Se uma palavra define Paulo César Carpegiani e suas avaliações é clareza. Se for buscada outra característica nas análises, estará a modéstia. O ex-meia do Inter, jogador de Seleção Brasileira e técnico campeão do mundo com o Flamengo em 1981 foi o convidado do mês de setembro do Cardápio do Zé e falou sobre diversos temas dentro de sua vivência de homem do futebol.
Considerado o cérebro do melhor time da história do Inter, o da década de 1970, Carpegiani já se antecipa em reconhecer que aquela equipe era formidável, mas não obteve o maior título da história do clube:
— Não podemos esquecer que a maior conquista do Inter não veio conosco. Ganhamos os títulos do Brasileiro, mas a Libertadores e o mundial vieram depois de nós — ponderou.
Nesta esteira de humildade, o ex-jogador brinca com uma comparação que muitos colorados de sua época mantém até hoje: “Quem era melhor? Paulo César ou Falcão?”
— O Paulo jogava muito. Fazíamos revezamentos de posição. Ele era formidável — recordou.
Ainda provocado por comparações, não titubeia ao admitir que, embora apontado até poucos anos atrás como o maior meia da história colorada, perdeu esta condição:
— O D’Alessandro é o maior “10” da história do Inter. É um grande vitorioso, perfeitamente integrado à vida do clube, sem falar na capacidade técnica. Somos diferentes. Poderíamos até jogar juntos. Eu defendendo e armando mais atrás, e ele articulando mais ofensivamente.
Ouça o áudio do Cardápio do Zé com Paulo César Carpegiani:
Ao falar em D’Alessandro, Paulo César Carpegiani fundamenta sua confiança numa virada colorada na final da Copa do Brasil.
— O Athletico se impôs no primeiro jogo, mas no Beira-Rio, certamente haverá nova postura dos dois times e o D’Alessandro vai desempenhar uma função mais próxima dos seus melhores desempenhos. Gosto muito do Tiago Nunes, mas vi o Odair evoluir muito e, ainda no ano passado, mostrou que poderia jogar sem o D’Alessandro. Neste ano, com ele (D’Alessandro) e com o Guerrero, ficou melhor — analisou.
Carpegiani lembrou de muitas passagens de sua vida, seja como atleta ou treinador. Lamentou que jamais disputou um jogo de Libertadores da América em função da coincidência com lesões nos anos de 1970. Recordou que em 1974 atuou como primeiro volante na Copa do Mundo e foi titular da Seleção Brasileira sem ter tido nenhuma experiência anterior no setor.
— Naquele meio-campo do Zagallo ninguém marcava, nem eu — relembrou.
Ex-técnico da Seleção Paraguaia no mundial de 1998, admitiu pela primeira vez que cometeu um erro que, para ele, custou a desclassificação diante da França nas oitavas de final e disto se arrepende até hoje. (confira no áudio). Naquele time jogava Carlos Gamarra, zagueiro que surgiu como meia e Carpegiani o adaptou à posição de defensor, na qual se tornou um dos melhores do mundo. Numa comparação feita com outro ex-colorado, Figueroa, porém, garante que o chileno foi “maior e mais importante no Inter”.
Ao falar de Flamengo, clube pelo qual foi campeão mundial, acha que há um favoritismo dos cariocas sobre o Grêmio na Libertadores, mas faz uma ressalva importante:
— Este favoritismo é teórico. Os cariocas por vezes festejam antes da hora e, se há um time hoje no Brasil capaz de derrotar o Flamengo, este time é o Grêmio — finalizou.