Apesar da cobrança do técnico Renato Portaluppi por investimentos no futebol após a derrota para o Flamengo, no domingo (17), o Grêmio deverá manter o mesmo planejamento dos últimos anos, de buscar apenas reforços pontuais. A diferença estaria na otimização dos recursos.
O clube entende que alguns jogadores trazidos não renderam o esperado. Um dirigente, que pediu para não ser identificado, disse à reportagem que será importante "aprimorar as contratações" para o ano que vem, citando como exemplo atletas que têm vínculo se encerrando e não deram resposta em campo — casos do volante Rômulo, do lateral-direito Galhardo e do centroavante Felipe Vizeu, todos emprestados ao Grêmio até o fim deste ano.
Os atacantes André e Diego Tardelli, que demandaram investimentos altos, também estão nessa lista de atletas que ainda não aprovaram. Ambos têm contrato até o fim de 2021 com o Tricolor.
Quanto às declarações de Renato, que garantiu que o clube não irá "apertar o cinto" no que diz respeito a reforços, o presidente Romildo Bolzan Júnior afirmou que vê com normalidade a fala do treinador:
— Estamos conversando há bastante tempo. Não vejo nada ofensivo da parte dele. Ele foi muito claro. Não vejo nada que possa ser objeto de alguma discussão.
O técnico sabe que o Grêmio não tem o mesmo poder de investimento dos rivais Flamengo e Palmeiras. Contudo, está ciente de que pelo menos cinco nomes devem chegar à Arena para o ano que vem. Em entrevista concedida a GaúchaZH em setembro, Renato admitiu que já sabia as peças que precisaria caso ficasse no clube, embora tenha dito que o grupo do Grêmio é maravilhoso e que aproveitará muitos jovens das categorias de base.
No entendimento de dirigentes, é preciso estar atento aos "limites de operação" do clube e também aos custos de alguns atletas. Segundo levantamento interno, cinco jogadores representam cerca de 40% da folha salarial. Com isso, entende-se que pode ser feita uma reavaliação do elenco para reduzir os custos mensais.
Esses nomes seriam Luan, Tardelli, Geromel, Maicon e Kannemann. Nem mesmo Everton, craque do time, teria salário tão alto quanto aos companheiros mais experientes. Dos cinco, a possibilidade mais viável de saída é do camisa 7, que tem contrato se encerrando com o clube no fim do ano que vem. Assim, já na metade da próxima temporada poderia assinar pré-contrato com outra equipe e sair de graça, algo que o Grêmio quer evitar.
Quem também tem mercado é Kannemann. O argentino já foi alvo de sondagens de clubes europeus e até mesmo de seu país natal. Com a vitrine da seleção nacional, poderia surgir algum negócio, ainda que o zagueiro tenha 28 anos. O desejo do clube, no entanto, é de que ele permaneça.
Conforme o colunista de GaúchaZH Diogo Olivier, o recado de Renato seria para o CEO, Carlos Amodeo. Ele é o encarregado por "apertar o cinto", ou seja, controlar as finanças do clube. A reportagem tentou contato com Amodeo, que preferiu não falar.
Assim, o Grêmio buscará alternativas no mercado sem comprometer as finanças do clube, algo que vem sendo feito desde o início da gestão Romildo Bolzan.
— Recuperar o clube financeiramente é muito importante. Quando tem um equilíbrio financeiro, a qualquer momento você pode fazer um bom time, investir e ganhar uma competição importante. Então, o grande lance é acertar a medida exata. O Grêmio, como disse o Renato, é grande. Não pode se apequenar demais em termos de investimentos. Tem que ter uma certa ousadia, sim — garantiu o vice-presidente de futebol Duda Kroeff ainda no domingo.