mais em um contexto de pandemia. Quando me disseram isso não acreditei, teremos que fazer jogos com um dia de intervalo. Mas se tivermos que fazer, vamos fazer. Temos que encarar sem desculpas.
Assim trabalha Abel Ferreira, o técnico que em menos de três meses no Brasil já consegue entrar para a história de um dos grandes clubes do país. Para confirmar a expectativa, ainda precisa de um título. Será que ele vem? Os gremistas esperam que não seja o da Copa do Brasil.