Um dos maiores problemas desta temporada do Grêmio foi a lateral direita, especialmente após a lesão no joelho direito de Leonardo Gomes. O titular, porém, só voltará a jogar entre abril e maio do ano que vem. Como a permanência de Léo Moura é incerta e Galhardo não deverá ficar no clube, Madson retornará de empréstimo do Athletico-PR e os olhos devem se voltar à base para compor o setor.
No time de transição, dois jogadores atuam pela direita: Felipe e Ericson, ambos de 20 anos. Hoje, quem está na frente nesta linha sucessória é Felipe. Titular com o técnico Thiago Gomes no sub-23, o garoto se destaca pela boa capacidade defensiva.
— O Felipe é muito forte defensivamente. Ele marca bem e tem um entendimento tático muito bom. Ainda precisa evoluir na chegada à frente, mas já melhorou bastante neste ano — relata Gomes.
Ericson teve uma lesão no joelho semelhante à de Leonardo Gomes e deve retornar praticamente junto com o titular. Ele atua tanto na zaga quanto na lateral e, até mesmo por isso, é melhor defensivamente.
— Ele é alto e tem um perfil físico parecido com o do Léo Gomes. Tem boa técnica, mas ainda estamos aprimorando a parte ofensiva dele. Tem uma bola aérea muito forte também — explica o treinador da equipe de transição.
Historicamente, no entanto, o Grêmio não é um clube que revela muitos laterais direitos. O último que vingou nos profissionais do clube foi Paulo Roberto Costa, o Coelhinho, campeão da Libertadores e do Mundo pelo clube em 1983. Ele mesmo entende que esse é um erro que vem sendo cometido pela maioria dos clubes do país, que não se preocupam com a formação de laterais.
— Sinceramente, não lembro outro lateral-direito formado pelo Grêmio que tenha conseguido se firmar como titular por bastante tempo. Essa é uma carência do futebol brasileiro, porque nem na base vemos surgir muitos laterais bons. Os clubes estão muito preocupados com meias, atacantes, e não com laterais. Não é uma coisa apenas do Grêmio, mas do futebol no país — ressalta o ex-jogador.
Os laterais direitos de sucesso no clube após a passagem de Paulo Roberto foram Alfinete, no final dos anos 1980, o paraguaio Arce, nos anos 1990, Ânderson Lima, no início dos anos 2000 e, mais recentemente, Edilson, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores em 2016 e 2017, respectivamente. Nenhum deles foi revelado pelo Grêmio.
Nas últimas décadas, esperava-se muito de promessas da base como Felipe Mattioni e Raul. O primeiro chegou a jogar no Brasileirão de 2008 pelo time profissional e foi vendido ao Milan. Na Itália, não conseguiu se firmar e acabou rodando por vários clubes da Europa.
Retornou ao Brasil em 2017. Desde então, atuou por Boa, Veranópolis, Juventude e Coritiba, onde joga atualmente. Já Raul chegou a ser relacionado entre os profissionais do Grêmio em 2016, mas nunca estreou. Foi negociado com o Figueirense em 2018 e, neste ano, está no time sub-23 do Corinthians.
Quem mais deu certo na posição ainda no Tricolor foi Mário Fernandes. Ele chegou ao clube vindo do São Caetano em 2009, para a base. Mas acabou sendo promovido ao time principal no mesmo ano e teve chances tanto na lateral quanto na zaga.
Em 2012, foi vendido ao CSKA Moscou, onde joga até hoje. Devido ao sucesso por lá, naturalizou-se e disputou até mesmo a Copa do Mundo de 2018 pela Rússia, marcando um gol nas quartas de finais contra a Croácia.
Para Paulo Roberto, os garotos que estão surgindo no clube ainda não podem assumir a responsabilidade de serem titulares do Grêmio. Até mesmo por isso, avalia que será preciso ir em busca de reforços no mercado para o setor. Ele considera fundamental, porém, a permanência do experiente Léo Moura, 41 anos.
— Pelo que tenho acompanhado, não vejo nenhum lateral direito na base que possa subir para o profissional e jogar. Na minha opinião, o Grêmio deveria ficar com o Léo Moura e contratar um jogador desse nível com menos idade. Ele é o melhor do Grêmio, mas não aguenta dois jogos por semana. Por isso, entendo que seja preciso contratar mais um lateral para disputar a titularidade. Não adianta só trazer por trazer, tem de ter o nível do Grêmio — afirma Coelhinho.
O técnico do sub-23 do Grêmio entende que o clube tem bons valores na posição até mesmo nas categorias sub-20 e sub-19, como Vanderson e Peterson. Mas, por serem muito jovens, ainda não tiveram oportunidades entre os profissionais.
— As laterais das categorias de base do Grêmio têm bons jogadores. Só que eles são jovens, nascidos em 1999 e 2000. Neste ano, ainda não estavam maduros o suficiente para o elenco principal. Mas, se continuarem evoluindo, poderão chegar lá — destaca Thiago Gomes.
Quem está surgindo
Felipe Albuquerque Felippi
Data de Nascimento: 27/09/1999 (20 anos)
Cidade Natal: Nova Andradina-MS
É o titular da lateral direita gremista na equipe de transição e, em tese, o ficha 1 para subir aos profissionais em 2020. Ele, inclusive, já disputou uma partida pelo time de cima, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2017, quando o Tricolor foi derrotado por 4 a 3 pelo Atlético-MG, na Arena Independência. Na ocasião, o Grêmio já era campeão da América e mandou a campo uma escalação repleta de garotos.
Felipe é forte defensivamente e tem o um contra um com os atacantes adversários como uma das maiores qualidades, tamanha a capacidade de marcação e desarme. Somando as duas últimas temporadas (2018 e 2019), o garoto tem 38 jogos por Brasileirão de Aspirantes e Copa FGF pela transição, com um gol marcado em 2.940 minutos em campo.
Ericson da Silva
Data de Nascimento: 11/05/1999 (20 anos)
Cidade Natal: Campinas-SP
A segunda opção da lateral direita tricolor no time de transição é Ericson, que joga também como zagueiro. Assim como Felipe, tem 20 anos e disputou aquele mesmo jogo contra o Atlético-MG pelo Brasileirão de 2017. Ao contrário do titular, entrou em campo apenas aos 29 minutos do segundo tempo, na zaga.
Chegou ao clube em 2015, depois de passar pelas categorias de base da Ponte Preta e do Amparo-SP. Por estar acostumado a jogar atrás, tem características mais defensivas e boa bola aérea. Mas também precisa evoluir na parte final do campo, como nos cruzamentos e finalizações.
Pelo Grêmio, disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2018 e 2019, além do Campeonato Brasileiro Sub-20 e da Copa FGF do ano passado e o Brasileirão de Aspirantes nesta temporada. Somadas as competições, tem 21 partidas e 1.474 minutos de jogo nas duas últimas temporadas entre sub-20 e transição. Tem multa rescisória de 50 milhões de euros (cerca de R$ 230 milhões) para clubes do Exterior.