No dia 28 de dezembro de 2012, o Grêmio anunciava um "pacotão" de jogadores revelados pelo Juventude. Já se vão quase seis anos e, com a saída de Ramiro para o Corinthians, não sobrou mais nenhum dos atletas na Arena. As tratativas começaram quando a direção mostrou interesse na contratação do lateral-esquerdo Alex Telles, hoje no Porto, de Portugal. Ele foi o primeiro a desembarcar em Porto Alegre e, em um negócio casado, outros quatro acabaram vindo para, inicialmente, serem utilizados pelo time de transição: Ramiro, Bressan, Follmann e Paulinho.
— Dentro do esperado, deu certo. Trouxemos os cinco jogadores pelo valor de R$ 1,5 milhão, parcelados em cinco cheques, para o Juventude pagar a folha do Gauchão daquele ano. O Alex (Telles) veio antes, mas uma negociação dependeu outra. Na época, o Cacalo brincou no Sala de Redação que eu estava buscando os reforços de Kombi. São jogadores que tenho muito carinho por eles — afirma Marcos Chitolina, que era o coordenador das categorias de base do Grêmio naquela época e viabilizou o negócio.
Alex Telles
O lateral-esquerdo foi o primeiro a vingar. Desbancou o badalado André Santos, que havia sido indicado por Vanderlei Luxemburgo, e virou titular da equipe vice-campeã brasileira em 2013. Ao final da temporada, acabou vendido ao Galatasaray, da Turquia, por 6 milhões de euros. O Grêmio, detentor de 40% de seu passe, recebeu cerca de R$ 7,5 milhões à época. Após uma temporada pela Inter de Milão, o jogador hoje atua no futebol português.
Ramiro
Sem dúvidas, Ramiro foi o mais bem sucedido pelo Tricolor. Anunciado como lateral-direito, virou titular da equipe já no primeiro ano, após a saída de Luxemburgo. No tripé de volantes organizado por Renato Portaluppi, atuava ao lado de Souza e Riveros. Após uma grave lesão no joelho durante a pré-temporada de 2015, o Ramiro amargou um tempo no banco de reservas. Com o retorno de Renato à Porto Alegre, ganhou vida nova no clube e se transformou em titular nas conquistas da Copa do Brasil de 2016 e da Libertadores de 2017. Ao longo destas seis temporadas, fez 251 jogos, marcando 23 gols. A partir de 2019, vestirá a camisa do Corinthians.
— No primeiro treino do Renato, em 2013, ele me pediu um volante. Eu disse que tinha um menino do Juventude e, quando apontei quem era, ele olhou para mim e falou com aquela ironia: "Tu queres me dar esse petiço para jogar como volante?". No final das contas, ele se obrigou a botar o Ramiro, que nunca mais saiu do time. Tanto que, quando o Renato voltou, usou de novo — relata Chitolina.
Bressan
Dos quatro contratados, o zagueiro Bressan foi o segundo que mais atuou. Negociado recentemente com o Dallas FC, dos Estados Unidos, o jogador foi titular em sua primeira temporada, mas logo passou a viver uma relação de desconfiança com o torcedor gremista. Por isso, foi emprestado ao Flamengo, em 2014, e ao Peñarol, em 2016. Mesmo que tenha entrado para a história do clube de maneira positiva, atuando como titular na conquista do título da América, em 2017, contra o Lanús, viu seu ambiente ficar insustentável após o pênalti cometido contra o River Plate, quando também foi expulso, no jogo que eliminou o Tricolor da Libertadores deste ano. Ainda assim, disputou 155 partidas pelo Grêmio, tendo marcado 5 gols.
— Em 2014, nós vendemos uma porcentagem do Bressan e Ramiro ao empresário Giuliano Bertolucci, e aquilo rendeu R$ 30 milhões ao Grêmio. Foi um valor importante porque existiam despesas, salários atrasados, causas trabalhistas — recorda o ex-dirigente tricolor.
Follmann
O goleiro Follmann nunca conseguiu se firmar como titular pela equipe gremista. Aliás, foram apenas quatro jogos, sempre com o time reserva, pelos Gauchões de 2013 e 2014. Para pegar experiência, acabou emprestado à Linense, de São Paulo, e à URT, de Minas Gerais. As boas atuações chamaram a atenção da Chapecoense. Era reserva de Danilo, na bela campanha dos catarinenses pela Copa Sul-Americana de 2016. Apesar de ter sobrevivido ao acidente de avião que vitimou 71 pessoas na Colômbia (entre atletas, membros da comissão técnica e jornalistas), teve a perna direita amputada e, por isso, encerrou a carreira aos 24 anos de idade. Neste domingo (16), foi uma das atrações do Lance de Craque, de D'Alessandro, ao marcar um gol de pênalti.
Paulinho
Em um time de garotos, o atacante Paulinho marcou logo em sua estreia pelo Grêmio, na vitória de 2 a 0 sobre o Esportivo, em Bento Gonçalves, pelo Gauchão de 2013. Mas balançaria as redes somente mais uma vez: contra Náutico, pelo Brasileirão daquele ano. Defendeu o Tricolor em 17 oportunidades e depois foi emprestado até o final de seu contrato – para Fortaleza, Londrina, Coritiba e Cuiabá. Não conseguiu se firmar em nenhum lugar, tendo passado recentemente por Tubarão, Maringá e São José, de Porto Alegre. Vinculado ao Londrina, foi emprestado em uma parceria com o Grêmio Novorizontino para a disputa do Paulistão em 2019.
— Era um bom jogador. Começou muito bem, mas acabou se perdendo. Deixou subir para a cabeça. Uma pena — conclui Marcos Chitolina.