No dia 12 de março, a Dupla escreverá um novo e importante capítulo de sua rivalidade. Pela primeira vez, os dois gigantes de Porto Alegre farão um enfrentamento válido pela Libertadores. Por isso, GaúchaZH recorda Gre-Nais que entraram para a história do clássico.
Em dezembro de 1983, o Grêmio conquistou um título até então inédito para o futebol gaúcho: o Mundial de Clubes, no Japão. Enquanto isso, em Porto Alegre, o zagueiro do Inter, Mauro Galvão, teria provocado:
— Eles podem ser campeões do mundo, mas aqui no Estado, mandamos nós.
A declaração fazia sentido, já que o Colorado havia conquistado os últimos três Campeonatos Gaúchos, mas foi encarada como um desafio pelo atacante gremista Renato Portaluppi, autor dos dois gols da vitória sobre o Hamburgo. Por isso, no dia 26 de janeiro de 1984, foi armado um amistoso no Estádio Olímpico, onde cada uma das equipes entregaria as faixas de campeão ao rival e, de quebra, resolveria quem era o grande vencedor do clássico.
— Na época, cada atleta dava a sua entrevista e não tinha assessoria de imprensa. Aí, foi crescendo aquela ideia. O Mário Sérgio recém tinha mudado de time, tinha sido contratado pelo Inter, então foi um momento bem marcante. Era simbólico. Se nós perdêssemos, eles iriam carimbar a nossa faixa de campeão do mundo. Mas aí o Grêmio fez um baita jogo e foi bem superior — recorda Raul Mendes, lateral-direito do time gremista.
Naquela ocasião, Raul tinha apenas 19 anos e recebeu a missão de preencher a vaga deixada pelo antigo titular, Paulo Roberto, vendido ao São Paulo. Era um dos mais jovens em campo naquela noite.
— O Inter tinha um grande time, com Mauro Galvão e outros jogadores de respeito. O lado esquerdo era muito bom, com Rúben Paz e Silvinho. As equipes eram muito boas — comenta ele.
Os colorados chegaram a sair na frente, com gol de Silvio Hickmann logo aos três minutos. Osvaldo empatou no final do primeiro tempo e, após o intervalo, o Tricolor atropelou o seu tradicional adversário. Renato, Paulo César Magalhães e Caio chegaram a construir um placar de 4 a 1. Nem mesmo o gol de Rúben Paz nos últimos minutos estragou a festa gremista.
— O Renato foi um destaque. Já tinha feito os dois gols do Mundial e fez um gol no Gre-Nal da entrega das faixas. Estava com créditos de sobra com a torcida — sentencia o ex-lateral.
Por isso, Raul se diverte quando algum colorado questiona o título mundial gremista, alegando que não foi organizado pela Fifa.
— O Inter foi testemunha ocular do fato. Eles que entregaram as faixas — brinca Raul.
Ficha técnica:
Gre-Nal 268: Grêmio 4x2 Inter (amistoso de 1984)
Grêmio: João Marcos; Raul (Casemiro), Baidek, De León e Paulo César Magalhães; China, Bonamigo e Osvaldo (Leandro José); Renato, Caio (César) e Júlio César (Luis Carlos Martins). Técnico: Carlos Froner.
Inter: Gilmar; Alves, Mauro Pastor, Mauro Galvão e Beto; Ademir, Müller (Fernando) e Rúben Paz; Silvio (Milton Cruz), Geraldão (Kita) e Silvinho. Técnico: Dino Sani.
Gols: Renato, Osvaldo, Caio, Paulo Cesar; Silvio e Rúben Paz