A renovação de contrato com Ferreira será também a assinatura de um tratado de paz. O acordo salarial fez com que o atacante retirasse a ação impetrada na Justiça no início deste ano, que pedia a rescisão do vínculo com o Grêmio. No período de litígio, Athletico-PR e Cruzeiro chegaram a mostrar interesse no futebol do jovem de 22 anos, que definiu sua permanência na Arena.
— Acho que o Grêmio sai ganhando, ele vai ajudar muito o Renato. É habilidoso, tem velocidade, faz gol. É bem parecido com Everton e Pepê. Torço muito para que dê certo — atesta Paulo Baier.
O depoimento do ex-meia é de grande valia, afinal os dois trabalharam juntos em duas oportunidades. Primeiro como companheiros, em 2016, quando Ferreira foi emprestado ao São Luiz, para a disputa da Divisão de Acesso. Depois, em 2018, como comandante e comandado.
— A gente jogou junto quando ele tinha 18 anos e foi um destaque aqui (em Ijuí). Quando virei técnico, o indiquei para o Toledo e ele arrebentou. Foi o melhor jogador naquela época. É um menino muito bom, de caráter, e eu pude ajudá-lo bastante com minha experiência — revela o ex-jogador que, recentemente, foi anunciado como treinador do Próspera-SC.
O torcedor gremista teve uma amostra do potencial de Ferreira quando o viu em ação nas últimas três rodadas do Brasileirão de 2019. Contra o Cruzeiro, ele chegou a balançar as redes na vitória por 2 a 0. Neste ano, mesmo com a perda da Recopa Gaúcha para o Pelotas, nos pênaltis, o atacante foi o destaque do time de transição, anotando o gol do empate no tempo normal. Presente em quatro jogos do Gauchão, entrando no segundo tempo, seria inscrito na Libertadores quando a diretoria entrou em rota de colisão com seu empresário.
Agora, Ferreira corre para recuperar o tempo perdido. Para se credenciar à vaga no lado esquerdo do ataque gremista, ele não terá mais a concorrência de Everton, que acabou vendido ao Benfica, mas terá como concorrentes o homônimo trazido do São Paulo, além de Pepê e Luiz Fernando. Esta, porém, não será a primeira vez que o garoto brigará para readquirir um espaço no Tricolor.
Natural de Dourados-MS, Aldemir dos Santos Ferreira chegou ao Grêmio há seis anos, quando aprovado em uma peneira na sua cidade natal. Desde então, foi emprestado quatro vezes — para São Luiz, Toledo, Cianorte e Aimoré. No último clube, aliás, teve sua passagem dificultada por conta de uma fascite plantar e esteve próximo de ser dispensado do Tricolor.
— Ele não foi titular absoluto no Aimoré. Estava no grupo do técnico Gelson Conte, compôs o banco e entrou no decorrer de duas partidas. Ele também teve um azar de ter uma fascite plantar, teve de se fastar para fazer o tratamento e acabou ficando de fora do resto do Gauchão. Mas, no dia a dia, a gente via que ele era um jogador diferenciado, que tinha uma dinâmica de jogo, velocidade e habilidade. Acho que ele vai ser importante e vai compor bem o plantel do Grêmio — recorda Luis Fernando Fracasso, repórter da Rádio + Independência, de São Leopoldo.
Enfim, Ferreira está de volta. No período em que as competições estiveram paralisadas por conta da pandemia, o jovem realizou os treinos on-line repassados ao time de transição. Além disso, vinha fazendo atividades em uma academia de Porto Alegre, acompanhado de um preparador físico particular.
Com a retomada dos trabalhos no CT Hélio Dourado, em Eldorado do Sul, se reapresentou com o restante do elenco e, na última quarta-feira (9), formou o trio ofensivo com Elias e Da Silva, no jogo-treino com o São José, que terminou empatado por 1 a 1. Após selar oficialmente a paz com a direção gremista, tentará mostrar serviço para encantar Renato Portaluppi, assim como já encantou Paulo Baier no início da carreira.