O torcedor do Grêmio que se acostumou a ver Léo Gomes marcar gols — tem quatro no ano, dois no Gauchão e dois na Libertadores — e Cortez defender com afinco percebeu a situação se inverter no Gre-Nal 419. No domingo (14), devido à presença de Nico López pelo lado esquerdo de ataque colorado, Léo Gomes pouco subiu ao campo de ataque do Inter. Sobrou para Cortez, porém, a missão de auxiliar Everton nas construções ofensivas do Tricolor às costas de Zeca, setor em que o time de Renato Portaluppi insistiu em usar para se aproximar do gol defendido por Marcelo Lomba.
Com os papéis trocados, a consistência defensiva do Tricolor se manteve a mesma. Léo Gomes teve relativo sucesso na contenção de Nico, ainda que o uruguaio tenha acertado duas vezes a meta de Paulo Victor, e Cortez fez boas ultrapassagens pela esquerda, conseguindo chegar ao fundo para cruzar — mesmo que tenha errado as três oportunidades que teve, uma delas irritando Renato, que jogou uma garrafinha de água no chão.
Sobre isso, o próprio técnico Renato Portaluppi falou na coletiva de imprensa após o clássico. Embora tenha elogiado a atuação coletiva da sua equipe, disse que "faltou um pouquinho de capricho no último passe".
— O Grêmio sempre joga pelos dois lados. No momento em que você encontra uma facilidades em um deles, você insiste mais. Nós criamos, o Inter também criou. Se nós tivéssemos tido um pouco mais de tranquilidade, com certeza teríamos saído com a vitória — afirmou o treinador.
Na cotação de GaúchaZH, os laterais gremistas tiveram notas médias. Léo Gomes teve elogiada a parte defensiva, embora tenha sido ressaltado que não conseguiu subir ao ataque, e a nota foi seis. Do outro lado, a avaliação diz que Cortez "vai do céu ao inferno em segundos", aparecendo bem na frente, mas com dificuldade para acertar o lance final. A nota dele foi cinco.
O ex-lateral gremista na década de 1980 Raul Mendes entende que a equipe que souber explorar melhor os lados do campo no clássico decisivo, quarta-feira, tem mais chance de vencer a partir e, consequentemente, conquistar o Gauchão.
— Se o Cortez tivesse aproveitado as três oportunidades que teve, se ele caprichasse um pouco mais, o Grêmio poderia ter definido o jogo de ida. Hoje, mais do que nunca, é necessário que os atletas que atuam nessa posição saibam apoiar — destacou.
Raul Mendes também dá uma dica para Renato apostar no próximo Gre-Nal: usar Léo Gomes como um elemento surpresa, como tem acontecido em algumas partidas, com o lateral-direito pisando na área adversária:
— O Leonardo Gomes surpreendeu. Pelos primeiros jogos, ninguém acreditou muito nele. Mas já mostrou que tem qualidade, arrisca chutes de longa distância e tem uma boa entrada na diagonal. A linha de fundo dele não é tão boa, ele peca nos cruzamentos, mas é um jogador que pode aparecer dentro da área para fazer gols, como ele já fez, e isso é muito importante.
Já o lateral-esquerdo Neuton, formado na base do Grêmio e que atuou pelo clube em 2010 e 2011, os jogadores que atuam nessa faixa do campo têm uma responsabilidade maior, por precisarem se preocupar com a defesa e também com o ataque. O jogador, que recentemente deixou o Novo Hamburgo para disputar a Série B pelo Londrina, pensa que é importante ter equilíbrio nas ações ofensivas e defensivas.
— Dificuldade o lateral sempre vai encontrar, porque atua em uma posição do campo que se expõe a muitos riscos e tem de completar a última linha defensiva da equipe, e também dar suporte ao ataque. Em transições de contra-ataque, é sempre o lado que fica mais vulnerável — aponta.
Para o gremista Bruno Cortez, a equipe jogou melhor o primeiro Gre-Nal. O lateral-esquerdo ainda ressaltou que "voltou aquele futebol de que todo mundo gosta" no time tricolor. E, como o próprio disse na saída de campo:
— Agora, vamos para a Arena.