A relação do Grêmio com estrangeiros é antiga. São inúmeros jogadores, de diferentes nacionalidades, que passaram pelo clube ao longo da história: de uruguaios, como Hugo De León (capitão nos títulos da Libertadores e Mundial de 1983) a paraguaios, como Rivarola e Arce (bicampeões da América, em 1995). A chegada de Montoya, no entanto, rompe um hiato sem anúncios de "gringos" que perdurava desde junho de 2017, quando o atacante equatoriano Arroyo foi contratado. Ainda assim, esta temporada está longe de ser a que o elenco teve mais atletas do Exterior. A situação poderia reforçar a fama do técnico Renato Portaluppi de não gostar de trabalhar com jogadores nascidos fora do Brasil.
— Se ele achar que vale a pena trazer um estrangeiro, é parceiro. Se o cara não é isso tudo e ainda é estrangeiro, aí é claro que ele veta — disse o vice de futebol tricolor, Duda Kroeff.
De fato, a fama não condiz com os números. Em 2017, Renato comandou o vestiário mais plural da história gremista. Somente na campanha da conquista da Libertadores, seis estrangeiros foram inscritos: os argentinos Kannemann e Gastón Fernández, o peruano Beto da Silva, os equatorianos Bolaños e Arroyo, além do paraguaio Lucas Barrios - isso sem contar o uruguaio Maxi Rodríguez e o sul-africano Ty, que atuaram por Gauchão e Primeira Liga. Ou seja, oito atletas. A curiosidade é que, no ano seguinte, houve um enxugamento. Na última temporada, Kannemann foi o único representante estrangeiro.
É verdade também que Portaluppi foi o último treinador gremista a ter um vestiário 100% nacional, em 2010. De lá para cá, o número de "gringos" só cresce. Aliás, o Grêmio foi um dos clubes que iniciou junto à CBF a discussão para aumentar o limite de estrangeiros por equipe em competições nacionais. Assim, em 2014, a entidade permitiu que cinco fossem usados no mesmo jogo — dois a mais do que anteriormente. Por isso, naquela temporada, o clube passou a contar com o chileno Matias Rodríguez, o paraguaio Riveros, o uruguaio Maxi Rodríguez e com os argentinos Alan Ruíz e Barcos.
Ou seja, o casamento dos "gringos" com o Grêmio não começa em Walter Montoya. E, provavelmente, não terminará com ele.
Confira quantos estrangeiros passaram pelo Grêmio ao longo da década:
2010: nenhum
2011 (2): Escudero e Miralles
2012 (3): Bertoglio, Miralles e Marcelo Moreno
*Obs.: Sorondo foi contratado e, lesionado, sequer estreou
2013 (6): Riveros, Maxi Rodríguez, Bertoglio, Barcos, Marcelo Moreno e Eduardo Vargas
2014: (5) Matias Rodríguez, Riveros, Maxi Rodríguez, Alan Ruíz e Barcos
2015: (7) Matías Rodríguez, Erazo, Cristian Rodríguez, Maxi Rodríguez, Barcos, Braian Rodríguez e Marcelo Moreno
*Obs.: Barcos e Moreno foram vendidos no início do ano
2016: (3) Kannemann, Bolaños e Ty
2017: (8) Kannemann, Gata Fernández, Maxi Rodríguez, Beto da Silva, Ty, Bolaños, Arroyo e Barrios
*Obs.: Maxi e Ty só jogaram Gauchão e Primeira Liga
2018: (1) Kannemann
2019: (2) Montoya e Kannemann