Um dos grandes nomes do Grêmio nos últimos anos, Maicon é uma das vozes mais ouvidas no contexto gremista, mesmo que não exerça mais a função de capitão durante os jogos. Além de ser peça fundamental em campo, é uma maiores lideranças do vestiário e é apontado como um dos responsáveis pelo crescimento do time em momentos de decisão.
Nesta terça-feira (8), em entrevista coletiva virtual, o volante falou sobre a fase que a equipe vem atravessando com 16 jogos de invencibilidade, crescimento na classificação do Brasileirão e presença assegurada nas semifinais da Copa do Brasil e nas quartas de final da Libertadores.
— Realmente a nossa equipe vem crescendo nos últimos jogos, mas são jogadores diferentes, um ano diferente. O mais importante foi a gente ter dado a volta por cima, porque não estávamos apresentando um bom futebol, por muitas coisas que estavam acontecendo, com jogadores fora e a equipe não estava encontrando o entrosamento ideal como estávamos acostumados. Estamos fazendo agora. Mas temos de ter os pés no chão, tem muita coisa pela frente e precisamos melhorar para manter um alto nível e alcançar os nossos objetivos — disse o camisa 8.
Recentemente, em algumas entrevistas o capitão na conquista da Copa do Brasil de 2016 não se furtou em criticar o momento do time dentro de campo, que segundo ele estava muito abaixo do esperado.
— Não só no nível que eu gostaria e sim como o torcedor, treinador e diretoria gostam também. E quando a gente não está jogando bem isso incomoda bastante e eu não vou esconder. Temos de ser realistas quando isso acontece porque vocês (imprensa) mesmo falam. Evoluímos bastante, mas ainda temos de melhorar muito porque podemos fazer muito mais do que estamos fazendo até agora — avaliou o jogador de 35 anos.
Nesta quarta-feira (9), na Arena, o Grêmio incia contra o Santos uma sequência de partidas decisivas, que podem colocar o clube com chances de disputar os títulos da Libertadores e da Copa do Brasil. Para quem já vestiu a camisa gremista em 222 partidas, com 14 gols marcados, este é um momento muito aguardado.
— Todas as equipes gostariam de estar nesse momento e nós fomos capacitados para chegar aqui. É bom, decisão é sempre importante, nos dá oportunidade de conquistar títulos. Sabemos que vamos enfrentar adversários qualificados (Santos e São Paulo), mas o importante agora é focar no Santos.
Confira outros trechos da entrevista de Maicon:
O que esperar dos confrontos com o Santos?
São dois jogos. Vamos enfrentar uma equipe qualificada, com jogadores que fazem a diferença, com treinador experiente. Precisamos ter foco na primeira partida, não levar gol, porque faz muito diferença para conquistar um bom resultado para o jogo de volta.
Como vê o crescimento dos jovens no time?
Apesar de jovens, são inteligentes, maduros e sabem que estão num bom momento junto com a equipe, mas que tem que manter os pés no chão. Eles vêm ajudando, decidindo jogos, então sabem que a cada partida tem que ser melhor, porque a cobrança vai existir, independente da idade, mas são jogadores de muita qualidade e estão colaborando muito.
Como está sua condição física. Você pode suportar 90 minutos?
Eu tenho trabalhado para suportar o jogo inteiro. O professor tem feito rodízio, a gente não sabe quem vai jogar, eu joguei na última contra o Vasco, pude fazer um bom jogo, mas o mais importante é a qualidade do grupo, independente de quem jogar. Se eu jogar você fazer o que sempre fiz, me entregar o máximo para conseguir uma vitória.
No momento de dificuldade, uns 45 dias atrás, as lideranças do vestiário conversaram sonre o que estava acontecendo?
Não só as lideranças do grupo, mas todos os jogadores tem seu papel. A cobrança é compartilhada por todos, não precisamos expor o que conversamos aqui. Mas sem dúvida, quando as coisas não estão funcionando, nós conversamos bastante, nos cobrando e isso ajuda o grupo a crescer, melhorar e ser vencedor. Não podemos achar que agora, no bom momento, está tudo certo, assim como um, dois meses atrás estava tudo errado porque as coisas não estavam dando certo.
Grandes jogos contra Santos e São Paulo sem a presença de público. O que isso pode influenciar no desempenho?
A torcida não vai estar ao nosso lado e também ao deles. É sempre ruim jogar sem torcida, ainda mais a nossa que faz diferença. Pelo número de jogos que já fizemos, nos acostumamos. Sabemos que não tem como ter torcida, por tudo que está acontecendo nesse momento e precisamos estar concentrados nos jogos para passar de fase.
Jogadores jovens que estão no clube ou já saíram sempre elogiam os teus ensinamentos. Qual o seu papel no crescimento deles?
Eu por ter mais idade que eles, por ter vivido algumas coisas no futebol, procuro orientar pra que eles possam entender as coisas mais rápido, mas o talento é deles. Eu não ensino eles a jogar. Uma palavra de incentivo, dar confiança. Mas o futebol que eles estão jogando é deles, dom. Eu procuro ajudar de uma maneira ou outra. E eles estão procurando gravar o nome na história do clube, assim como o meu, do Arthur, do Jailson e do Walace, que foram campeões aqui.
Disputa com Darlan por um lugar no time.
Aqui a gente não compete. O Grêmio é quem ganha pela qualidade dos nossos jogadores e o torcedor compreende que aqui o jogador que entra vai fazer o melhor para o clube, para o grupo. Todos temos o objetivo de vitórias, de ser campeão. O Darlan tem muita qualidade, está crescendo, fez bons jogos quando fiquei fora. Eu voltei bem, o Matheus está bem, o Lucas também. Não adianta tentar dizer que tem competição aqui, porque o grupo é qualificado e se um está fora o outro entra e joga. Ainda tem o Lucas Araújo, que pode jogar também. São jogadores de muita qualidade e isso facilita muito pro treinador.
Você e Diego Souza são exemplos de jogadores, com mais de 30 anos, que trocaram de função ao longo da carreira. Como isso se deu e a importância disso?
Em outras equipes procurei me encaixar no estilo do treinador. Sempre fui 10, meia-atacante e na minha época a disputa era grande. Eu procurei me adaptar em outra função e me fez crescer muito na carreira. O jogador vai tentando se achar numa função em que ele possa jogar mais do que ele está acostumado e eu tive a felicidade de recuar um pouco e poder corresponder e dar uma alavancada na minha carreira, assim como o Diego. Nós começamos juntos, em 2004, éramos meias, volantes, e hoje e ele é atacante e faz gol toda hora. Sempre se destacou em todas as equipes que jogou, ganhando títulos e eu aqui no Grêmio também. Então a gente busca alternativas para estar sempre evoluindo.