Francisco Javier Arce Rolón, ou simplesmente Arce, viveu o ciclo de vitórias da década de 1990 no Grêmio. Um dos maiores laterais da história do clube, ficou conhecido pela qualidade da bola parada. Atualmente técnico de futebol, está de volta ao Paraguai após sair do Ohod, da Arábia Saudita.
Na nova profissão, chegou a treinar a seleção paraguaia em duas oportunidades, além de ter dirigido Cerro Porteño e Olimpia. Como jogador, começou no Cerro, passou por Grêmio, Palmeiras, Gamba Osaka e o Libertad, adversário tricolor nesta terça-feira (23). Também disputou as Copas de 1998 e 2002.
Aos 48 anos, curte a vida em Assunção, enquanto aguarda propostas. Na noite desta segunda (22), recebeu a reportagem de GaúchaZH, em uma quadra de grama sintética da cidade. Ao lado dos ex-jogadores Rivarola (hoje empresário) e Enciso (integrante da sua comissão técnica), estava acompanhando uma pelada entre ex-jogadores paraguaios.
Muito bem humorado, lembrou os grandes momentos em Porto Alegre e falou sobre as dificuldades do jogo no Defensores Del Chaco.
Como anda a sua vida aqui no Paraguai após a saída da Arábia Saudita?
A minha vida está muito boa. Até dezembro estava no Ohod Club, da Arábia Saudita, em uma das cidades mais fechadas religiosamente do país. Uma experiência diferente, mas muito boa. Agora estou sem trabalho, mas espero voltar no segundo semestre. Acho que logo depois da Copa América deve aparecer alguma situação.
O mercado brasileiro é algo que está no seu planejamento?
Antes tinha a dificuldade por causa dos trabalhos que estavam em andamento, foram duas passagens pela seleção do Paraguai. Fiquei um bom tempo trabalhando aqui no país. Acho que o Brasil é um caminho natural, por causa da identificação e o tempo em que estive jogando no país. Tive duas possibilidades concretas ao longo deste tempo (uma delas do Palmeiras), mas não quis largar o trabalho aqui.
Qual era o segredo do time do Grêmio que ganhou vários títulos na década de 1990?
É difícil depois de 25 anos manter contato. E temos um grupo de WhatsApp onde falamos todos os dias. Dos times que joguei, é um dos poucos que mantém essa identificação e esse carinho. Aquele grupo era muito unido, e isso é fundamental. Sobre estilo de jogo, acho que existem diferenças entre o Grêmio atual e o daquela época. O time do Renato tem mais a posse de bola, aquela coisa de cadenciar a partida. O nosso era diferente, mais agressivo e simplificava as jogadas, além de ter muita concentração e qualidade na bola parada. Era um irmandade comandada pelo Felipão.
O que o Grêmio vai encontrar em termos de qualidade do adversário e ambiente do estádio?
São duas situações diferentes. O estádio não vai ter pressão. O Defensores Del Chaco é grande e não vai ter nem 15% de ocupação. O Libertad não é um clube popular, mas é muito organizado. Há quase 20 anos é muito organizado economicamente. Dinheiro não é problema, consegue contratar muito bem. E agora ainda está conseguindo formar atletas jovens. Por isso, tem uma mescla. Os garotos revelados pelo Libertad, já com experiência de Libertadores, com uns quatro ou cinco veteranos de boa qualidade que formam a coluna vertebral da equipe.
E o momento do Grêmio? Você viveu o ciclo vitorioso da década de 1990, o que se repete agora. Qual é a principal dificuldade para se manter no topo?
Agora está no momento perigoso. Com a gente aconteceu o mesmo. Foram três anos com vitórias, com a mesma base. A situação mais complicada é a manutenção do nível alto. O Grêmio não teve um início muito bom, mas se conseguir a classificação, vai crescer muito, porque tem o costume de jogar a competição. Vamos ver, vai ser uma parada difícil, se conseguir um bom resultado vai se ajeitar.