O Grêmio inicia nesta terça-feira (3) mais uma Libertadores, a quarta seguida com Renato Portaluppi no comando. A partir das 21h30min, contra o América de Cali, no Estádio Pascual Guerrero, o treinador irá em busca daquilo que mais gosta: troféus. Tanto que, em entrevista exclusiva à reportagem do Grupo RBS, na noite de domingo (1º), no hotel em que a delegação tricolor está concentrada, o técnico contou o que ainda almeja no clube:
— Mais títulos. Sou tarado por títulos.
E, mais do que isso, Renato é um especialista em Libertadores. Afinal, está na seleta galeria dos oito profissionais que conquistaram o torneio como jogador e treinador, ao lado de Luis Cubilla, Roberto Ferreiro, Humberto Machio, José Pastoriza, Nery Pumpido, Juan Martín Mugica e Marcelo Gallardo. Como atleta do Grêmio, foi protagonista no título de 1983. Na casamata, comandou a recuperação do clube, que teve como auge o tri da América, em 2017.
Na entrevista, o técnico falou sobre a busca por reforços, o retorno de Jean Pyerre, como o time chega para a estreia na Libertadores, os Gre-Nais pela fase de grupos e até mesmo o início do trabalho de Eduardo Coudet no Inter. Confira:
O Grêmio está pronto e chega em bom nível para a estreia na Libertadores?
O grupo está bem, apesar de estarmos no início do ano. Mas os jogadores já estão com um bom ritmo de jogo. A gente sabe que a Libertadores é uma competição muito difícil, todo mundo quer ganhar, todos os jogos são dificílimos. Como essa estreia aqui na Colômbia diante do América, que é uma pedreira. Um jogo muito duro. Mas o grupo do Grêmio é bastante experiente, já estamos há muito tempo acostumados com Libertadores. A gente sabe das dificuldades, mas tiramos de exemplo o ano passado, quando não começamos tão bem a Libertadores e depois tivemos de correr atrás do prejuízo para conseguirmos a classificação. Então, terei uma conversa muito séria com o grupo, para lembrá-los da importância de começarmos bem a Libertadores, até porque o nosso primeiro objetivo é de conseguirmos a classificação para a próxima fase.
Sem Jean Pyerre e com Thiago Neves ainda buscando a melhor condição, com quais opções você trabalha para montar o meio-campo do Grêmio?
Tentei, principalmente no Gre-Nal e frente ao Caxias, um esquema de jogo um pouco diferente daquele que a gente vinha jogando. Mas é justamente porque o Jean Pyerre ainda não se encontra nas melhores condições, está há cinco meses sem jogar. O Thiago chegou com uma vontade muito grande, mas também está há muito tempo parado e precisa buscar o melhor condicionamento tanto físico quanto técnico. Então, o meu maior problema hoje não é não querer jogar com um meia, bem pelo contrário. Todos sabem que eu gosto de jogar para frente e ter esse meia. Só que, infelizmente, os dois jogadores que poderiam fazer esse trabalho não estão 100%. Vamos pensar, trocar algumas ideias com uns três, quatro jogadores, como sempre faço, para ver qual seria a melhor formação para estrear aqui na Colômbia na Libertadores, para que a gente já consiga um bom resultado fora de casa.
É a primeira vez que vamos ter Gre-Nal na Libertadores. Acho que está de parabéns o futebol gaúcho e o futebol brasileiro em si
RENATO PORTALUPPI
Técnico do Grêmio
Já tens uma ideia de quando terá o Jean Pyerre à disposição?
Ele tem treinado com o grupo e ao mesmo tempo está recuperando a melhor forma física dele. Na volta da Colômbia vou falar com o jogador, ver se ele já está com confiança de bater na bola com força, chutar, já que até então ele não está com essa confiança toda. Quem vai me dar a resposta para ver se o Jean já pode começar a concentrar e entrar em alguns jogos é o próprio jogador. Essa semana para ele vai ser importante pelo trabalho que nós deixamos lá em Porto Alegre para que seja feito com ele. Na quarta-feira a gente volta e na quinta programei basicamente um coletivo para o pessoal que não vêm jogando, justamente para que a gente possa colocar o Jean Pyerre e ver as suas reais condições.
