Se no futebol masculino o Grêmio montou um gigantesco aparato de prevenção e higienização contra a covid-19, no feminino, a realidade ainda é algo distante. O principal motivo é o campeonato a ser disputado. Enquanto os comandados de Renato Portaluppi readquirem condicionamento físico visando à retomada do Gauchão 2020, as jogadoras vivem a incerteza a respeito do retorno do Brasileirão A1.
O campeonato foi paralisado, e o Tricolor ocupa a sexta posição na tabela, na zona de classificação para os mata-matas. Por conta das longa viagens, incluindo para as regiões Norte e Nordeste, o torneio não tem data para recomeçar. Por isso, por ora, as atletas também não retornarão aos trabalhos no clube.
— A gente deu um período de 30 dias de férias, assim como o futebol masculino. No feminino, nós estávamos começando a disputar o Brasileirão. No mês de maio, elas estão com o contrato suspenso, como diversos funcionários do Grêmio, com o intuito de manter todos os empregos — disse o coordenador geral do futebol feminino do clube, Álvaro Prange.
Os contratos das atletas podem — e, pelo menos por enquanto, devem — continuar suspensos em junho. A partir de julho, o clube avaliará o retorno das jogadoras, que não devem voltar a competir tão cedo.
Por enquanto, a técnica Patrícia Gusmão orienta por videochamada, uma ou duas vezes por semana, treinamentos individualizados para cada uma das jogadoras, de acordo com o que permite a realidade no distanciamento social de cada uma.
— Recomendamos exercícios de acordo com o ambiente em que elas estão. É um treinamento individualizado de acordo com a situação física que a atleta parou e o local em que ela está. Precisamos saber os equipamentos que ela tem, se tem uma área com bola ou não. Elas se reúnem por videochamada uma ou duas vezes por semana — completou Álvaro.
Carlinha, atacante gremista, contou que a realidade é difícil para quem está acostumada à realidade de um clube — por mais que sejam óbvias as diferenças de estrutura em relação ao futebol masculino.
— É bem complicado. Nós recebemos um treinamento e precisamos nos adaptar no espaço que temos em casa. Eu tento fazer o que é pedido. Eu tento me esforçar. Às vezes, bate um desânimo, porque não é a mesma coisa. A gente fica chateada de não poder fazer o que mais gosta, que é jogar futebol — afirmou.