Baleado no rosto em confusão na saída do Estádio Alfredo Jaconi neste domingo (25), em Caxias do Sul, o conselheiro do Grêmio Bruno Pisoni Garcia, 37 anos, o Bruno Cabeludo, estava em dívida com a Justiça. Após ter faltado a audiência no Juizado do Torcedor, em Porto Alegre, no dia 13 deste mês, ele era procurado e estava prestes a ter o pedido de prisão encaminhado pelo Ministério Público (MP).
Garcia faltou à audiência que o comunicaria oficialmente sobre o início do cumprimento de pena a que foi condenado em 2016, mas que diversos recursos adiaram. A origem do processo foi um tumulto em fevereiro daquele ano, antes da partida Grêmio x Novo Hamburgo, pelo Gauchão.
Acabou condenado por tumulto e incitação à violência em dezembro de 2016. O juiz Marco Aurélio Xavier chegou a determinar pena de prisão, que acabou convertida em proibição de ir aos jogos do Grêmio por dois anos e quatro meses, inicialmente. Com uma série de recursos, segundo o MP, desde 2016 a proibição não havia sido cumprida.
— Ele não cumpriu nada dessa pena. Agora, no dia 13, seria a oficialização para ele de que terá de cumprir a determinação. Ou seja, em dias de jogos do Grêmio, terá de se apresentar a uma instituição prisional duas horas antes da partida e sair duas horas depois — conta o promotor Márcio Bressani, do Juizado do Torcedor.
O passo seguinte ao sumiço de Bruno Cabeludo seria mais uma tentativa de localização. A orientação era de que, caso tentasse ingressar na Arena, fosse impedido e levado diretamente ao Juizado do Torcedor. Se continuasse longe da Justiça, o pedido de prisão seria a iniciativa seguinte dos promotores, que também previam novo recurso de Garcia, dessa vez no Supremo Tribunal Federal (STF).
Afastado da liderança oficial
Nos autos do processo, o conselheiro do Grêmio aparece como sócio de estabelecimento comercial no Centro de Porto Alegre ligado ao futebol. Garcia foi, por muitos anos, um dos líderes da Geral. Mas há cerca de dois anos, oficialmente, não era mais representante do movimento junto ao clube e a órgãos de segurança. O posto foi assumido por outro dos integrantes, Leonardo Araújo. Fontes ligadas ao clube, entretanto, afirmam tratar-se apenas de estratégia para preservar Garcia.
Bruno Cabeludo chegou a ser apontado como envolvido na tentativa de homicídio de dois torcedores identificados com a torcida Máfia Tricolor em novembro de 2008 — mesma torcida apontada pela Polícia Civil como envolvida no episódio de Caxias do Sul. Mas a Justiça, na ocasião, atendeu ao pedido do MP para arquivar a denúncia.
Em 2013, integrando o Movimento Grêmio da Torcida (MGT), Garcia entrou para o Conselho Deliberativo do Grêmio. Ele voltou a ter protagonismo em 2014, quando chegou a ser ouvido pela Polícia Civil no caso de injúria racial envolvendo a torcedora Patrícia Moreira, flagrada por câmeras chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco" durante jogo na Arena.
Grêmio se manifesta sobre briga
Sobre o caso, o Grêmio se manifestou nesta segunda-feira (25) por nota oficial, confira:
"O Grêmio FBPA vem a público lamentar mais uma vez que episódios como o ocorrido ontem (domingo) durante o jogo Juventude e Grêmio, na saída do Estádio Alfredo Jaconi, envolvendo membros de torcidas organizadas, maculem o nome de nossa instituição, os princípios do futebol, e vão de encontro aos valores do Clube. O Grêmio baliza sua conduta de acordo com padrões éticos, sociais e morais, sobretudo no que diz respeito à preservação e segurança da vida humana.
Ao conselheiro Bruno Pisoni Garcia, nosso desejo de pronta recuperação.
O Grêmio aguardará o resultado da investigação e verificará providências, se for o caso, de condutas que infrinjam regulamentos do Clube."