A renovação de contrato de Renato Portaluppi com o Grêmio está concluída. Renato pediu um reajuste salarial, e a proposta da direção era de uma quantia um pouco menor. A construção feita foi em cima do ajuste de cláusulas, com bônus por metas, para chegar ao valor pretendido pelo técnico.
Perto do recorde
Prestes a iniciar sua quarta temporada no comando da equipe, o maior ídolo da história de 116 anos do Tricolor poderá tornar-se o treinador com o maior número de jogos pelo time gaúcho.
Hoje, ele é o terceiro nesta lista, com 334 partidas — empatado com Telêmaco Frazão de Lima, que treinou o clube nas décadas de 1930 e 1950. À frente dele, apenas Luiz Felipe Scolari, com 368 jogos, e Oswaldo Rolla, o Foguinho, que lidera o ranking com 378 jogos. Ou seja, faltam 44 confrontos para o atual técnico gremista alcançar este recorde que persiste desde 1976.
Pelo calendário do Grêmio em 2020, é possível projetar quando a marca será batida por Renato. Caso avance em todas as fases do Gauchão, a tendência é de que seja no segundo semestre do ano — nas rodadas finais do primeiro turno do Brasileirão ou nas etapas de mata-mata da Copa do Brasil ou Libertadores.
— É motivo de orgulho para ele. Conseguiu ser o maior ídolo do clube como jogador e, se renovar, poderá ser também o treinador com o maior número de jogos, além das grandes conquistas. São marcas muito grandes — destaca Gerson Oldenburg, mais conhecido como Gauchinho, empresário de Renato.
Este, porém, não é o único número de Renato que impressiona. Ele já é o técnico com mais jogos na Libertadores, no Brasileirão e na Arena pelo Grêmio. Está a quatro partidas de igualar Felipão como o treinador com mais jogos na Copa do Brasil. Há dois anos, ao conquistar o tri da América pela equipe tricolor, também tornou-se o único no país a vencer a principal competição entre clubes do continente como atleta, em 1983, e como treinador, em 2017.
Esses números levam em conta as três passagens de Renato pelo Grêmio como técnico. A primeira delas foi em 2010, quando o então presidente Duda Kroeff, ao lado do vice de futebol Alberto Guerra, o chamou para substituir Silas no comando do clube. Gauchinho conta que, à época, alguns dirigentes não queriam a contratação do ídolo. Mas, no intervalo de uma partida em que o Tricolor perdia para o Fluminense, em casa, em um domingo à tarde, e se afundava na zona de rebaixamento, ligou para Kroeff.
— Ele me atendeu e resolveu que, na segunda, iriam se reunir com o Renato no Rio. Era um sonho dele treinar o Grêmio — afirma seu empresário.
Estreou na casamata gremista no mesmo dia em que chegou a Porto Alegre, em 12 de agosto, na derrota por 2 a 0 e eliminação da Copa Sul-Americana diante do Goiás, no Olímpico. Três dias depois, o adversário foi novamente o Esmeraldino, mas, desta vez, pelo Brasileirão. Novo 2 a 0. Agora, para o Tricolor, com dois gols de Willian Magrão.
— Eu nunca havia trabalhado com o Renato. Quando ele chegou, no mesmo dia já foi para a concentração, deu a palestra e fomos para o jogo. Ali já sentimos que ele era diferente, pela história que tinha no clube. A torcida vaiava e ele segurava a bronca, nos dava tranquilidade. Naquele momento, nós precisávamos de confiança. E ele nos deu isso — recorda Magrão, que era volante titular daquele time e hoje atua no São Bernardo.
Naquele ano, Renato tirou a equipe do Z-4 do Brasileirão e, com uma reação espetacular, garantiu a classificação para a Libertadores de 2011, terminando o campeonato em quarto lugar.
— Acho muito bacana que ele, sendo o maior ídolo do clube como jogador, aceitou esse desafio. Tiveram vários outros (ídolos), mas ele foi o maior até pela conquista lá em Tóquio. Isso já diz tudo. Ele não teve medo de ser técnico do clube e arriscar, de certa forma, essa idolatria — lembra Kroeff, que deixou a vice-presidência de futebol do clube nesta semana.
O ano seguinte, porém, não iniciou como se imaginava. A perda do Gauchão para o Inter, na final, e um início ruim no Brasileirão, levaram Renato a pedir demissão em junho de 2011. Em seguida, o treinador teve uma passagem de dois meses pelo Athletico-PR. O restante da temporada, assim como todo o ano de 2012 e os primeiros meses de 2013, foram de descanso para o técnico, que retornou ao Grêmio em julho, para substituir Vanderlei Luxemburgo.
