O ano de 1983 foi especial para o Grêmio. Em 28 de julho, o clube conquistou a América pela primeira vez. Passaram-se 136 dias até que, em 11 de dezembro, o clube pintasse o mundo de azul ao vencer o Hamburgo-ALE no Estádio Olímpico de Tóquio. Nestes quase cinco meses, pouca coisa mudou no time comandado por Valdir Espinosa: saiu Tita e chegaram Mário Sérgio e Paulo César Caju.
Camisa 10 do Grêmio no título da Libertadores, Tita decidiu retornar ao Flamengo. Ele estava emprestado ao Tricolor e vislumbrou a possibilidade de, enfim, ser titular e referência técnica da equipe carioca com a saída de Zico para a Udinese-ITA. Por isso, optou pelo retorno ao Rio de Janeiro.
À época, sem internet e facilidade na comunicação como hoje, a maioria dos jornais alemães e japoneses desconhecia a saída de Tita do clube. Tanto que, no material de divulgação da partida contra o Hamburgo, o colocavam como uma das estrelas do Grêmio. Nem mesmo o técnico do clube alemão, o austríaco Ernst Happel, sabia que o jogador não fazia mais parte da equipe gaúcha.
— Eles sabiam pouco ou nada sobre o Grêmio. O Happel tinha visto alguns jogos do Grêmio e havia ficado encantado com o Tita, achava que ele era um dos principais jogadores do time. Ele me perguntou se era mesmo bom jogador e eu disse que sim, mas não contei que já havia saído do Grêmio — recorda Claudio Dienstmann, repórter de Zero Hora à época, que cobriu o Mundial direto do Japão.
Para o lugar de Tita, o técnico Valdir Espinosa pediu a contratação de Mário Sérgio. O meia havia sido campeão brasileiro invicto com o Inter em 1989 e estava na Ponte Preta, que não queria liberá-lo. O jogador precisou convencer o clube campineiro para chegar ao Grêmio única e exclusivamente para disputar o Mundial.
— Confesso que estava louco para voltar a Porto Alegre, mas não imaginava que esse retorno seria tão rápido. Quando o Grêmio fez a proposta, aceitei imediatamente. Afinal, o Espinosa estava interessado, e eu o conheço muito bem. E o Grêmio poderia ser campeão Mundial no final do ano. Qual jogador não quer ser um campeão do mundo? Já que a Seleção não me quis, eu vou tentar agora este título jogando pelo Grêmio — disse Mário Sérgio na semana do jogo, em Tóquio.
O outro reforço foi o ponta-esquerda Paulo César Caju, que já havia jogado no Grêmio e ostentava o título de campeão mundial pela Seleção Brasileira, em 1970. O jogador, inclusive, teve um desentendimento com Renato às vésperas do duelo contra o Hamburgo, mas tudo foi resolvido e Caju deu até mesmo passe para o primeiro gol do camisa 7 na decisão.
As mudanças do Grêmio da Libertadores para o Mundial de 1983:
Saiu: Tita
Chegaram: Mário Sérgio e Paulo César Caju