É no mínimo curioso ouvir as críticas de alguns gremistas e de um ou outro colega de imprensa ao goleiro Vanderlei, que fez sua estreia contra o Caxias. Assisti ao jogo perto de torcedores que não conhecia e fiquei ouvindo comentários do tipo "imagina se o Paulo Victor toma um gol desses?", referindo-se ao segundo gol do Caxias, falha de Vanderlei reconhecida por ele e por Renato.
Falha, aliás, que é do jogo. Prefiro que ele erre contra o Caxias do que contra o Flamengo, por exemplo. Mas, antes de sentar a lenha em Vanderlei, como já vejo muitos fazendo, é preciso colocar as coisas em seus devidos lugares.
Paulo Victor assumiu a titularidade no começo de 2019 após a saída de Grohe. No Gauchão, não teve atuações maravilhosas, mas terminou o campeonato consagrado pela grande atuação que teve na final, no Gre-Nal que nos deu o título. Sofria contestação aqui e ali, mas, mesmo sendo um goleiro insuficiente, teve tempo para tentar mostrar a que veio.
Vieram as competições fortes, ele teve muitas falhas, mostrou insegurança e, aí, começaram as críticas mais fortes, com razão. Porém, elas vieram depois que demos um bom tempo para Paulo Victor se ambientar ao time, teve inúmeros jogos para provar sua qualidade. Não deu certo, é do jogo.
Quase desumano
Agora, julgar Vanderlei pela falha em um jogo, ainda mais levando-se em conta que ele estava totalmente sem ritmo de jogo, pois atuou pouco em 2019, é quase desumano. Ele é um baita goleiro, um dos melhores do país. Até pode não dar certo aqui, mas a parte genial da torcida, e da imprensa, que tudo sabem, podia esperar, ao menos, um cinco jogos para crucificá-lo, não é?
Ah, e sobre outro argumento que ouvi, que ele não serve para o clube pois era reserva do Santos, é um argumento tão fraco que nem precisamos perder muito tempo para derrubá-lo. Ele estava na reserva do time paulista por uma decisão exclusiva, e polêmica, de Jorge Sampaoli: o fato de que ele não sabia jogar com os pés.
Até onde sei, ele não foi para a reserva do Santos por motivos técnicos, e era ídolo da torcida nos últimos anos. Mas, aqui na aldeia, é assim: tem (muita) gente que se acha mais realista do que o rei.