Será em Cali, na Colômbia, distante cerca de 7 mil quilômetros de Porto Alegre, que o Grêmio iniciará sua trajetória na Libertadores 2020, contra o América, a partir das 21h30min desta terça-feira (3). No Estádio Pascual Guerrero, Renato Portaluppi e seus comandados encontrarão uma torcida apaixonada, um ambiente de pressão e 36 mil torcedores pulando e cantando o tempo inteiro para apoiar um time "salivando" pelo jogo, como disse o técnico Alexandre Guimarães.
Esse clima se deve aos 11 anos em que o América de Cali, uma das maiores potências do futebol colombiano, esteve fora da principal competição entre clubes do continente. O rival tricolor viveu um período difícil, que inclui um rebaixamento à Segunda Divisão nacional e uma seca de títulos que foi encerrada com o título colombiano no ano passado, que classificou a equipe para a Libertadores.
— Acredito que a torcida do América lote o estádio, porque foram 11 anos sem jogar uma Libertadores. Mais do que ganhar, a equipe quer jogar essa competição e ver até onde avança — destaca o jornalista Felipe Espinal, do site Zona Libre, de Cali.
Superada a fase difícil, o América de Cali busca a recuperação no cenário sul-americano. Por isso, a empolgação é evidente. Mas nada que assuste o Grêmio, um time acostumado a jogar Libertadores. A equipe gaúcha vai para sua quinta participação consecutiva, com o tricampeonato em 2017 e duas semifinais em 2018 e 2019.
— Temos um grupo experiente, quase todos os nossos jogadores conhecem a Libertadores. Já sabemos a dificuldade, ainda mais aqui na Colômbia, contra o América, que tem jogadores de muita qualidade. Não será um jogo fácil. Temos a vantagem da experiência, mas eles têm o fator local. O técnico deles sabe bastante sobre o Grêmio — disse Geromel em entrevista coletiva na tarde.
O zagueiro, aliás, voltou a jogar no fim de semana passado, contra o Juventude, depois de se recuperar de uma cirurgia no joelho direito. Por toda a qualidade e experiência que tem, o retorno do capitão do time é considerado fundamental para a partida desta noite.
— Já vi vídeos do América, mas o Renato ainda vai passar mais alguns detalhes. Vamos buscar o melhor resultado possível, e claro que o empate não pode ser descartado — destacou Geromel.
Até mesmo por isso, o Grêmio deverá ir a campo com uma formação mais sólida defensivamente, com Matheus Henrique, Maicon e Lucas Silva juntos no meio-campo. Assim, Thiago Neves seguirá como alternativa para o segundo tempo.
Essa medida tem por base, também, a força ofensiva do adversário. O América de Cali não marcou gols em apenas três dos últimos 35 jogos e é um time que gosta de ter a posse de bola — algo que o Grêmio também é acostumado. E, de acordo com a imprensa local, os principais cuidados que o time de Renato precisa ter são com o artilheiro Michael Rangel e com o habilidoso Duván Vergara.
— É uma equipe que trabalha bem a bola e tem alguns jogadores que podem desequilibrar a partida, como Rangel e Vergara. Mas, defensivamente, não é tão segura. Os laterais marcam mal e o zagueiro Segovia, capitão do time, é lento — salienta Jorge Lozada, repórter da Radio Viva, de Cali.
Na véspera da estreia, o treino do Grêmio teve portões fechados nas dependências do Deportivo Cali, o outro time da cidade. O mistério que seguirá até instantes antes de a bola rolar está na lateral esquerda, com a dúvida entre Caio Henrique e Cortez. O certo, porém, é que Renato e sua equipe terão um jogo difícil pela frente, mas com boas chances de voltar da Colômbia com um bom resultado na bagagem.