O único título da Libertadores vencido pelo Flamengo foi sob o comando de um gaúcho. Paulo César Carpegiani treinou, entre 1981 e 1982, aquele que é tido como o melhor time da história do clube — conquistando também o Mundial de Clubes. No ano passado, ele teve um curto retorno à Gávea, trabalhando com alguns poucos atletas que ainda estão no elenco. Reconhecendo muitas qualidades na atual equipe rubro-negra, Carpegiani vê equilíbrio no confronto que começa nesta quarta-feira (2), com o Grêmio, nas semifinais do torneio continental.
— Uma partida de futebol é imposição de um estilo sobre outro, e teremos dois estilos diferentes. O futebol tem lógica, e a lógica entre Flamengo e Grêmio, pela grandeza dos clubes, é de equilíbrio. É muito difícil dizer quem vai ganhar. Já a comparação de equipes permite estabelecer um favoritismo. O Grêmio está subindo de produção, enquanto o Flamengo tem mais destaques individuais — analisou.
Os cariocas, na visão do treinador, entram com um leve favoritismo:
— Pela campanha do Flamengo, no momento, ele pode ser apontado como favorito, mas o Grêmio é o time mais apropriado para enfrentá-lo. Nenhuma outra equipe no Brasil tem possibilidades como o Grêmio de ganhar do Flamengo. Tem toque, rapidez e manutenção da posse de bola.
Leia outros trechos da entrevista:
Com as características do Flamengo, o que achas que o Grêmio vai explorar?
O Flamengo é muito rápido, com jogadores criativos e técnicos, não é bom entregar a bola para o Flamengo. O Grêmio do Renato tem toque de bola e jogadores decisivos. Pelo lado esquerdo de ataque, acho que o Everton Cebolinha pode fazer a diferença. Vejo no lado direito da defesa do Flamengo uma brechinha a ser explorada.
Existe uma rivalidade histórica entre Grêmio e Flamengo. Isto pode influir?
Não necessariamente. Desde o meu tempo, os enfrentamentos entre os dois times eram grandes e se valorizaram com os encontros em Libertadores. O que pode ter acirrado os ânimos, agora, são as trocas de declarações entre técnicos e dirigentes, cada um querendo dizer que seu time é melhor.
Se fala muito do time atual do Flamengo. O que dá para dizer da equipe dos anos 1980 que conquistou a Libertadores e o Mundial?
O Flamengo de 1980 a 1981, eu demorei alguns meses para montar. O Adílio, por exemplo, estava treinando separadamente. Era uma equipe muito técnica. Em cada posição, tinha um grande jogador. Era um time fantástico.
Você tem algumas restrições ao técnico Jorge Jesus. Por quê?
Ele é um grande treinador . O que eu não gostei foi do que ocorreu quando da vinda dele. O fato de ter ido ver o Flamengo jogar já apalavrado com a diretoria enquanto o Abel estava contratado foi muito ruim. É uma coisa de caráter. Isto beira a falsidade. Ele pode ser um grande técnico, mas lhe faltou caráter. O Abel ficou muito magoado. Agora, quando ele (Jorge Jesus) faz qualquer tipo de crítica, tem que lembrar que sua postura não foi digna de alguém do seu naipe.