O que você está achando do nível da Libertadores, e acredita que o Grêmio siga no mesmo patamar, com possibilidade de ir longe?
A gente trabalha para isso. Independentemente do ano, Libertadores é muito difícil. Todo mundo quer esse título. Acima de todas as outras equipes está o Flamengo, pelo investimento que fez, pelas contratações, pelo que vem fazendo nas competições. Sem dúvida alguma é um clube diferenciado. Mas isso não quer dizer que o Flamengo vá ganhar a Libertadores. Todos querem passar de fase. A princípio, o que a gente quer aqui no Grêmio é passar de fase. Não adianta ficarmos pensando no título, porque tem muita coisa pelo caminho, muitos espinhos ainda e a gente tem de ter os pés no chão. Por isso, nosso primeiro objetivo é conquistar a classificação. E nada melhor para isso do que estrearmos bem.
Depois do Gre-Nal pelo Gauchão, você disse que torceria para o Inter passar na Libertadores. Eles avançaram, entraram no mesmo grupo em que está o Grêmio, e teremos pela primeira vez o clássico no torneio continental. O que espera para esses dois jogos?
Estamos muito cansados, porque é uma viagem longa. Foram oito horas e meia mesmo com voo fretado. Imagina se tivéssemos de voltar aqui para a Colômbia para enfrentar o Tolima? Seria muito desgastante. E Gre-Nal é Gre-Nal. Não existe favorito. É a primeira vez que vamos ter Gre-Nal na Libertadores. Acho que está de parabéns o futebol gaúcho e o futebol brasileiro em si. Teremos mais um grande clube nessa fase da Libertadores e mais um clube, no caso o Inter, que tem todas as condições de ganhar a Libertadores.
Sou tarado por títulos. Sempre coloco isso na cabeça do meu grupo, que a gente precisa sempre ganhar. Somos pagos para isso
RENATO PORTALUPPI
Técnico do Grêmio
O que você está achando desse início de trabalho do Eduardo Coudet no Inter?
O trabalho dele está sendo muito bom. É muito difícil para um estrangeiro chegar aqui no Brasil e, de repente, da noite para o dia, mostrar todo o trabalho e competência dele. Você vê aí que no Atlético-MG o treinador não teve essa sorte, muita gente perseguindo também o técnico do Santos. É difícil. Eu me coloco no lugar dele, de daqui a pouco ter de ir para outro país e dar resultados da noite para o dia. É difícil. Você precisa conhecer o seu grupo, o futebol brasileiro, um monte de coisas que acontecem no nosso futebol. Só que, infelizmente, todo mundo quer resultados da noite para o dia. Apesar do pouco tempo que ele está aí, torço por ele. Está fazendo um bom trabalho. Tem o D'Alessandro que é o braço direito dele, digamos assim, e por ser argentino também com certeza tem ajudado bastante o Coudet. Desejo sorte para ele.
Quais são ainda suas metas como treinador do Grêmio?
Mais títulos. Sou tarado por títulos. Sempre coloco isso na cabeça do meu grupo, que a gente precisa sempre ganhar. Somos pagos para isso. Precisamos trabalhar no dia a dia para que possamos chegar nos jogos, buscar as vitórias e, consequentemente, os títulos. Ajudei o clube a conquistar vários e a minha intenção é continuar trabalhando para conquistar mais. Esse é o objetivo. Título nunca é demais. Para mim, sempre é como se fosse o primeiro. Por isso, falo para o meu grupo valorizar bastante, temos de trabalhar, porque temos de dar alegria ao torcedor. E a melhor alegria é ganhar títulos. A gente não pode ficar cansado. Essa palavra nunca vai entrar na minha cabeça. Trabalho para isso, trabalho o grupo para isso. Porque isso faz com que a gente continue escrevendo nosso nome na história. Se você colocar uma faixa no peito, uma foto na parede, vai entrar para a história do clube.