Com menos recursos pela falta de jogos desde 15 de março, incluindo a redução das verbas de televisão, das receitas de produtos licenciados e sem a perspectiva de venda imediata de jogadores, o Grêmio tenta evitar evasão no quadro social. Com um número de associados na casa de 90 mil, divididos em várias categorias, o clube já sentiu o reflexo da pandemia.
O CEO gremista, Carlos Amodeo, não vê condições de avaliação definitiva, lembrando que, antes da pandemia, o clube teve um mês atípico positivamente em termos de contribuição social:
— O mês de março não teve inadimplência. Ao contrário, houve incremento na receita por conta do Gre-Nal da Libertadores. Houve regularização de muitas situações e novas associações. Em abril houve queda de 10% a 15% em relação à média do primeiro trimestre. Os números de maio estão sendo monitorados, estamos fazendo flexibilização para pagamentos e oferecendo vantagens.
O Grêmio lançou em 5 de maio pacote prevendo vantagens futuras para sócios que pagarem em dia suas mensalidades durante o período em que não houver jogos. O mais recente ponto destas medidas é o desconto de 20% para associados em dia na aquisição das novas camisetas oficiais, lançadas nesta semana. A redução habitual para o quadro social é de 10%. Naquilo que é oferecido pelo clube, não consta redução nos preços das contribuições mensais.
O quadro social representa para o Grêmio aproximadamente R$ 7 milhões por mês e o orçamento do clube prevê o ano fechando com uma receita na casa de R$ 75 milhões. Carlos Amodeo vê como fundamental evitar redução nesta receita. Ele evita falar em números que projetem perdas. Segundo o CEO gremista, um percentual de sócios que deixem de pagar a mensalidade não significa necessariamente o mesmo percentual de redução na arrecadação:
— Há variáveis em função das diversas categorias e valores de mensalidades. Se o Grêmio tiver 20% de acréscimo na inadimplência, não significa que terá o mesmo percentual de redução na receita. Depende da categoria que estará deixando de pagar. Se a maioria for daqueles associados que pagam R$ 35, a perda financeira será menor. Já, se um grupo maior de sócios que pagam mais de R$ 200 deixam de pagar, a arrecadação cairá mais do que 20%.
O esforço do Grêmio para manter fieis os sócios se une a medidas de contenção de gastos como a recente renegociação de salários com jogadores ou a concessão de férias para funcionários. A ideia é fazer o possível para evitar demissões, embora a possibilidade não seja descartada:
— Todos os valores que perdermos em arrecadação teremos que compensar reduzindo despesas em outras áreas. O clube não dispõe de reservas financeiras para fazer frente à quedas de recebimento. O custo de eventuais inadimplências do quadro social determinará a busca de compensações. Pode, se chegar a um limite, chegar à situação de redução de quadro, embora o nosso plano de contingenciamento estratégico preveja evitar demissões. Isto só acontecerá em último caso.
Mesmo reconhecendo a dificuldade para os sócios, Amodeo não esconde que o apelo feito pelo clube visa a manutenção "mínima adequada" para a sobrevivência do clube, incluindo a não redução do quadro funcional. O CEO diz que tudo o que foi oferecido até agora como benefício futuro aos associados, só será adotado quando retornarem jogos com a presença de público, pois há possibilidade de compensações com localização diferenciada no estádio.
— Todo o tempo parado será recompensado para o sócio que estiver em dia — diz Amodeo.