Depois de o técnico Renato Portaluppi ter confirmado o interesse do Grêmio no zagueiro Gil, a busca pelo defensor já não é mais novidade. Com a possibilidade de Kannemann ser sondado na janela de transferências, a direção procura no ex-zagueiro da Seleção Brasileira uma alternativa. Mas o Tricolor não está sozinho nestas tratativas: Flamengo e Corinthians também estão atentos à situação do defensor de 1m92cm, que atua no Shandong Luneng, da China.
— Tem rodado muitos estrangeiros pelo time dele. Chegou a ter cinco brasileiros lá. Agora, ele é o sobrevivente. É o único jogador de defesa brasileiro jogando no futebol chinês. Ele chegou a pedido do Mano (Menezes). É um dos pilares defensivos da equipe — explica Guilherme Alf, diretor-executivo do site China Brasil Futebol, que acompanha o esporte no país asiático.
Natural de Campo dos Goytacazes, Carlos Gilberto Nascimento Silva completará 32 anos em junho. Portanto, não é um novato no mundo da bola. Estreou mais precisamente em 2004, pelo Americano-RJ. Antes de chegar ao solo chinês, passou por Atlético-GO, Cruzeiro, Valenciennes-FRA e, finalmente, o Corinthians — quando, comandado por Tite, conquistou o Brasileirão de 2015. Em 2014, na renovação promovida por Dunga após o 7 a 1, foi chamado pela primeira vez para a Seleção Brasileira.
Mesmo tendo se transferido para o futebol chinês em 2016, não deixou de ser convocado para a Copa América Centenário, nos Estados Unidos. Ao todo, fez 11 partidas com a camisa amarela — a última em junho de 2017, em um amistoso contra a Argentina, na Austrália. Uma das explicações pode estar na seriedade com que encara os jogos do Shandong.
— Claro que eles têm um ritmo um pouco menos intenso, porque não há Estaduais, mas ele joga o ano inteiro. É muito profissional. Estive lá várias vezes e posse te assegurar: ele é muito focado. Se tem treino só de manhã, ele treina em turno reverso. E o Shandong tem o melhor CT (Centro de Treinamentos) disparado da China. Estrutura de nível europeu mesmo. Então, o time dele normalmente disputa Liga dos Campeões da Ásia, Copa Chinesa e Superliga Chinesa. Sempre chega e briga lá em cima — comenta Alf.
Comandado por três treinadores diferentes (brasileiro Mano Menezes, alemão Félix Magath e chinês Li Xiaopeng), Gil foi titular em todas as temporadas, sendo substituído apenas uma vez e sem nunca ter sofrido uma lesão grave. Nesta temporada, por exemplo, esteve presente nos 12 jogos da equipe. Em 2018, dos 39 jogos do clube, só não atuou em quatro. Recebeu somente dois cartões amarelos e marcou cinco gols — um deles na final da Copa Chinesa, quando perdeu o título para o Beijing Guoan depois de ter empatado por 2 a 2. O outro gol foi marcado por Diego Tardelli.
Em 2017, disputou 29 dos 35 jogos e, em 2016, fez 37 das 44 partidas da equipe. O que mais impressiona é que recebeu apenas sete cartões amarelos e nunca foi expulso. Estes números poderiam fazer com que o Shandong dificulte sua saída agora, forçando-o a cumprir o contrato que se estende até dezembro. Porém, esta não é a leitura de Guilherme Alf.
— Na China, só podem atuar três estrangeiros por partida. Estão jogando ele, Fellaini (belga) e Pellè (italiano), mas ainda tem o Roger Guedes (brasileiro, ex-Atlético-MG). Então, talvez eles não compliquem para ele sair, abrir uma vaga de estrangeiro faça mais sentido para eles (chineses). E eles dão preferência do meio para a frente, por jogadores mais decisivos — avalia ele.
Confira os números de Gil no futebol chinês:
2016: 37 jogos — substituído 1 vez; 1 cartão amarelo
2017: 29 jogos (3 gols) — 4 cartões amarelos
2018: 35 jogos (5 gols) — 2 cartões amarelos
2019: 12 jogos