O duelo da noite desta quarta-feira (9) começa a decidir se Grêmio ou Santos avançará às semifinais da Libertadores. Na Arena, a partir das 19h15min, os dois brasileiros dão início a um confronto que põe frente a frente dois dois principais jogadores do futebol do país na temporada: Pepê e Marinho.
Eles jogaram juntos no Tricolor, inclusive. Se nesta noite disputarão, cada um com uma camisa diferente, uma vantagem para o jogo de volta, na Vila Belmiro, na quarta-feira da semana que vem, já concorreram por uma vaga na equipe do técnico Renato Portaluppi.
Marinho foi contratado em junho de 2018 pelo time gaúcho por 2,5 milhões de dólares (cerca de R$ 9 milhões à época) junto ao Changchun Yatai, da China. O atacante, que havia se destacado pelo Vitória, em 2016, chegava para ser uma opção de velocidade pela direita do ataque tricolor, mas não conseguiu se firmar e ganhar a posição de Ramiro e, depois, Alisson, que segue até hoje como o titular gremista na função (só não atuará nesta quarta porque se recupera de lesão).
Do outro lado do ataque estava Everton Cebolinha, indiscutível já àquela altura. Além dele, um jovem franzino e veloz já começa a aparecer no time e ganhar suas primeiras oportunidades. Era Pepê, ainda com 21 anos, e recém dando os primeiros passos como profissional.
A disputa pela reserva imediata do time se deu em 2018 e também no início de 2019, quando os dois chegaram a ficar empatados na artilharia da equipe no Campeonato Gaúcho, com quatro gols cada. E a concorrência entre eles durou até maio, quando Marinho foi negociado com o Santos, onde conseguiu dar a voltar por cima e se consolidou como uma referência da equipe paulista.
— Eles foram reservas juntos no Grêmio em um momento muito diferente da vida de cada um. Marinho não conseguiu ser em Porto Alegre o que é hoje no Santos, o principal jogador do time. O Pepê era um garoto começando a carreira, que conseguiu dar sequência ao que o Everton fazia e manteve o padrão de qualidade. Pepê tem mais futuro, mas o Marinho está, no presente, muito bem — destaca Cléber Machado, narrador do Grupo Globo, que viu os dois em ação no duelo entre Santos e Grêmio na Vila Belmiro, em outubro.
Se no Tricolor o garoto Pepê é um dos protagonistas de um time que se encontrou nos últimos jogos e vem de uma sequência de 16 partidas sem ser derrotado, Marinho é o grande nome da equipe comandada por Cuca. Além do destaque em campo, o camisa 11 santista assumiu posição importante também fora das quatro linhas, tornando-se uma das lideranças do grupo. O problema é que, sem ele, o time cai de rendimento.
— Muita gente não admite isso, mas o Santos vive uma Marinhodepedência. Ele é o protagonista dentro de campo e fora também. Lembro dele no Grêmio, quando errava muito. Ele até deu uma entrevista dizendo que aprendeu muito com o (Jorge) Sampaoli, que treinou o Santos no ano passado. Tem muito do Sampaoli nesse Marinho — conta o repórter Fábio Lázaro, setorista do clube no jornal Lance!.
Não à toa, Marinho faz a melhor temporada de sua carreira. Marcou 20 gols em 2020, um a menos do que fez com a camisa do Vitória, em 2016. A média de gols, porém, é superior neste ano: 0,64 gols por partida contra 0,48 gols por jogo em 2016.
Se há um ponto negativo nesse ótimo momento de Marinho para o Santos é que, quando o atacante não está bem, a equipe tem dificuldade. Foi assim contra a LDU, na semana passada, quando o time foi derrotado por 1 a 0 na Vila Belmiro e classificou graças ao gol fora de cada (havia vencido por 2 a 1 no Equador), e no início do jogo de sábado, no empate em 2 a 2 com o Verdão.
— O Palmeiras foi melhor nos primeiros minutos e o Santos começou a entrar no jogo quando o Marinho acordou. O Viña estava muito bem no apoio, mas quando o Marinho começou a participar mais o lateral palmeirense teve preocupações defensivas e isso foi um problema para o Palmeiras. Marinho está em uma fase excepcional. Ele parte para cima, tenta a jogada individual, está confiante — ressalta Everaldo Marques, narrador do Grupo Globo, que trabalhou no clássico paulista do fim de semana passado.
— Vejo esse confronto com muito equilíbrio. Os dois times estão super bem. Vai ser um jogo legal para quem gosta do bom futebol, talvez o melhor das quartas de final da Libertadores — acrescenta Everaldo Marques.
Para Grêmio e Santos, será a chance de dar um primeiro passo rumo às semifinais. Para Pepê e Marinho, uma espécie de tira-teima da disputa particular entre eles quando conviveram juntos no Tricolor, entre 2018 e 2019. E, para quem gosta de bom futebol, um duelo entre dois gigantes do futebol brasileiro, que têm jogadores capazes de desequilibrar a qualquer momento.
NÚMEROS EM 2020
Pepê
- 39 jogos
- 2.750 minutos
- 13 gols
- 8 assistências
- Participa, em média, de um gol a cada 130 minutos
Marinho
- 31 jogos
- 2.441 minutos
- 20 gols
- 6 assistências
- Participa, em média, de um gol a cada 93 minutos