Depois de eleger o melhor time e o maior goleador do Grêmio de todos os tempos, o projeto SuperDupla chega à sua terceira fase: escolher qual o treinador mais importante da história do clube. Nos mesmos moldes, oito técnicos que marcaram em suas épocas foram colocados frente a frente em um cruzamento, como se disputassem um torneio. Comentaristas consultados por GaúchaZH irão votar nos vencedores, até apontar um grande nome.
Nas quartas de final, o confronto terá Foguinho, treinador tetracampeão gaúcho em 1956, 1957, 1958 e 1959, técnico com o maior número de jogos e que também já havia ficado na história gremista como jogador, contra Tite, campeão da Copa do Brasil de 2001. Também terá um duelo entre Valdir Espinosa, campeão da Libertadores e do Mundo em 1983, contra Renato Portaluppi, campeão da Copa do Brasil de 2016, da Libertadores de 2017 e da Recopa Sul-Americana de 2018.
No outro lado da chave, Ênio Andrade, campeão brasileiro com o Tricolor em 1981, terá pela frente Luiz Felipe Scolari, campeão gaúcho, da Copa do Brasil, da Libertadores, da Recopa Sul-Americana e do Brasileirão. Por fim, o último duelo terá Carlos Froner, tricampeão gaúcho com o Grêmio na década de 60, e Mano Menezes, campeão da Série B, naquele jogo que ficou conhecido como "A Batalha dos Aflitos" em 2005.
Quem passa para as semifinais? Foram ouvidos os comentaristas do Grupo RBS Filipe Gamba e Luciano Périco e o comentarista dos canais Sportv Arnaldo Ribeiro. Confira:
Foguinho 2x1 Tite
Filipe Gamba
Foguinho simplesmente muda o Grêmio de patamar entre 1956 e a década de 1960, dando origem a um estilo de jogo implacável que atingiria a hegemonia no futebol gaúcho, conquistando 12 campeonatos em 13 anos e se transformando em uma equipe quase imbatível, alcançando inclusive, uma projeção nacional. Foguinho não esteve em todas as conquistas, mas a sua filosofia de futebol é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores já implementadas no Grêmio. Por isso, Foguinho merece estar entre os quatro maiores treinadores da história do clube. Tite revoluciona a maneira do Grêmio jogar. Promove uma ruptura tática e técnica com a década de 1990, faz do Grêmio de 2001 o melhor futebol do país. Há quem defenda até hoje que o esquema de Tite foi o embrião do esquema adotado por Felipão em 2002, na conquista do pentacampeonato. Entretanto, mesmo com a revolução tática, mesmo com a técnica exuberante, a comparação com Foguinho é desleal para o enorme Adenor Leonardo Bachi. Creio que o próprio Tite entenderia isso.
Luciano Périco
Foguinho. A comparação entre os dois é difícil. Há um distanciamento histórico entre o período em que cada um comandou o time. Tite conquistou um título nacional pelo Grêmio, a Copa do Brasil de 2001. Já Foguinho é figura história do Tricolor. Foi jogador durante 14 anos. Depois atuou como treinador, dando importância a preparação física dos atletas. Cunhou o futebol força que passou a caracterizar a história tricolor.
Arnaldo Ribeiro
Tite. Surgiu como grande treinador para o Brasil no Grêmio de 2001 como um técnico inventivo, inovador, um sistema diferente, um futebol total, que mudou um pouco o conceito do futebol no Brasil. Aquilo já projetou ele para o futebol nacional.
Valdir Espinosa 2x1 Renato Portaluppi
Filipe Gamba
A comparação mais difícil. Renato e Espinosa estão, ao meu ver, entre os três maiores treinadores da história do Grêmio, com Luís Felipe Scolari. De um lado o treinador que deu ao Grêmio o maior título da sua história, tendo Renato como protagonista dentro de campo. De outro um treinador que rompe com o agonizante período de 15 anos sem um título de expressão e leva o Grêmio ao topo da América mais uma vez. Por tudo que significou o mundial de 1983 na história do Grêmio, a mudança de patamar, o ingresso no seleto grupo de times com protagonismo mundial, o feito de Espinosa foi gigantesco, tanto que até hoje o Grêmio não conseguiu conquistar o mundo pela segunda vez. Espinosa e o seu legado são eternos.
