Aeroporto lotado de torcedores, esforço financeiro por parte do clube e esperança de gols: foi assim que Diego Tardelli desembarcou em Porto Alegre em fevereiro deste ano, com status de grande reforço do Grêmio para 2019. Os primeiros cinco meses no Rio Grande do Sul, porém, não foram como esperado. Mas, com o gol marcado na vitória por 2 a 0 sobre o Libertad, pela partida de ida das oitavas da Libertadores, as coisas podem começar a mudar.
— A gente já viu que ele pode dar a volta por cima, como quando saiu do Flamengo e foi para o Atlético-MG. Ele reencontrou o futebol dele aqui (em Belo Horizonte) — destaca o repórter Túlio Kaizer, do portal Superesportes, de Belo Horizonte, que complementa:
— Pode ter certeza de que esse gol vai dar um ânimo muito grande para ele brigar por posição, assumir a titularidade e quem sabe fazer uma boa campanha pelo Grêmio. Acho que pode ser o marco dele com a camisa do clube.
E quem comenta conhece bem o jogador. Tardelli teve duas passagens pelo Atlético-MG. A primeira, de 2009 a 2011. Foi nesta oportunidade que o atacante precisou dar a volta por cima na carreira. Depois de uma passagem apagada pelo Flamengo no ano anterior, quando não conseguiu se firmar e teve grave fratura no braço, ficando afastado por três meses dos gramados, ele se transferiu para o Galo.
Em Minas Gerais, se transformou em um atleta de ponta. Em 2009, marcou 39 gols com a camisa do Atlético-MG e recebeu a Chuteira de Ouro da Revista Placar, dada ao maior artilheiro do futebol brasileiro na temporada. Além disso, foi campeão Mineiro e esteve na seleção do Brasileirão atuando como centroavante. No ano seguinte, com a chegada de Obina ao clube, passou a atuar pelo lado e acabou negociado com o Anzhi Makhachkala, da Rússia.
Aliás, muito se discute a posição ideal para Tardelli no Grêmio. Recentemente, o técnico Renato Portaluppi disse que "a idade chega para todo mundo" e que o atleta não tem mais capacidade física para "acompanhar lateral". Por isso, não pretendia colocá-lo pelos lados.
Centralizado, no meio-campo, disputaria uma vaga com Jean Pyerre, cada vez mais titular, e com Luan, ídolo da torcida. A concorrência seria pesada. Mas, na quinta-feira, contra o Libertad, na Arena, ele entrou como centroavante, na vaga do criticado André. E foi bem, marcando um gol de camisa 9 — a mesma que carrega às costas.
— Nunca falei com Renato que não queria jogar como centroavante. Estava esperando a minha oportunidade, independentemente da posição. Hoje (quinta) tive a chance de entrar na função do André, onde eu já joguei. Me sinto à vontade por ali e não teve nada de polêmica — garantiu Tardelli em entrevista após o jogo.
Na saída de campo, o jogador relatou que viveu um momento difícil nos últimos meses. Segundo o próprio atleta, foi um "momento depressivo", que já está superado.
— Passei por um momento que muita gente não sabe. Não é a palavra depressão, mas me sentia muito infeliz. Venho de uma cultura muito diferente que é a China, onde fiquei quatro anos. Ouvi muitos comentários, críticas, mentiras, e isso me deixou muito para baixo — lamentou o camisa 9 do Grêmio.
— Quando cheguei, falaram que eu não me dava bem com o Luan, que brigava com o Renato e isso foi me deixando bastante triste. Não sabia se era isso que eu queria, me tranquei e não tinha vontade de fazer mais nada. Mas, com o apoio da minha esposa, dos meus amigos e do grupo gremista, consegui superar essa etapa — acrescentou Tardelli.
Para Kaizer, o banco de reservas pode ter afetado a autoestima do jogador, que sempre foi acostumado com a titularidade e o protagonismo por onde passou. Mas, no seu entendimento, o jogador irá desencantar. Essa é a mesma ideia de Renato, que destacou após a vitória pela Libertadores:
— O grupo acredita muito nele, aposta nele. É importante essa confiança, essa alegria, porque um jogador não desaprende a jogar.
Como centroavante ou meia, pelos titulares ou reservas, chegou a hora de Tardelli mostrar a que veio. A primeira oportunidade pode aparecer já nesta segunda-feira, contra o CSA, em Maceió, pela 12ª rodada do Brasileiro.
Provavelmente com time misto, é uma boa chance de o camisa 9 cavar um lugar entre os 11 que jogarão a volta das oitavas contra o Libertad, em Assunção, na próxima quinta-feira.