Os números não foram ruins, tanto que o Tricolor foi vice-campeão brasileiro daquele ano. Ainda assim, não teve o contrato renovado para a temporada seguinte e acertou com o Fluminense para 2014. Ficou no clube carioca apenas até abril e só voltou a exercer a função de treinador em seu retorno ao time gaúcho, em setembro de 2016, quando emplacou seis títulos em menos de três anos.
— O Grêmio é a casa dele. Foi o primeiro clube, além de ele ser gremista desde a juventude. O Renato é um cara muito inteligente, que, ao longo do tempo, se aprimorou e mostrou sua competência — salienta Gauchinho.
Único no Brasil
Mas outro número chama ainda mais atenção. O ano está próximo do fim e apenas um clube da Série A do futebol brasileiro não trocou de técnico: justamente o Grêmio. Ainda que a permanência de Renato Portaluppi à frente da equipe para 2020 não tenha sido confirmada, a continuidade do trabalho é dada como certa internamente.
Em um país em que é quase uma regra trocar de treinador em meio à temporada, a marca alcançada por Renato é expressiva. No Brasileirão deste ano, por exemplo, foram contabilizadas 24 trocas em 38 rodadas. Além do Grêmio, apenas o Bahia manteve Roger Machado do início ao fim da competição (ainda que ele tenha chegado em abril, já em meio à temporada) e o Santos permaneceu com o argentino Jorge Sampaoli — que já deixou o clube e negocia com o Palmeiras.
Assim, Renato tem tudo para dar início à sua quarta temporada à frente do Grêmio, superando o período de Felipão nos anos 1990. Nos últimos anos, poucos treinadores da elite do futebol brasileiro ficaram tanto tempo no mesmo clube. Entre os que tiveram permanência longa, estão nomes com trajetórias vencedoras, como Muricy Ramalho, no São Paulo, Tite, no Corinthians, e Mano Menezes, no Cruzeiro. O sucesso gremista passa, também, por essa longevidade do treinador.
— Nada acontece por acaso. Se ele está há tanto tempo fazendo um bom trabalho é porque tem capacidade e porque a direção deu este apoio a ele. Cada vitória do Renato é uma alegria que eu tenho. Se ele passar a ter o maior número de jogos pelo Grêmio, vou comemorar esse recorde — ressalta Valdir Espinosa, que chegou junto com Renato em 2016, como coordenador técnico do Grêmio, e foi anunciado nesta semana como novo gerente de futebol do Botafogo.
Técnicos com mais jogos pelo Grêmio
- Oswaldo Rolla - 378 jogos
- Felipão - 368 jogos
- Renato Portaluppi - 334 jogos
- Telêmaco - 334 jogos
- Carlos Froner - 320 jogos
- Sérgio Moacir - 247 jogos
- Valdir Espinosa - 221 jogos
- Celso Roth - 221 jogos
- Enio Andrade - 208 jogos
- Telê Santana - 177 jogos
Últimos longos períodos de técnicos no Brasil
- Telê Santana - 1990 a 1996 (São Paulo)
- Luiz Felipe Scolari - 1993 a 1996 (Grêmio)
- Antônio Lopes - 1996 a 2000 (Vasco da Gama)
- Luiz Felipe Scolari - 1997 a 2000 (Palmeiras)
- Muricy Ramalho - 2006 a 2009 (São Paulo)
- Tite - 2010 a 2013 (Corinthians)
- Cuca - 2011 a 2013 (Atlético-MG)
- Abel Braga - 2011 a 2013 (Fluminense)
- Mano Menezes - 2016 a 2019 (Cruzeiro)
- Odair Hellmann - 2017 a 2019 (Inter)
Recordes de Renato como técnico do Grêmio
- Mais jogos na Libertadores: 48 jogos
- Mais jogos no Brasileirão: 186 jogos
- Mais jogos na Arena do Grêmio: 135 jogos
- Único brasileiro campeão da Libertadores como jogador e técnico
- Técnico mais longevo da elite do futebol brasileiro: desde setembro de 2016
Números totais de Renato como técnico do Grêmio
- 334 jogos
- 172 vitórias
- 87 empates
- 75 derrotas
- 521 gols marcados
- 276 gols sofridos
- 6 títulos
- 60,1% de aproveitamento
Números da terceira passagem pelo Tricolor
- 230 jogos
- 122 vitórias
- 59 empates
- 49 derrotas
- 358 gols marcados
- 167 gols sofridos
- 61,5% de aproveitamento