O técnico do Bahia, Roger Machado, relembrou o histórico Gre-Nal vencido pelo Grêmio de goleada por 5 a 0 sob o seu comando, em 2015, e revelou um diálogo de beira de campo. Ele conta que os jogadores gremistas diminuíram a intensidade após marcar o terceiro gol. O então treinador chamou o meia Giuliano na linha lateral da Arena e pediu que o time não ficasse "tocando a bola de lado".
— Não faz isso, não toca de lado. Se puder fazer mais gol, faz, mas não desrespeita o adversário assim — revelou, em entrevista ao comunicador do Grupo RBS, Duda Garbi.
O ex-lateral explica com clareza os conceitos de mobilidade, linhas de passes e espaços marcação aplicados por ele, mas não conseguiu escalar uma seleção com os melhores companheiros com quem jogou. A qualidade dos grupos campeões da Libertadores em 1995, Brasileirão de 1996 e Copa do Brasil de 1994 e 2001 fizeram o técnico escapar da pergunta dando como resposta "faz uma mistura entre 2001 e 1995". A resposta foi parecida para escolher qual o maior título da carreira.
— O de 1994 foi o pontapé inicial e o passaporte para a vida adulta — afirma, numerando o grande grupo de jogadores gremistas que assim como ele subiam da base.
Entretanto, diz que todas as outras taças também têm lugar no coração "assim como filhos, não se pode escolher um preferido". A emoção mais marcante aconteceu em 2001, quando ele atuou menos vezes por ter ficado oito meses lesionado.
— Na hora que acabava o jogo era sair de campo e ligar para a família no vestiário. Existia muito um peso que às vezes se sobressaía ao gosto da conquista. O alívio era maior. Em 2001 foi o primeiro que tive um êxtase maior. Porque durante a recuperação do joelho eu corria o risco de até nem jogar mais — comenta.
O técnico do Bahia também relembrou sua passagem como jogador pelo Japão. Roger diz que encontrou na mistura cosmopolita que o futebol do país proporcionava, no final dos anos 1990, as ideias táticas europeias que mudaram sua visão do jogo. Além do desenvolvimento profissional, o treinador relata que viver do outro lado do mundo mostrou a ele outro padrão de vida possível.
— Para eu perder o hábito de parar de olhar para os lados na rua por medo, lá, levou uns seis meses. Depois deste período, sentir-se mais seguro, quando isso passou a ser natural, é uma sensação que não sai da minha memória. Infelizmente, quando tu voltas para o Brasil, tu tens de olhar para os lados, cuidar a hora que entra no carro, onde estaciona e tudo mais — lamenta.