Líder de passes certos e jogador que fica mais tempo com a bola no Grêmio neste início de ano, o capitão Maicon carrega a responsabilidade de ser um elo entre a defesa e o ataque do time desde que chegou a Porto Alegre, em 2015. O sucesso dentro de campo, com direito à braçadeira e taças levantadas, o transformaram em ídolo. Mas nada que impeça as críticas.
No jogo contra o Aimoré, no domingo (9), Maicon foi criticado pelo drible que levou de Isaías, aos 38 minutos da etapa final, no lance do segundo gol da equipe de São Leopoldo. A discussão que surgiu foi a seguinte: ele falhou mesmo ou estava sobrecarregado àquela altura da partida, já que Lucas Silva e Cortez haviam sido substituídos por atletas mais ofensivos? No entendimento de Gavião, ex-volante do Grêmio, houve equívoco coletivo na jogada.
— Se a gente olha o lance todo, é uma sucessão de erros. O Patrick fez um movimento errado de marcação, porque ele poderia ter antecipado o passe. A equipe não pode levar um contra-ataque daqueles no final do jogo. Não vejo culpa do Maicon. Mas é claro que ele fica mais exposto porque não tem a mobilidade de outros tempos — avalia o ex-jogador gremista.
Aliás, esse é outro ponto colocado por torcedores que defendem a saída de Maicon do time titular: a falta de vigor físico. Aos 34 anos, o jogador chegou a revelar no ano passado que atuava com dores. Estava prevista uma cirurgia no joelho esquerdo do volante no início deste ano. Como se reapresentou sem queixas, não foi submetido ao procedimento médico.
— Não tem como enganar em cinco partidas. Tenho feito trabalhos específicos que têm me ajudado bastante. Temos várias competições, nem todos os jogos eu vou jogar, até porque temos um grupo muito qualificado. O importante é que estou me sentindo bem. É um início de ano que me deixa contente — disse o volante após a derrota no Cristo Rei.
Mas, então, se ele se está bem fisicamente, o problema seria a parceria? Lucas Silva tem características semelhantes às de Maicon, com o passe como principal virtude. Os dois estão entre os três que mais roubam bolas no time, com nove desarmes de Maicon e 11 de Lucas Silva. Entre eles, apenas Victor Ferraz, com 10 bolas roubadas em cinco jogos. Ainda assim, na avaliação de Gavião, falta à dupla intensidade quando defende.
— Lucas Silva precisa de ritmo. Ele tem boa qualidade, mas precisa ser mais agressivo na marcação, principalmente quando atua com o Maicon. O Matheus Henrique chega e joga. Vem com moral, conhece os companheiros, então acho que ele entra naturalmente ao lado do Maicon e vai ajudar a equipe no clássico Gre-Nal — ressalta o ex-volante.
Jogando juntos, Maicon e Matheus Henrique têm 31 partidas. Foram 17 vitórias, nove empates e cinco derrotas, com aproveitamento de 64,5%. A parceria funciona bem, na avaliação de quem conhece há mais tempo o capitão gremista, porque o garoto que estava com a seleção sub-23 compensa qualquer deficiência física do veterano.
— Matheus é jovem, tem poder de marcação maior e ótimo vigor. Por isso, acredito que essa seja a dupla que dê mais certo — afirma Milton Cruz, que treinou o camisa 8 no São Paulo.
No Brasileirão do ano passado, nos 15 jogos em que disputou, Maicon acertou 16 desarmes, pouco mais de um por jogo. Foi apenas o 256º no quesito no campeonato. Nem mesmo do Grêmio ele era um dos principais nesta atribuição. Acabou a competição como o 18º jogador do time com mais desarmes, atrás até mesmo dos garotos Rodrigues e Darlan, que tiveram menos tempo em campo.
Em contrapartida, Matheus Henrique foi o segundo maior ladrão de bolas da equipe, com 46 desarmes em 20 jogos — média de 2,3 roubadas de bola por partida.
— O Maicon ajuda na parte defensiva, mas não é um exímio marcador, até porque nunca foi primeiro volante. É um atleta que tem muita qualidade para armar, que acredito que ainda vá jogar em alto nível por algum tempo. Acho que o Grêmio ainda precisa dele como titular, e que ele tem muito a dar ao time — complementa Milton Cruz.