Estudioso, com carreira de sucesso na arbitragem no basquete e no futebol, com 20 anos de atividade como comentarista da TV Globo, Renato Marsiglia é um homem de posições fortes, mas permeável o suficiente para reconsiderá-las. Aos 67 anos, ele, mesmo fora do jornalismo, não deixa de acompanhar os campeonatos e segue buscando aperfeiçoamento.
Em conversa de uma hora no programa Cardápio do Zé, ele recordou suas carreiras dentro e fora de campos e quadras e comentou o assunto do momento no futebol: o árbitro de vídeo.
Marsiglia reconhece que mudou de opinião a respeito do assunto.
— Eu era refratário quanto ao recurso eletrônico. Achava que faltava universalidade. Era preciso haver em todas as competições ou em nenhuma. Hoje estou convencido que não. Tem de estar onde for possível. É uma questão de justiça para com o jogo e ajuda o juiz, por mais que ele se sinta desautorizado quando muda uma decisão — afirmou.
Marsiglia, ao falar em árbitro de vídeo, recorda com humor do seu início de carreira no futebol, no interior do Rio Grande do Sul.
— Muitas vezes, eu saí do estádio de camburão. Sinto saudades daquela adrenalina, muito menos pelo camburão ou pelas confusões, mas pela idade que eu tinha na época — disse.
Entre brincadeiras e seriedades, Marsiglia faz um pedido a seu ex-colega como juiz e comentarista da TV Globo, Leonardo Gaciba, hoje comandante da arbitragem brasileira.
— Quero ser VAR por um dia. Só um jogo. Quero ver se é tão fácil quanto podemos acreditar, mas com peculiaridades que dificultam muito para quem está lá. Eu gostaria de ser VAR por um dia — conclui.
Ele admite que a função de observador de arbitragem na TV cria uma sensibilidade diferente para detectar as irregularidades nos jogos. Chega a cogitar de que árbitros que atinjam a idade limite no campo possam ser VAR.
— É tudo uma questão de adaptação. No Brasil, a coisa está indo bem. Talvez seja preciso agilizar as decisões, mas está bem.
Renato Marsiglia não para de se aperfeiçoar. Formado em economia e pós-graduado, habilitou-se como radialista quando entrou na Rádio Gaúcha em 1995, cursou jornalismo para se familiarizar com a profissão de comunicador e agora está há dois anos como aluno da Fundação Getúlio Vargas na área de gestão esportiva com ênfase em administração, recursos humanos e na parte técnica. Seu novo desafio é preparar-se para ser tutor na FGV nestas áreas.
Sem perder o contato com os campeonatos e os clubes gaúchos, prevê Grêmio e Inter passando adiante na Libertadores, mas cita o Palmeiras como virtual campeão brasileiro. Na Copa do Brasil, ele aposta no equilíbrio, acreditando que o Inter, no mata-mata, tem chance contra o Palmeiras, e que o Grêmio é favorito contra o Bahia.
Na conversa, Renato Marsiglia conta como foi sua saída do basquete, modalidade na qual chegou a apitar uma final entre Cuba e Estados Unidos nos Jogos Pan-Americanos, a amizade com José Roberto Wright, que o fez trocar de esporte, ou as broncas com dirigentes, os quais chamava de "cartolas". Segundo Marsiglia, o ambiente dos clubes no Brasil melhorou muito.
— A coisa está muito melhor. Hoje há clubes muito bem geridos, como Athletico-PR, Palmeiras e Grêmio, com o Inter vindo logo em seguida. As pessoas estão mudando para melhor — conclui.