Luciano Périco
Valdir Espinosa. Duelo entre criador e criatura. Relação estreita. Espinosa conquistou o maior título da história do Grêmio, tendo Renato como protagonista. Os dois “maiores”: Espinosa, treinador. Renato, jogador. O camisa 7 ainda pode buscar o mestre.
Arnaldo Ribeiro
Renato Portaluppi. A criatura ganha do criador. Talvez ele seja o único exemplar no Brasil de um jogador que tenha sido acima da média como jogador e também como treinador. Guardada as proporções, vamos com calma, uma espécie de Zidane do Real Madrid, que era craque jogando e é um bom técnico. Ele se recicla no Grêmio, forma um time artístico.
Ênio Andrade 0x3 Felipão
Filipe Gamba
Ênio Vargas de Andrade, campeão brasileiro em 1981. Um dos títulos mais emblemáticos da história do Grêmio. Era fundamental conquistar um Campeonato Brasileiro o quanto antes, à medida que o Inter já tinha três conquistas, Ênio Andrade consegue isso e dá início a uma era que seria coroada com os títulos da LIIbertadores e do Mundo, dois anos mais tarde. Ênio Andrade está entre os maiores da história do Grêmio, mas a disputa com Felipão é injusta com Ênio Andrade. Felipão transforma a década de 1990, na década do Grêmio. O Tricolor que conquista o Brasileirão pela segunda vez, repetindo o feito de Ênio Andrade, e faz do Grêmio o dono da América pela segunda vez. Por isso, Felipão.
Luciano Périco
Felipão. Duelo de titãs. Vencedores. Dois grandes treinadores da história. Um das maiores injustiças do futebol foi Ênio Andrade não ter treinado a Seleção Brasileira. Os dois são campeões do Brasileirão pelo Tricolor. Felipão fica na frente do comparativo pela Libertadores de 1995.
Arnaldo Ribeiro
Felipão. A disputa mais equilibrada. Dois caras muito bons, com estilos de jogo diferente, mas voto no Felipão porque marcou época, com um time com uma marca. Ele foi lançado para o futebol brasileiro com o trabalho que fez no Grêmio.
Carlos Froner 0x3 Mano Menezes
Filipe Gamba
Mano Menezes chega ao Grêmio com a missão de reestruturar um clube que estava no fundo do poço, amargando sua segunda passagem pela Segunda Divisão do futebol brasileiro. Se o Grêmio não voltasse para a primeira divisão naquele ano, o futuro seria terrível, afinal, o clube enfrentava enormes dificuldades financeiras, por isso, voltar era uma obrigação. Mano recoloca o Grêmio no seu devido lugar, protagonizando a inesquecível Batalha dos Aflitos e colocando o Tricolor na final da uma Libertadores, em 2007. O trabalho de Mano Menezes é primoroso e foi fundamental para a retomada do Grêmio naquele período. Se por um lado faltou título de expressão, por outro, Mano recolocou o Grêmio na elite do futebol brasileiro e evitou um cenário catastrófico. Capitão Froner era a grande inspiração de Felipão. Um treinador que prezava pela disciplina e não descuidava da marcação. Com o Grêmio, conquistou três títulos estaduais e um vice da Libertadores, assim como Mano Menezes. Mas por tudo que representou a passagem de Mano Menezes pelo Grêmio, fico com Mano.
Luciano Périco
Mano Menezes esteve presente no momento mais difícil da história do Grêmio. A Batalha dos Aflitos é um divisor de águas na história recente do clube. Não podia fracassar. Atingiu o objetivo e entrou para a história.
Arnaldo Ribeiro
Mano Menezes. Foi no Grêmio que ele também faz um trabalho com marca, que o projeta para o cenário nacional. Ele é mais marcante que o Froner. Acho que, atualmente, ele precisaria de um banho de Grêmio para voltar a ser o que era.