O ano era 1983. O mês, julho. Minha mãe grávida de um bebê de quatro meses ansioso para vir ao mundo e ver o Grêmio jogar. Porque eu já sabia desde a barriga da minha mãe que seria gremista. Não é à toa que nasci no dia em que fomos campeões do Mundo.
Você pode perguntar: 11 de dezembro de 1983, exatamente? Não. Meu aniversário é 10, o dia em que o jogo começou no Brasil.
Deixem-me pensar assim, certo?
O fato é que neste domingo paguei uma dívida que tinha comigo mesmo. Sentei na frente da televisão e apreciei os 90 minutos do jogo em que ganhamos a Libertadores pela primeira vez. Com certa dose de atraso, confirmei histórias que me contavam. A final foi uma guerra.
Recheado de lances fortes, percebi que o jogo era diferente. Mais agressivo, ríspido e até mais desleal. Os uruguaios eram bons de bola. Bem diferente dos times atuais. O jogo aéreo foi um drama. Inclusive no gol do Morena, demos liberdade para eles subirem sozinhos e empatarem.
Mas ali começava a nascer o predestinado que nos levaria a conquistar o mundo. Renato, sim, ele, que décadas depois voltaria como técnico para a gente ser feliz outra vez. Ele criou duas embaixadas e deu um balão para cima numa espécie de “seja o que Deus quiser”. E ele quis. Enquanto a bola viajava, eu, em 1983, dentro da barriga da minha mãe, corri ao lado do César rumo à área. A demora até o destino foi maior do que esperei para nascer. Mas chegou.
Um peixinho perfeito. Quando a bola beijou as redes eu pulei em casa. E pulei lá atrás, na barriga. Com as mãos cerradas comemorei como se fosse inédito. Certo que chutei minha mãe: 2 a 1. Em pouco tempo o juiz apitou e eu, já mais calmo, fiquei esperando a tal cena do De León sangrando. Épico! A história, agora, foi contada inteirinha para mim. Trinta e seis anos depois, paguei a minha dívida, e foi lindo.