O primeiro Gre-Nal de 2019 está marcado somente para o dia 17 de março, mas, para um jogador em especial, o clássico já começou. Convidado do programa Cardápio do Zé, da Rádio Gaúcha, o capitão do Grêmio, Maicon, disse que não ficará de fora da partida de maneira nenhuma. No último duelo, pelo segundo turno do Brasileirão de 2018, vencido pelo Inter no Beira-Rio, o volante foi preservado pela comissão técnica.
— Eu falei para o Renato que queria jogar, mas ele disse que eu estava machucado. Neste ano, não vou correr esse risco. Já vou falar para o Renato: "Antes do Gre-Nal, não quero jogar, para não me machucar e poder atuar" — sentencia o experiente jogador de 33 anos.
A vontade de Maicon de se fazer presente no clássico tem explicação. O atleta não esquece o bate-boca público protagonizado por ele e Rodrigo Dourado após o último duelo entre os dois clubes rivais. Na ocasião, o capitão colorado indagou por que Maicon não havia jogado e, um dia depois, ouviu a resposta do dono da braçadeira gremista: "Quem é Dourado?".
— Ele foi infeliz no que ele falou e eu não posso ficar quieto. Vou sempre defender o meu lado, não importa com quem seja. Claro, tem que saber o momento para fazer. Eu joguei oito (Gre-Nais), ganhei três e perdi um. Então, acho que ele estava com a memória fraca. Uma coisa é falar antes do jogo. Depois que ganhou, é mole. Quando eles estavam ganhando, eles podiam zoar, pegar caixão do Grêmio. Agora que a gente ganha, não pode fazer? Pode, sim! Vamos fazer sempre — disse Maicon.
Dourado não foi o primeiro capitão do Inter peitado pelo camisa 8 tricolor. No Gauchão do ano passado, ele protagonizou com D'Alessandro um empurra-empurra quando os dois ainda sorteavam o lado do campo onde cada equipe iniciaria a partida.
— Naquele dia, o árbitro falou: "Vocês já sabem como eu apito, quero só que vocês joguem e me deixem apitar". Então, eu disse: "Eu vim aqui para jogar, mas, se tu deixar ele apitar, vou apitar também, vou tumultuar e ninguém vai jogar, porque ninguém vai me ganhar na marra". Ele não é mais homem do que eu, nem eu do que ele. Futebol tem que ser resolvido dentro de campo. O torcedor vai ao estádio para ver jogo bonito, e não um cara apitar o jogo todo e no final, aos 45, o árbitro dar um amarelo para ele. Não, na marra não vai ganhar — explicou o atleta gremista.
Durante o programa, José Alberto Andrade indagou Maicon sobre a possibilidade de esse tipo de comportamento acirrar os ânimos ou criar um clima bélico para o próximo confronto entre os dois times. O jogador, no entanto, descarta qualquer animosidade fora das quatro linhas.
— Não vai criar clima. Vamos entrar para ganhar. Mas as brincadeiras, as zoações, isso tem que existir porque existe entre amigos. Imagina se você vai brigar toda vez com teu companheiro porque o time dele ganhou? — ponderou o capitão gremista, que ainda relembrou as provocações do passado no futebol brasileiro. — Não desrespeitando a instituição do Internacional, mas a comemoração tem que ser feita. Senão, futebol não tem mais graça. A gente fala que tem saudade do Romário, Edmundo, Paulo Nunes porque o pau cantava e ninguém falava nada. Hoje tem muita bobeirinha. Ganhou, zoa e acabou. Quem perdeu, atura. Faz parte. Somos rivais, mas não somos inimigos — finalizou o capitão tricolor.