Não foi só dentro de campo que se construiu a vitória do Grêmio sobre o Palmeiras que valeu a vaga nas semifinais da Libertadores. Além dos trabalhos técnico-táticos, houve um reforço emocional por meio de duas manifestações importantes de líderes do clube, o treinador Renato Portaluppi e o presidente Romildo Bolzan Júnior.
Ao ajustar o time para o jogo, Renato precisava ter a certeza de que a equipe estaria tranquila e preparado para as mais diversas situações de jogo. Foi assim que, já em São Paulo, em conversas individuais no hotel e na palestra antes da saída para o Pacaembu, o técnico previu e alertou seus comandados para a possibilidade do Palmeiras sair ganhando.
— Não sentimos muito quando sofremos o gol porque o Renato tinha nos preparado. Tivemos a sorte de responder logo em seguida com o nosso gol, mas estávamos tranquilos — contou Bruno Cortez, lembrando que o treinador havia pedido muita calma, se a situação, que já era adversa, piorasse no início da partida.
Além de Cortez, Kannemann e André relataram a mesma coisa, recordando a atitude e as palavras do comandante.
— Ele (Renato) falou antes do jogo, parece que sabia, que podíamos sofrer um gol. Claro que não queríamos, mas lembramos disso e conversamos entre nós logo que o Palmeiras marcou. Tínhamos que permanecer tranquilos — comentou o argentino.
Já o presidente gremista chegou a São Paulo no final da tarde de terça-feira, poucas horas antes da partida, mas teve tempo de ir até a concentração para seguir com o grupo para o estádio. Romildo Bolzan Júnior estava em Brasília para falar com representantes do governo federal sobre o entorno da Arena. Ele chegou a tempo de participar da palestra com os jogadores e tomou a palavra. Segundo Pedro Geromel, o discurso foi fundamental para o ânimo dos jogadores:
— Foi muito importante o que disse o presidente para nós. Nos sentimos apoiados.
Na entrevista coletiva após a vitória em São Paulo, o zagueiro e Renato não quiseram revelar o teor da manifestação do presidente. De maneira enfática, mas sem cobrança, o Romildo Bolzan pediu empenho, valorizou o grupo, falou da grandeza do clube e seu momento, mas, acima de tudo, tirou o peso da obrigação de ganhar.
— Disse para eles que acreditassem, mas, se não fosse possível ir adiante na Libertadores, o Grêmio e seu grupo seguiriam sendo grandes e que teriam imediatamente outras decisões — recordou o presidente.
Na manhã desta quarta-feira (28), no saguão do Hotel Intercontinental, muitos gremistas circulavam. Por lá, passaram torcedores, dirigentes e funcionários. Os que tiveram acesso à intimidade da delegação, faziam alusão às atitudes de Renato e Romildo Bolzan. Todos salientavam o alto grau de consciência do elenco, o brio dos jogadores e a tranquilidade demonstrada. O otimismo do dia anterior se mantinha para a sequência de decisões e o argumento principal era a maturidade do grupo.
— Podem nos ganhar na técnica porque isto é coisa do futebol, mas não há um grupo tão focado no Brasil como o do Grêmio — um torcedor em meio a uma turma que comentava o resultado.