O futebol vai voltar no Rio Grande do Sul, mas terá de se adaptar à nova realidade. Por conta do risco de contágio do coronavírus, os jogos terão de respeitar alguns protocolos de segurança sanitária. Entre eles, os portões fechados. A primeira experiência neste sentido se dará nesta quarta-feira (22), com o Gre-Nal, válido pelo segundo turno do Gauchão, sendo disputado sem a presença de público nas arquibancadas.
Além disso, após o veto da prefeitura de Porto Alegre, Inter e Grêmio terão de mandar seus jogos em Caxias do Sul. Uma situação que não será novidade na vida dos gremistas.
— É um ambiente muito ruim de jogar. Você não tem atmosfera de futebol. Não tem a essência, que é o torcedor, que te motiva e faz levar o futebol para a frente — comenta Tcheco, ex-meia gremista.
Tcheco viveu na pele esta realidade que será enfrentada pelos jogadores. Em meio ao Brasileirão de 2006, o clube acabou punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) depois que torcedores incendiaram banheiros químicos em um clássico na casa colorada. A pena aplicada naquela ocasião foi a perda de três mandos de campo. Assim, o time comandado por Mano Menezes teve de mandar suas partidas no Estádio Centenário, em Caxias do Sul, com portões fechados. O mesmo cenário da próxima quarta.
— Foi uma situação muito estranha naquela oportunidade. Ainda assim, alguns torcedores conseguiram ver das lajes ou de algum local. Hoje em dia, nem isso vai poder — recorda o antigo camisa 10 tricolor, citando a presença de torcedores nas casas ao lado do estádio e em um barranco atrás de uma das goleiras.
Jogando nestas condições, o Grêmio venceu seus três compromissos. No primeiro confronto, vitória de 2 a 0 contra o Atheltico-PR. Depois, goleada de 4 a 1 no Fortaleza. E, por fim, vitória de 2 a 1 sobre o Cruzeiro. Neste último jogo, inclusive, Tcheco abriu o marcador em um belo chute de fora da área. Depois, cobrou o escanteio para que Ramon decretasse os três pontos para o Tricolor. Apesar disso, ele não guarda boas lembranças daquelas jornadas.
— Sinceramente, não tem como gostar. Aquele silêncio no estádio, ouvindo a voz dos jogadores e treinadores muito claramente... Acho que, sem o torcedor, não tem razão de ter futebol. Exceto agora, na pandemia, que é uma questão de saúde. Mas o ambiente vai ser ruim. Na minha modesta opinião, vai ser um futebol sem alma — conclui o ídolo gremista.
Querendo ou não, este é o "novo normal" a que os jogadores de Grêmio e Inter terão de se acostumar daqui por diante. Sem prazo para tudo voltar a ser como antes da pandemia.