O tricampeonato gaúcho do Grêmio teve a marca de Diego Souza. Ao longo de todo o Gauchão, o centroavante que desembarcou em Porto Alegre sob desconfiança da torcida mostrou que a aposta feita pelo técnico Renato Portaluppi foi certeira. Apesar da derrota para o Caxias na Arena, o jogador de 35 anos foi decisivo na partida final do campeonato.
Quando pediu sua contratação após passagens apagadas por São Paulo e Botafogo, Renato queria que Diego Souza, que atuou como meio-campista no clube em 2007, chegasse para ser o "homem gol" do time. Ele vem cumprindo essa missão desde sua estreia, ao balançar as redes na goleada sobre o Esportivo, na 4ª rodada do Estadual.
Ausente na primeira partida da decisão, em Caxias do Sul, por uma lesão muscular sofrida uma semana antes, no empate com o Flamengo, pelo Brasileirão, o atacante conseguiu se recuperar a tempo para a final de domingo. Diante da vantagem alcançada com a vitória por 2 a 0 no Estádio Centenário, o título parecia já garantido para o Grêmio. Pois a grande atuação do Caxias mostrou ainda mais a importância de Diego Souza para o time.
O gol marcado pelo centroavante aos 14 minutos da partida - em que mostrou agilidade para pegar o rebote do chute de Everton, dominar, girar e concluir sem chances para Marcelo Pitol - foi decisivo para a conquista do título.
Por mais que a taça levantada com derrota tenha decepcionado os torcedores que acompanharam o jogo de suas casas, o gol de Diego Souza que garantiu o placar agregado de 3 a 2 nas finais tem um simbolismo que ficará com a marca deste 39º Estadual do Grêmio.
— Acreditei muito no meu trabalho. Não fiz mais que minha obrigação, jogo em um dos melhores times do país e sou privilegiado por isso. Tenho de ajudar desta maneira. Agradeço a Deus por ter me dado essa oportunidade de jogar em uma equipe tão vitoriosa e gloriosa. Só tenho agradecer aos meus companheiros, ao Renato e a direção. Tenho de dar o melhor para que esse possa ser o primeiro de muitos títulos —declarou, ainda no gramado da Arena.
Desde sua estreia contra o Esportivo, quando precisou de apenas 12 minutos em campo para marcar seu primeiro gol no retorno ao Tricolor, Diego Souza mostrou a cada rodada a sua importância no ataque gremista, seja para balançar as redes ou fazer o papel de pivô para os companheiros.
Assim, ele foi decisivo nos Gre-Nais. Na semifinal da Taça Ewaldo Poeta, o primeiro turno, marcou nos acréscimos o gol que garantiu a vitória de 1 a 0 sobre o Inter no Beira-Rio. Já na final da Taça Francisco Novelletto, o segundo turno, também pelo alto, deu a assistência para Maicon abrir o caminho para o 2 a 0 do Grêmio no clássico disputado na Arena.
Após a conquista do título, Renato lembrou da conversa que teve com o presidente Romildo Bolzan antes da contratação de Diego Souza e comemorou o sucesso do centroavante em sua volta ao Grêmio.
— Quando eu falei para o presidente sobre o Diego Souza, ele me disse que estava pensando da mesma forma. Conversei com alguns líderes do grupo, como Geromel, Kannemann e Maicon, que pensaram igual. A gente sabia que aqui o Diego iria dar conta do recado porque ia ser abraçado pelo grupo e encontrar uma equipe bem montada. O Diego veio com o pensamento de nos ajudar. Hoje, ele é um dos líderes do grupo e, o mais importante, está fazendo gol — declarou o técnico Renato Portaluppi, que recebeu como presente de Diego Souza a camisa usada pelo artilheiro na decisão.
Diego Souza marcou nove gols em 11 jogos no Campeonato Gaúcho, uma média alta, de 0,81 por partida. Os nove gols lhe garantiram a artilharia do Gauchão, feito que nenhum jogador tricolor havia conquistado desde 2017, com o equatoriano Miller Bolaños.
O Grêmio agora vai em busca de voos maiores na temporada, no Brasileirão, na Copa do Brasil e na Libertadores. Mas o primeiro passo foi dado com o tricampeonato gaúcho, o único título possível no calendário de 2020, com a marca de um ex-meia que faz a função de um legítimo camisa 9.