O Grêmio obteve em 2018 o maior faturamento de sua história. O balanço fiscal apresentado pela direção ao Conselho Deliberativo registrou receita bruta de R$ 402 milhões, com crescimento de 16% em relação ao ano anterior. O clube teve superávit de R$ 54 milhões no período, valor 391% superior ao de 2017.
Somente com vendas de jogadores, a arrecadação foi de R$ 120 milhões. A negociação mais expressiva foi a do volante Arthur para o Barcelona, responsável em boa parte pelo alto desempenho financeiro tricolor.
Outras receitas que compõem o bolo de arrecadação são do quadro social, de R$ 74 milhões, de direitos de televisão, premiações mais altas em competições como Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão, e o faturamento com vendas nas lojas GrêmioMania.
O CEO do Grêmio, Carlos Amodeo, em entrevista a GZH, comenta que os números expressivos são resultado do processo de readequação financeira conduzido pelo presidente Romildo Bolzan e seu Conselho de Administração desde 2015.
— Eles tomaram uma decisão muito difícil naquele momento, em que o Grêmio vivia um período sem conquistas, no sentido de estabelecer um processo de reestruturação administrativa e financeira do clube. Abriram mão de atletas de peso e passaram a investir nas categorias de base — lembra Amodeo.
O executivo também destaca a obstinação da gestão Bolzan em reduzir a dívida bancária
do clube. Em 2017, os valores totais giravam na casa de R$ 80 milhões. Somente no ano passado, R$ 55 milhões foram abatidos deste montante.
Atualmente, os valores em aberto, com vencimento para o ano de 2020, são apenas de
R$ 9 milhões. Ou seja: em dois anos, o clube amortizou R$ 71 milhões em compromissos bancários. Como resultado, eliminou custos financeiros com juros, que eram desembolsados mês a mês aos bancos e que agora podem ser investidos no futebol e na infraestrutura.
— Naturalmente, usamos boa parte dos recursos oriundos do faturamento do ano na manutenção das operações cotidianas e no pagamento de obrigações de outras naturezas. Mas priorizamos o endividamento bancário, que é o mais oneroso e que historicamente cria dificuldades aos clubes — comentou o CEO.
Com o fôlego nas finanças, o Grêmio já planeja a ampliação do CT Hélio Dourado, em Eldorado do Sul, para o segundo semestre deste ano. Atualmente, o clube gasta entre
R$ 20 e 25 milhões anualmente com a manutenção de suas categorias de base.
— Já temos um projeto em tramitação interna para colocar em prática as obras de melhoria e qualificação da estrutura. A ideia é trazer para dentro do centro de treinamento a residência esportiva, o alojamento dos atletas. Acreditamos que o investimento nas categorias de base é o que vai assegurar nossa sustentabilidade de médio a longo prazo. Precisamos formar os atletas para que eles joguem no Grêmio e possam dar retorno desportivo ao clube — completa Amodeo.